Novo terminal de Sines cria mil empregos e acaba com surf

Avança o novo terminal, acabam as ondas em São Torpes

O novo terminal do Porto de Sines, o Vasco da Gama, criará mil novos postos de trabalho, de acordo com o estudo de impacte ambiental. Do ponto de vista ambiental, o empreendimento é viável, mas terá um impacto negativo na praia de São Torpes, onde deverão acabar as ondas surfáveis. Para São Torpes, porém, o estudo propõe não só um programa de acompanhamento mas também medidas de compensação para as três escolas de surf que lá estão instaladas, que poderão ser indemnizações financeiras. Também seria possível, segundo o estudo, realizar avaliações para concluir “a eficácia da implementação de recifes artificiais ou outras intervenções que permitam aumentar o número de locais com condições para a prática de surf e outros desportos de ondas”.
Novo terminal acaba com as ondas na praia de São Torpes 

Um novo ciclo de conflitos voltou a abalar a comunidade de Sines. Quando não é a má qualidade do ar, por causa das refinarias de petróleo e central termoeléctrica, ou a descarga de efluentes contaminados na linha de costa que impossibilitam o consumo de peixe e mergulho nas águas do mar. Desta vez, o mal-estar da população é provocado pelas obras no porto de Sines que terão impacto na praia de S. Torpes. Mas a administração portuária não é obrigada a avaliar as consequências de obras na prática do surf.
Do ponto de vista ambiental, “o empreendimento é viável”, assegura o Estudo de Impacte Ambiental que esteve em discussão pública até ao dia 19 de Junho e que dá suporte ao projeto. No entanto, a sua construção terá um impacto negativo na praia de São Torpes. A barreira de pedra e betão irá destruir “a onda perfeita” que leva até a esta zona balnear um grande número de entusiastas desta prática desportiva ligada ao mar, sobretudo crianças e jovens.
É precisamente este último constrangimento que tem suscitado, desde 2015, os protestos das organizações ligadas ao surf, inconformadas com a destruição de um tipo de ondulação “que vale muito dinheiro”, realça Carlos Santos, dirigente da associação Sines Surf Clube.  
E que ondas são essas? “São mais pequenas, regulares e fortes que dão para trabalhar durante o Inverno, o que é excelente para o ensino e a aprendizagem de surf”, explica Flávio Jorge, proprietário da Escola de Surf do Litoral Alentejano.
A nova fase de construção do terminal Vasco da Gama acabará, “em definitivo, com o surf em São Torpes”, antecipa Carlos Santos, frisando que os surfistas assistem há mais de uma década “ao definhar de uma praia” que tem condições únicas por causa dos bons acessos, tipo de ondulação e temperatura de água para a prática do surf, actividade que tem um grande peso na economia local.

Novo terminal cria mil postos de trabalho 
O novo terminal Vasco da Gama, no porto de Sines, vai criar mil postos de trabalho. O Estudo e Impacte Ambiental considera o projeto viável, apesar de indicar alguns impactos negativos, como a perda de ondas surfáveis, na praia de São Torpes, a erosão da linha de costa, a perda de qualidade da paisagem e impactos visuais, avançou o Negócios esta sexta-feira.
O Estudo e Impacte Ambiental considera que o projeto é “viável do ponto de vista ambiental”, pois vai gerar “em contrabalanço, um conjunto muito importante de impactos positivos permanentes, diretos e indiretos, em especial no ordenamento do território e na socio-economia”. 
É o caso da criação de emprego e da dinamização da economia nacional. O documento propõe ainda um conjunto de medidas para atenuar os efeitos negativos que o projeto terá nas fases de construção e exploração.
No caso da degradação das condições de agitação do mar para a prática de surf em São Torpes, por exemplo, sugere que se melhorem as condições para a prática deste desporto nas praias de Sines. Além disso, propõe também a existência de um mecanismo de compensação para as três escolas de surf que existem naquela praia. 
A expansão do porto de Sines está em cima da mesa desde 2006. O concurso para o projeto do novo terminal avançará assim que a Agência Portuguesa do Ambiente emita a declaração de impacte ambiental. Estima-se que o custo da primeira fase se situe em 400 milhões de euros.
O Jornal de Negócios relembra que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou em março no Parlamento que o concurso para o projeto do novo terminal avançaria logo que a declaração de impacte ambiental fosse emitida.

Agência de Notícias

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