Mãe e tia suspeitas de matar recém-nascida em Corroios

As duas irmãs vão ficar em prisão preventiva na cadeia feminina de Tires

A mãe de 25 anos suspeita de ter esfaqueado a sua bebé recém-nascida logo após o parto ficou em prisão preventiva, o mesmo tendo sido decretado pelo Tribunal de Almada a uma irmã gémea, igualmente indiciada pelo crime. Tudo aconteceu na segunda-feira à noite num apartamento em Corroios, no Seixal. Depois de ter escondido a sua gravidez de toda a gente, a mulher – que tem ainda dois gémeos – terá morto a criança com grande violência, atingindo alguns dos seus órgãos vitais. No crime poderá ter participado a sua irmã, que vivia com ela. Já o pai dos gémeos encontrava-se ausente quando tudo aconteceu. Foram ele e esta irmã que ligaram para o Instituto Nacional de Emergência Médica. As duas mulheres vão ficar presas na cadeia feminina de Tires.
Crime ocorreu em Santa Marta do Pinhal, em Corroios 

A prisão preventiva foi decretada com base em indícios de homicídio qualificado - e não de infanticídio, que é um crime menos grave. O facto de a gravidez ter sido escondida durante os nove meses que durou poderá ter pesado nesse facto, uma vez que será sinal de premeditação. Quando praticado logo após o nascimento, o infanticídio é com frequência associado a perturbações pós-parto - o que não será o caso, de acordo com as autoridades. A progenitora terá sido a autora material do crime, enquanto a irmã a terá ajudado ou até instigado.
A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, que deteve ontem a mulher suspeita de ter esfaqueado mortalmente a filha recém-nascida na noite de segunda-feira em Santa Marta do Pinhal, Corroios, no Seixal, bem como a tia da bebé, confirma que as facadas na criança foram desferidas pela mãe.
Rafaela Cupertino, de 25 anos, mãe da bebé, estava hospitalizada no Hospital Garcia de Orta, em Almada, desde segunda-feira e teve alta hospitalar esta quarta-feira, tendo ficado logo detida.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a Polícia Judiciária de Setúbal confirma a detenção das duas irmãs gémeas e adianta que sobre elas recaem “fortes indícios da prática do crime de homicídio qualificado”.
A Polícia Judiciária refere ainda que os factos tiveram lugar cerca das 21h30 de segunda-feira na residência das duas mulheres detidas, quando, “na sequência do parto de uma menina, a progenitora, com a colaboração da irmã gémea, golpeou a recém-nascida com uma arma branca, provocando-lhe morte imediata”.
No crime de segunda-feira à noite, a Polícia Judiciária terá encontrado motivos para considerar que a morte ocorreu fora dos contornos de um crime de infanticídio e dentro das circunstâncias de homicídio qualificado,  [cuja pena pode chegar aos 25 anos] cometido pelas duas irmãs. Uma, alegadamente a mãe, terá morto a bebé com uma faca, e a outra, a tia, terá assistido, não sendo ainda claro o papel que teve na morte da bebé: a tia pode assim ser condenada como cúmplice e enfrentar a mesma pena que a mãe da bebé, ainda que atenuada.

PJ de Setúbal confirma que foi a mãe a desferir os golpes fatais 
Contactado pela agência Lusa, o diretor da Polícia Judiciária de Setúbal, Vítor Paiva, disse que os elementos recolhidos nas diligências já efetuadas permitiram concluir que as facadas que vitimaram a criança recém-nascida foram desferidas pela mãe.
Vítor Paiva acrescentou que da parte da irmã gémea da mãe da bebé, que acompanhou o parto desde o início, também houve “condutas relevantes em termos criminais”.
Essas condutas justificaram a sua detenção, mas o diretor escusou-se a adiantar mais pormenores.
Questionado sobre as motivações da presumível autora do crime, Vítor Paiva disse que há várias hipóteses a ser trabalhadas pela investigação, mas considerou que, face ao trabalho desenvolvido pela Polícia Judiciária nas últimas 48 horas, muito em breve poderá ser apresentado o relatório final sobre este caso.
As duas mulheres foram presentes a primeiro interrogatório judicial, no tribunal de Almada, para aplicação de eventuais medidas de coação. Ambas vão aguardar julgamento em prisão preventiva, na cadeia de Tires.
O crime ocorreu num prédio da avenida Vieira da Silva, em Santa Marta do Pinhal.
O alerta foi dado pouco depois da meia-noite, mas, de acordo com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Setúbal, quando os Bombeiros Voluntários da Amora chegaram ao local a criança já não apresentava sinais de vida, tendo o óbito sido confirmado no local por uma equipa de emergência médica.

Agência de Notícias

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