Movimento de contentores em queda acentuada em Setúbal

"Queremos que Setúbal seja um porto muito relevante"

Um dos administradores da Sadoport, dona de 60 por cento da Operestiva, disse que as empresas que escalam no porto de Setúbal não gostaram do conflito laboral que opôs patrões e sindicato, chegando a ponderar não utilizar mais a infraestrutura. "As evidências não se podem negar. O que está mal tem que ser corrigido, mas está mal de ambas as partes [...]. Uma das partes pôs em risco a própria indústria, não só a Autoeuropa, mas também a Navigator. As empresas não gostaram do que aconteceu aqui", disse Ignacio Rodríguez López, durante uma audiência parlamentar na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. O administrador da Sadoport vincou ainda que, "sem navios, não há emprego para ninguém", apelando para a honestidade no que se refere à atribuição de culpas.
Conflito afastou empresas de Setúbal 

"Não vai ser fácil voltar a construir isto tudo. Concordo perfeitamente com [a necessidade dos estivadores] terem um bom trabalho e condições dignas, mas agora onde estão os navios?", sublinhou o líder da Sadoport.
Em resposta aos deputados, Ignacio Rodríguez López notou também que é necessário "encontrar soluções reais para os problemas e não apenas para os pequenos detalhes".
Por sua vez, o gerente da Operestiva, empresa de trabalho portuário de Setúbal, explicou que existem três principais empresas que representam cerca de 70 por cento da carga da Sadoport e que ponderaram não voltar a trabalhar com o porto de Setúbal.
"Neste momento, temos dois que vão voltar e, se o terceiro não voltar, temos um problema em mãos", anunciou.
Diogo Marecos explicou as especificidades do trabalho portuário e abordou, com números a acompanhar, os custos que a que a imobilização de cada navio obriga: cerca de 16 mil euros por dia. "Os custos envolvidos são muito elevados", afirmou, lembrando que a escala de cada navio deve ser encarada com a maior celeridade possível – algo que é impossível a um porto enquanto lida com uma paralisação de trabalhadores.
"Se um navio chegar a uma sexta-feira com uma paralisação só vai ser operado na segunda-feira", explicou, citado pela Lusa, alertando que tais comportamentos são vistos como falhas graves de operacionalidade pelos armadores, que, face à persistência das situações, acabam por "deixar de escalar os portos. Na maior parte dos contratos colectivos, o Sábado e o Domingo são dias de descanso, [logo] é sempre entendido como trabalho suplementar", sublinhou o gerente.
Lembrando que o porto de Setúbal efectuou "um processo de grande evolução" nos últimos 15 anos, Diogo Marecos detalhou a situação da necessidade das bolsas de trabalhadores, devido à flutuação da procura. "Numa semana podemos ter necessidade de 80 trabalhadores, na semana seguinte podemos não precisar de ninguém e na outra só de três ou quatro", explicou no parlamento.
O Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) e os operadores portuários assinaram um acordo, no Ministério do Mar, que prevê a passagem imediata a efetivos de 56 trabalhadores precários (mais 10 a 37 numa segunda fase, com a assinatura do contrato coletivo de trabalho até ao final de fevereiro) e o levantamento de todas as formas de luta, incluindo a greve ao trabalho extraordinário no porto de Setúbal.
O acordo colocou termo a um conflito com os estivadores precários de Setúbal que recusavam apresentar-se ao trabalho desde o dia 05 de Novembro e garante também a prioridade na atribuição de trabalho aos atuais trabalhadores eventuais que não sejam integrados nos quadros dos operadores portuários, face a outros que ainda não estejam a laborar no porto de Setúbal.

Agência de Notícias com Lusa 

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