Passageiros contra a falta de barcos na ligação Seixal

Utentes dos barcos ameaçam com mais protestos

A supressão de barcos na ligação fluvial entre o Seixal e Lisboa, que se verificou esta terça-feira, deve repetir-se esta quarta-feira por falta de navios, afirmou a comissão de utentes, que prevê novos protestos. Membros da Comissão de Utentes dos Transportes do Seixal foram recebidos pela presidente da Transtejo/Soflusa, Marina Ferreira, depois dos constrangimentos ocorridos durante a manhã de ontem, que levou muitos passageiros a reclamarem junto à sede da empresa, no Cais do Sodré. A Transtejo não tem solução, porque não tem navios. "Os navios estão avariados, têm de ir para reparação. Supostamente houve dois barcos que avariaram e pelos vistos tiraram alguns navios da carreira de Cacilhas para reforçar a carreira do Seixal. Sem ovos não se conseguem fazer omeletes", disse, no final do encontro, António Freitas, da comissão de utentes. O CDS-PP Almada está preocupado com os incidentes com utentes da Transtejo e exije "mais e melhores transportes para os passageiros da margem sul". As perturbações devem manter-se esta quarta-feira. 
Utentes reclamam mais barcos e mais ligações 

"Estão à espera que um dos navios, que está na zona do Barreiro, seja reparado, porque meteu água e tinha outros problemas técnicos, e então estão à espera desse navio que possa chegar, ou não, ainda hoje", afirmou António Freitas.
Não há garantias”, disse, salientando que a administração está “a estudar a possibilidade de alugar um veículo a um armador que tenha disponível”.
Para António Freitas, a solução passa pela aquisição de barcos, porque os atuais “estão todos no limite”, os cacilheiros já têm “cerca de 50 anos” e os “catamarans já têm uma idade bastante avançada”.
O Governo vem anunciar que rapidamente vamos ter passes sociais que vão fazer uma oferta de mobilidade aos utentes com aquilo que tem à disposição: meios velhos, barcos velhos e sem solução. Se os barcos não servem as necessidades das pessoas que hoje os usam, irão no futuro suprir as necessidades daqueles que vão largar a ponte 25 de Abril ou Vasco da Gama para voltarem para os transportes?”, questionou.
Na sua página na rede social Facebook, a Câmara do Seixal “considera que não é aceitável que continuem a ser diariamente suprimidas carreiras, prejudicando as populações.
A autarquia “exige ao Governo que resolva com urgência os problemas nas ligações fluviais entre o Seixal e Lisboa, que se têm arrastado ao longo dos últimos anos”.
Em declarações à Lusa, o presidente da União de Freguesias do Seixal, Arrentela e Paio Pires,  alertou para o impacto negativo das sucessivas supressões de barcos na travessia do Tejo para a vida profissional da população do concelho, realçando que esta "é uma situação recorrente".
A supressão de barcos que fazem a travessia Seixal-Cais do Sodré, obrigou os passageiros a faltar ao trabalho, a consultas médicas e a exames na faculdade, segundo a comissão de utentes.
Dezenas de pessoas descontentes com a falta de navios invadiram terça de manhã, pela porta de desembarque, um barco da Transtejo que fazia a ligação Seixal-Lisboa e este foi impedido de sair pela Polícia Marítima por excesso de lotação.

Transtejo garante normalidade na quinta-feira 
Segundo a presidente da Transtejo/Soflusa, Marina Ferreira, a ligação fluvial Seixal-Lisboa foi reforçada com um barco desviado de Cacilhas, garantindo que as pessoas foram transportadas em segurança.
Neste momento, penalizando a ligação de Cacilhas, desviámos um navio para reforço, o que é muito penalizador para os passageiros de Cacilhas. Contudo, o que podemos garantir é que os passageiros estão a ser transportados em segurança e nenhum fica em terra”, disse à Lusa.
A responsável explicou que no domingo houve um problema com o catamarã que faz a ligação ao Seixal.
"Esta quarta-feira teremos dificuldades novamente, pois continuamos só com um navio em vez de dois. O navio está em reparação e só na quinta-feira é que o teremos disponível. Temos dificuldades de recursos humanos e não podemos pôr em causa a segurança das pessoas", concluiu.
Em Abril, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, anunciou no parlamento que iria ser lançado até ao final do verão um concurso para a aquisição de 10 novos navios para reforço da frota da Transtejo.
João Matos Fernandes referiu que a aquisição destes 10 novos navios, que deverão estar disponíveis até 2022, representa um investimento de 50 milhões de euros, dos quais 15 serão financiados com fundos comunitários.
O governante apresentou uma calendarização da aquisição destes navios, perspetivando quatro para 2020, três para 2021 e outros três em 2022.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.

Invasão ao barco das 8h30 
Os passageiros da Transtejo perderam a paciência e, esta terça-feira, invadiram o barco das 8h30 que iria fazer a ligação entre o Seixal e o Cais do Sodré, em Lisboa.
Com a ligação das 8h10 suprimida, ficou “muita gente à espera” no terminal do Seixal. “O barco seguinte ficou completamente lotado e as pessoas forçaram a entrada”, contou Horta Pinheiro, dirigente da comissão de utentes do Seixal.
“As pessoas tinham um horário para cumprir e ao não conseguirem entrar nos barcos tentaram forçar a entrada pela saída [do barco] e gerou-se a confusão”, relata. O excesso de passageiros a bordo levou a empresa a recusar-se a fazer a ligação e a embarcação só partiu uma hora depois do sucedido e após a intervenção da Polícia Marítima. 
A Transtejo chamou um outro barco para resolver temporariamente a situação. Contudo, Horta Pinheiro alerta que “o problema vai-se manter”.
“Não podemos continuar na situação de não temos barcos, é uma situação que se repete constantemente. As pessoas já estão em desespero, já não conseguem saber quando é que chegam aos seus empregos. Muitas começam a levar os carros particulares para a cidade”, conta o dirigente da comissão de utentes do Seixal.

CDS-PP Almada preocupado com os incidentes com utentes da Transtejo
A Concelhia do CDS-PP Almada manifestou "a mais profunda preocupação pelos incidentes registados" com utentes da Transtejo devido a supressão de barcos por parte da empresa.
"Devido há já conhecida falta de resposta e de meios adequados por parte da Transtejo, os utentes dos barcos em Cacilhas, segundo consta, ficaram prejudicados com a supressão de um dos navios que foi colmatar a falta de barcos no terminal do Seixal, onde só por sorte e com muita paciência por parte dos utentes, os incidentes não foram maiores", diz a concelhia do CDS-PP de Almada.
"Em Cacilhas, a multidão de utentes amontoava-se na estação enquanto um navio de transporte de passageiros ia em socorro do Seixal tentando minimizar os estragos", relatam os democratas-cristãos.
Para o CDS_PP, "os almadenses merecem mais respeito por parte de quem toma decisões, nomeadamente do poder político central que tem de obrigatoriamente de dar uma resposta com urgência e imediata para resolver este grave problema com o transporte fluvial".
"Os almadenses e os habitantes da margem sul não podem ser olhados como portugueses de segunda, pois o investimento num grande aglomerado de população em termos de transporte é cada vez mais deficiente prejudicando a mobilidade e as acessibilidades de quem quer ir estudar e trabalhar", conclui o comunicado do CDS-PP.

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