Maior mural de Vhils fica no Barreiro

Nova alameda abre cidade à zona industrial


O Barreiro inaugurou no domingo passado, a nova alameda que resultou da requalificação da histórica Rua da União e que se apresenta agora como uma artéria ampla, com espaços pedonais e de estar e uma vincada componente artística assente na maior obra já feita, até hoje, por Alexandre Farto, “AKA” Vhils. O artista plástico pintou um extenso mural, que cobre as fachadas dos edifícios do Bairro de Santa Bárbara, sobranceiro à nova alameda da Rua da União. Esta intervenção de requalificação, que implicou um investimento de 1,5 milhões de euros, provenientes dos resultados da exploração operacional da Baía do Tejo, estende-se por dois hectares e envolveu reperfilamento da rua, nova via, passeios e arruamentos totalmente remodelados, sendo que metade desta área é ocupada por zonas verdes. Segundo Jacinto Pereira, presidente do Conselho de Administração da Baía do Tejo, há vários factores que contribuem para que esta nova alameda seja “muito importante” para a cidade.
Este passa a ser o maior trabalho de arte urbana de Vhils 

Após as obras de requalificação, a nova alameda da Rua da União foi inaugurada e reaberta à população e à circulação de trânsito entre o Barreiro e Lavradio, a 25 de Março. O momento ficou assinalado com o descerramento de uma placa localizada no pórtico do parque empresarial Baía do Tejo, pelo presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa, e pelo presidente do Conselho de Administração da Baía do Tejo, Jacinto Pereira.
Frederico Rosa sublinhou a importância de "aproximar os territórios que estavam murados ao centro da cidade, ficando assim mais próximos dos barreirenses”. E, desta forma, os barreirenses e a cidade ganham uma nova “zona lindíssima”. Segundo o autarca este é o primeiro passo para aproximar esses territórios (como por exemplo os referentes ao património ferroviário) e colocá-los ao serviço dos barreirenses.
Frederico Rosa, sublinhou ainda que com a abertura da nova alameda o Barreiro “está a expandir-se para territórios que estavam inacessíveis às pessoas. Neste momento estamos a colocar a cidade mais próxima desta zona”.
“Um dia especial para a Baía do Tejo e para o Barreiro” foram as palavras de Jacinto Pereira. Esta obra significa um "abraço definitivo do parque empresarial ao Barreiro e aos barreirenses".
“Um dos pilares desta obra é criar condições de acesso ao parque, para todos os clientes e empresas que a ele precisem de ter acesso”, disse Jacinto Pereira na inauguração, acrescentando que neste momento “estão instaladas cerca de 200 empresas nesta zona industrial”.
Outro dos objectivos é criar novos espaços que permitam “vivenciar o território com qualidade”, tornar acessível a Casa Museu Alfredo da Silva e instalar novos equipamentos nesta área do concelho, ao mesmo tempo que se concretiza, em definitivo, a abertura do território das antigas fábricas à cidade.
“Pretendemos criar melhores condições para todos os barreirenses, para que todos possam usufruir na totalidade deste espaço”, salientou o presidente do Conselho de Administração da Baía do Tejo.
A requalificação ambiental e urbanística do Parque Empresarial faz parte da missão da Baía do Tejo, visando proporcionar “melhores condições de utilização do território aos clientes do Parque empresarial e à população do Barreiro”.

Homenagem ao passado industrial do Barreiro e às memórias dos barreirenses
Mural reflete a memória fabril da cidade do Barreiro 
Seguiu-se a inauguração da obra de Vhlis, um mural, de grandes dimensões, com cerca de 150 metros, localizado numa das entradas do Bairro de Santa Bárbara, no Barreiro. A obra reflete a visão do artista sobre o território da Baía do Tejo, a sua história e sua importância na identidade e memórias dos barreirenses.
“Além desta construção, é inaugurado aquilo que eu considero que venha a ser uma extraordinária sala de visitas, a partir de hoje, e que venha a ser um dos principais ícones do Barreiro, que é a obra do artista Vhils”, destacou Jacinto Pereira na cerimónia, justificando a ausência de Alexandre Farto, verdadeiro nome do artista, por se encontrar em Hong Kong, China.
De acordo com Jacinto Pereira, esta mais recente obra de Vhils faz parte da parceria que a empresa tem com o artista e insere-se no desenvolvimento do núcleo de industrias criativas que a Baía do Tejo procura consolidar nos seus parques empresariais e que conta já, além do estúdio de trabalho de Vhils, com o arquivo da associação cultural Ephemera, de Pacheco Pereira, e a editora musical Hey Pachuco.
As obras de requalificação geraram polémica, no ano passado, por envolveram a demolição do edifício do antigo posto médico da CUF, contestada por um grupo de cidadãos que defendia a sua preservação e classificação como Património Arquitectónico.
O prédio não integrou a lista de património da antiga CUF que está em vias de classificação pela Direcção Geral do Património Cultural e foi mesmo demolido.
A nova Alameda, refira-se, está agora ajardinada, passou a ter largos passeios para a circulação de peões, zonas verdes, com bancos, e um espaço próprio para pequenos espetáculos, enquadrado pelo mural do artista que cresceu no concelho vizinho, no Seixal. 
“A obra estende-se por cerca de 150 metros e visa interpretar e fazer sobressair as vivências do complexo industrial e o ADN fabril e empresarial que marca definitivamente este território”, referiu o administrador da Baía do Tejo, concluindo que se trata de uma intervenção que faz “a ponte entre a modernidade e a herança que há cerca de 100 anos marca presença na margem esquerda do Tejo”.
No mesmo dia foi reaberta a circulação de trânsito na Rua da CUF que faz ligação à Rua da União.
A CUF foi fundada em 1865 pelo empresário Alfredo da Silva, e no complexo industrial do Barreiro, que integrava diversas fábricas, de adubos, sabão, produtos químicos, rações, óleos e azeite, chegaram a trabalhar 11 mil pessoas. A empresa foi nacionalizada em 1975 e os antigos territórios são actualmente geridos pelo Estado através da Baía do Tejo.

Agência de Notícias
Fotos: Câmara do Barreiro 

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