Santiago do Cacém acolhe Jornadas Arqueológicas

Alertar para o "estado de abandono" a que está votado o património arqueológico na costa sudoeste 

O concelho de Santiago do Cacém vai acolher, nos dias 26 e 27 de Outubro, as Jornadas Arqueológicas da Costa Sudoeste com conferências e visitas guiadas dedicadas ao património romano e com enfoque na educação. Promovidas pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal e Fórum Intermuseus do Distrito de Setúbal, as jornadas vão debater, com a comunidade educativa, o património arqueológico enquanto recurso pedagógico. "Se as pessoas não conhecem, não podem salvaguardar o seu património e, através deste recurso, podem entender mais facilmente a história e aumentar a sua capacidade em termos cognitivos e de aptidão escolar", explicou Joaquina Soares, diretora do  Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal. 
Jornadas realizam-se no fim de Outubro 


Durante dois dias, através de conferências, que vão reunir investigadores e especialistas de centros de investigação do distrito de Setúbal, os promotores do evento, que conta na organização com a Câmara de Santiago do Cacém, querem discutir "formas de explorar ainda mais os recursos" da região.
"Pretendemos mostrar aos agentes educativos que possuem recursos ótimos no seu concelho para um ensino experimental e que os podem mobilizar a favor da educação das novas gerações", acrescentou a diretora do  Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal.
No primeiro dia, as conferências irão versar as origens do povoamento na costa sudoeste, o aparecimento da agricultura e criação de gado, as cidades metalúrgicas, o povo fenício, Miróbriga e a colonização romana, a produção de salgas de peixe no Alentejo Litoral e a Tróia Romana.
As jornadas vão ainda servir de oportunidade para alertar para o "estado de abandono" a que está votado o património arqueológico na costa sudoeste e "motivar quem tem responsabilidade" na defesa do património.
"O património arqueológico que era gerido pelo extinto Gabinete da Área de Sines e pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, ao longo deste espantoso litoral, está na sua maior parte votado ao mais triste abandono", lamentou a diretora do Museu.
A responsável defendeu "mais ação" para "mobilizar esse património" em prol do "desenvolvimento regional" e, para tal, apelou à participação, neste encontro, dos agentes económicos e culturais, autarcas, estudiosos e população em geral.
O programa prevê, no segundo dia, visitas guiadas a sítios arqueológicos da pré-história e da época romana para demonstrar que existem monumentos que são "instrumentos fantásticos para o ensino da história" nos concelhos de Santiago do Cacém e Grândola.
"O sítio arqueológico de Miróbriga, em Santiago do Cacém, é uma biblioteca aberta que deve ser aproveitada pelos professores, porque pode ainda existir quem não pense que tem ali um património que pode ser explorado do ponto de vista da formação", exemplificou.
Os participantes serão também convidados a visitar as Ruínas Romanas de Troia, concelho de Grândola, "uma cidade virada para os recursos marítimos, um grande produtor de salgas e molhos de peixe que eram exportados para Roma" e outras cidades do império romano.
As Jornadas Arqueológicas integram ainda uma exposição sobre edição, produtos e oferta cultural dos museus da região, entre eles o Museu do Arroz, na Comporta, o Museu das Minas do Lousal (Grândola) e o Museu da Farinha, em São Domingos (Santiago do Cacém).

Agência de Notícias com Lusa

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