Obras põe em risco as praias e os golfinhos em Setúbal

Obras no Porto de Setúbal vão custar 24,5 milhões e terminam em Maio

As obras de alargamento do porto de Setúbal vão ficar concluídas em Maio de 2019, prevê o governo. As obras, que vão rondar os 24,5 milhões de euros - 14,8 milhões são verbas comunitárias -, estão a provocar polémica devido às dragagens. De acordo com as associações ambientalistas, que ponderam recorrer aos tribunais, as dragagens vão provocar o desaparecimento de praias e trazer riscos para o habitat do Sado. Lídia Sequeira, presidente do conselho de administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, garante que "o impacto será mínimo" na população de golfinhos do Sado. Já a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, diz que o objetivo é que Setúbal compita com outros portos portugueses e se torne um dos portos preferenciais das regiões espanholas da Estremadura e da Andaluzia.
Obras podem afastar golfinhos do Sado 


Numa cerimónia que decorreu esta quinta-feira, no Ministério do Mar, em Lisboa, a ministra Ana Paula Vitorino oficializou o contrato que vai permitir construir esta infraestrutura portuária, que terá um financiamento comunitário de cerca de 14,8 milhões de euros.
A intervenção irá incidir nos canais da Barra e Norte, alargando-os e permitindo, assim, o acesso ao Porto de Setúbal de "navios maiores e mais modernos", melhorando, igualmente, a navegabilidade e a segurança da navegação.
"Esta nova configuração do Porto de Setúbal vai permitir aumentar a segurança e eficiência do transporte e garantir a competitividade do tecido empresarial ao potenciar a captação de mais tráfego", explicou, durante a sua intervenção, a presidente do conselho de administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Lídia Sequeira.
A responsável ressalvou que esta intervenção teve em atenção os impactos no ecossistema do Sado, nomeadamente nos golfinhos roazes, assegurando que "o impacto será mínimo".
"Este é o período indicado para proceder a esta obra sem prejudicar o habitat das espécies do Sado", apontou a ministra.
Posição contrária tem a associação ambientalista Quercus  que está preocupada com os impactos ambientais. "A própria Declaração de Impacto Ambiental reconhece que o projeto pode criar uma dinâmica costeira complicada em praias como o Portinho da Arrábida e Galápos, já muito afetadas com a diminuição de areia", contou Nuno Sequeira, da Quercus. 
Também a população de 30 exemplares de golfinhos roazes-corvineiros que habita no Sado pode ser afetada. "A Declaração de Impacto Ambiental refere que o ruído subaquático produzido pelos trabalhos irá afetar as presas dos roazes e há o risco de presas e predadores se afastarem da área". Também "o aumento do movimento de navios pode fazer com que os golfinhos se vão embora", avisa João Branco, presidente da Quercus. 
Segundo a Declaração de Impacto Ambiental, a dragagem vai também deixar "os fundos e as pradarias marinhas completamente devastadas". A Quercus estranha que a discussão pública do projeto, que ocorreu o ano passado, tenha passado ao lado dos setubalenses.

Obra torna porto de Setúbal mais competitivo 
Por seu turno, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, destacou a importância desta obra, sublinhando que "mais do que o valor envolvido importa realçar os benefícios que terá para o sistema portuário e para a região".
"É uma obra que vai marcar a diferença. Vai aumentar a competitividade do Porto de Setúbal e tornar as cadeias logísticas mais competitivas e com menos custos", sublinha a titular pela pasta do Mar.
Segundo Ana Paula Vitorino, ao melhorar a oferta portuária do Porto de Setúbal, permitindo que ali atraquem navios de maior dimensão, será possível ambicionar competir com outros portos portugueses e torná-lo um dos portos preferenciais das regiões espanholas da Estremadura e da Andaluzia.
O governo perspetiva que esta obra irá permitir aumentar em 60 por cento a carga total do Porto de Setúbal e 181 por cento a carga contentorizada.
 Esta obra tem um prazo de execução de 180 dias.

Agência de Notícias

Comentários