Litoral Alentejano em protesto por falta de médicos

Falta de médicos e enfermeiros retira camas e adia cirurgias em Santiago do Cacém 

A Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses convocaram uma concentração para esta sexta-feira em frente ao Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém. Segundo os promotores, o protesto visa exigir ao Governo medidas para colmatar as necessidades prementes de falta de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais na unidade hospitalar. Existe uma “grave situação de falta de profissionais de saúde na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que põe “em causa o normal funcionamento” deste serviço, alertam as comissões de utentes. Lembre-se que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou, na semana passada, terem sido encerradas camas e canceladas cirurgias por falta de enfermeiros no Hospital do Litoral Alentejano, criticando ainda o “despedimento” de profissionais contratados em regime de substituição.
Falta de profissionais de saúde preocupa população 

As comissões de utentes e o Sindicato dos enfermeiros dizem que “só no que diz respeito à falta de enfermeiros o próprio Conselho de Administração já tornou público que na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, [que engloba os centros de saúde de Sines, Grândola, Santiago do Cacém, Alcácer do Sal e Odemira, além do próprio hospital do Litoral Alentejano], faltam pelo menos 100 enfermeiros”
“É também notório a grave falta de médicos pediatras, urologistas, otorrinolaringologistas, ginecologistas, de medicina física e reabilitação, cardiologistas, de oncologia ou de medicina geral e familiar entre outros”, acrescentam.
Na semana passada o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou  terem sido encerradas camas e canceladas cirurgias por falta de enfermeiros no Hospital do Litoral Alentejano criticando ainda o “despedimento” de profissionais contratados em regime de substituição.
Face à agravada carência de enfermeiros, verificou-se o encerramento de camas e atividades em vários serviços/unidades” no hospital, em Santiago do Cacém, e “foram já canceladas cirurgias, consequência do encerramento de camas imprescindíveis para os utentes operados”, refere o sindicato.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que integra o hospital, Luís Matias, admitiu a necessidade de a “gestão de camas” ser feita “diariamente”, tendo em conta os recursos disponíveis, mas negou o cancelamento de cirurgias, reconhecendo apenas ter sido cancelado “um turno adicional no serviço de ortopedia”.

Contratos não renovados
A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Helena Neves, disse à agência Lusa que no serviço de “ortopedia encerraram quatro camas” e nos serviços de “urologia e de ginecologia foram alterados mapas operatórios”, alertando para o "agravamento da situação" com a saída prevista de seis enfermeiros até ao final de abril.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses confirmou o despedimento de, pelo menos, seis enfermeiros com contratos de substituição e com contratos ao abrigo da contingência da gripe, que já foram informados da não renovação dos seus contratos/despedimento”, apontou o sindicato.
Segundo o administrador da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, a situação não está relacionada com a saída já prevista dos profissionais contratados temporariamente em regime de substituição e para o plano de contingência da gripe, mas antes com a “subdotação de enfermeiros” no mapa de pessoal, que está esgotado, e também com um “absentismo acima da média”.
A autorização que tínhamos para estes enfermeiros caducou, estavam em substituição, e, no caso da gripe, temos três autorizados até 30 de Abril”, especificou, assegurando que a administração da unidade de saúde está “a trabalhar” para “a ampliação do mapa de pessoal”.
Afirmando que apenas podem ser substituídos enfermeiros com contrato individual de trabalho, em baixa durante mais de 30 dias ou em licença parental, o mesmo responsável indicou ainda terem sido recusados pela tutela os pedidos de substituição de três enfermeiros, estando a aguardar resposta a mais “cinco” e em preparação o pedido para “mais três”.

"Absentismo acima do esperado"
Sem os dados específicos da taxa de absentismo dos enfermeiros, Luís Matias apontou valores de “12 a 14 por cento” relativos a todo o universo de trabalhadores da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que conta com 943 funcionários, dos quais 344 são profissionais de enfermagem.
Há um absentismo acima daquilo que é esperado, com baixas médicas, situação que os conselhos de administração não podem, nem têm mecanismos legais para controlar”, argumentou.
Reconhecendo que “muitos cuidados [são] assegurados por horas extra”, o administrador admitiu dificuldades, revelando, a título de exemplo que, como aconteceu hoje, “num bloco operatório, de 31 enfermeiros”, estavam “24 para assegurar o serviço”, estando os restantes de baixa.
Em Fevereiro, Luís Matias defendeu, em declarações à Lusa, a necessidade de contratar mais 64 enfermeiros, número que estimava aumentar até ao final deste ano para 90, situação que, para resolver, argumentou, necessita da autorização da tutela para aumentar o mapa de pessoal.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses convocou, para esta sexta-feira, uma concentração junto ao Hospital do Litoral Alentejano para protestar “contra o encerramento de serviços, pela admissão de enfermeiros e pelo reforço dos cuidados de saúde prestados pela Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano”.
Esta unidade local de Saúde integra o Hospital do Litoral Alentejano e os centros de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e de Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira, no distrito de Beja, abrangendo uma população residente de cerca de 97 mil habitantes.
A concentração realiza-se na sexta-feira, às 17h30, em frente ao Hospital do Litoral Alentejano.

Agência de Notícias com Lusa

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