Sesimbra fora da zona de influência do Hospital do Seixal

Autarcas acusam Governo de esquecer a população do concelho 

A Câmara de Sesimbra teve recentemente conhecimento da existência de uma proposta de adenda ao Acordo Estratégico de Colaboração entre o Estado Português e o município do Seixal para construção do Hospital do Seixal, cuja assinatura estará já agendada para esta sexta-feira, e prevê a exclusão do município de Sesimbra da área de influência direta desta unidade hospitalar. Trata-se de uma intenção, diz a Câmara de Sesimbra, "que contraria os compromissos assumidos desde o início deste processo, gorando as expectativas das populações e utentes dos serviços de saúde que, com a Câmara Municipal e órgãos autárquicos do concelho, participaram empenhadamente em todos os momentos negociais que contribuíram para que o equipamento esteja hoje tão perto de ser uma realidade". O município do Seixal, que ao longo dos anos trabalhou sempre em estreita parceria com Sesimbra, também contraria esta intenção. O Governo elimina ainda 10 das 23 valências que estavam previstas para o novo hospital no Acordo assinado em 2009.
População de Sesimbra sem acesso ao novo hospital 

A confirmar-se esta opção, a Câmara Municipal manifestará a sua total discordância, pois a mesma "prejudicará claramente os utentes do concelho, que continuarão a ter um serviço de urgência básica a mais de 30 quilómetros de casa (Hospital de São Bernardo, em Setúbal), com uma rede de transportes públicos altamente deficitária e bastante onerosa, e ainda um tempo de trajeto que pode representar um risco para a recuperação e preservação da saúde de doentes, quando passa a existir um hospital a menos de metade desta distância, tanto das freguesias de Santiago e do Castelo, como da Quinta do Conde", disse a Câmara de Sesimbra em comunicado à ADN-Agência de Notícias.
A estes argumentos, acrescenta-se o facto de Sesimbra "ser um destino turístico, que durante o período de verão vê a sua população aumentar, sem resposta ao nível de serviços de saúde, sobretudo no que respeita às urgências", refere o município liderado pelo comunista Francisco Jesus.
A autarquia está igualmente apreensiva em relação à redução de 10 das 23 valências que estavam previstas para o novo hospital no acordo de 2009, e que desaparecem na nova proposta.
Neste sentido, a Câmara de Sesimbra "já pediu uma audiência com caráter de urgência ao Ministro da Saúde, para um esclarecimento da situação e para reivindicar que o concelho de Sesimbra tenha um Serviço de Urgência Básica mais próximo do que aquele que existe atualmente", conclui o comunicado.

PCP promete luta se a situação não for revertida 
O PCP também já se manifestou e está contra à medida "imposta pelo governo do PS". Esta intenção merece por parte do PCP o maior repúdio, "tratando-se de um concelho com populações bastante afectadas pelo desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, existindo lacunas graves em todo o concelho no que toca ao direito à prestação de cuidados de saúde. Relembramos a falta de médicos e enfermeiros de família para dezenas de milhares de habitantes do concelho, os horários dos Centros de Saúde claramente insuficientes e a necessidade urgente da construção do novo Centro de Saúde da Quinta do Conde", dizem os comunistas em comunicado.
Por exemplo, entre as 20 e as oito da manhã não se encontra "qualquer serviço de saúde disponível na freguesia da Quinta do Conde, onde residem mais de 30 mil habitantes, que, a confirmar-se esta intenção do Governo, terão de continuar a deslocar-se ao Hospital de Setúbal, por si só já sobrelotado, sendo que o novo Hospital no Seixal ficará bastante mais próximo", sublinha o PCP.
A Câmara de Sesimbra demonstrou já o seu firme desacordo com esta proposta, bem como a Câmara do Seixal, tendo pedido de urgência uma reunião com o Ministro da Saúde. "Mediante a resposta do Ministério da Saúde estudar-se-ão as melhores formas de continuar a insistir, se necessário, até que esta situação se resolva", garante os comunistas.
A Assembleia Municipal de Sesimbra prevê também, já para a próxima reunião, a aprovação e envio ao Governo de uma tomada de posição que reivindique a inclusão do concelho de Sesimbra na área de influência do novo Hospital no Seixal.
O Executivo da Comissão Concelhia de Sesimbra do PCP "exorta todos os habitantes do concelho de Sesimbra a juntarem-se a quaisquer acções que se venham a desenvolver com vista à exigência da inclusão do concelho de Sesimbra na área de influência do novo Hospital no Seixal e da não eliminação das 10 valências anteriormente previstas".
As populações do concelho de Sesimbra "podem esperar do PCP a continuação de uma intervenção empenhada, dentro e fora das instituições, até que esta situação seja revertida", garante o comunicado comunista.

Agência de Notícias 

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