Autarcas querem mais médicos no Litoral Alentejano

Falta de profissionais de saúde no Alentejo Litoral leva autarcas a reunir com ministro

Os presidentes dos cinco municípios do litoral alentejano alertaram esta quarta-feira o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, para a falta de médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes na Unidade Local de Saúde que serve esta zona do distrito de Setúbal. "Colocámos as nossas preocupações relativamente à falta de pessoal no Hospital do Litoral Alentejano, pois faltam pelo menos 22 enfermeiros, faltam médicos, assistentes operacionais e técnicos e algumas especialidades técnicas", disse à agência Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral, Vítor Proença, no final de uma reunião com o governante. Os deputados do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira e Sandra Cunha, prometem questionar o Governo na Assembleia da República sobre a falta de profissionais nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira. 
Autarcas querem mais profissionais de saúde na região 

Após uma reunião com os elementos do Conselho Executivo da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, o deputado Moisés Ferreira defendeu que “é urgente o Governo abrir os concursos de contratação de profissionais que se especializaram há poucos meses e autorize mexer no mapa de pessoal desta Unidade Local de Saúde para que seja possível contratar mais profissionais”.
O autarca apontou ainda como preocupante a "falta de viaturas para que os enfermeiros procedam ao apoio e tratamentos domiciliários" e "défices gritantes" de médicos de família nos cuidados primários nos concelhos de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, e de Odemira, no distrito de Beja.
"Da parte do ministro foi-nos dito que há um problema geral do país, um problema de carência na fixação de profissionais", acrescentou Vítor Proença (CDU), que preside também à Câmara de Alcácer do Sal.
O autarca disse que houve "um compromisso" assumido pelo ministro da Saúde de "preparar um plano para o verão", com "medidas excecionais", estando prevista, para isso, uma reunião com os presidentes das câmaras municipais de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, em Fevereiro.
"Assumiu connosco um compromisso de preparar um plano para o verão, deslocando-se aos cinco municípios e com uma reunião de trabalho com a CIMAL, comigo e com os meus colegas, e, até lá, tentar encontrar-se algumas soluções para atenuar as situações que atualmente se estão a viver", explicou Vítor Proença.
Além disso, acrescentou o autarca, o ministro da Saúde terá também manifestado "a intenção de o Governo legislar relativamente à recriação da figura dos médicos à periferia a partir ainda de 2018" e se comprometido a "encontrar pelo menos dez viaturas para a Unidade Local de Saúde e para os centros e extensões de saúde" do litoral alentejano.
No encontro, que decorreu esta semana em Lisboa, participaram também a secretária de Estado da Saúde, Rosa Zorrinho, e os presidentes dos municípios de Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira.

BE atento aos problemas de saúde da região 
Os deputados do Bloco de Esquerda (BE) Moisés Ferreira e Sandra Cunha criticaram hoje a falta de profissionais na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, defendendo que o Governo deve autorizar a contratação de mais recursos humanos.
"O principal problema com que se depara este Hospital [do Litoral Alentejano] e a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano são os recursos humanos, pois precisam de mais profissionais, precisam de cerca de 62 enfermeiros, de mais médicos de especialidade e pelo menos mais seis a sete médicos de medicina geral e familiar", disse Moisés Ferreira à agência Lusa.
O deputado, que falava após uma visita ao Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, criticou o Governo por não "autorizar a contratação de profissionais, nem em "regime de substituição" dos profissionais em "baixa médica ou licença de parentalidade".
"Há falta de profissionais na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, há falta de profissionais no hospital de Santiago do Cacém, é preciso que o Governo, de uma vez por todas, abra os concursos de contratação de profissionais que se especializaram há pouco tempo, alguns já com nove meses de atraso", defendeu Moisés Ferreira.
A redução, no ano passado, do número de vagas na Unidade de Convalescença existente no hospital de 25 para 12 camas é um reflexo da falta de recursos humanos, exemplificou o membro do grupo parlamentar do BE.
"Não estão a ser contratados mais profissionais porque o Governo não está a autorizar, foi exatamente por causa disso que houve a redução de camas da Unidade de Convalescença de 25 para 12 e foi por causa disso que o Serviço de Paliativos foi mudado de local também, para haver uma rentabilização dos recursos humanos e porque faltam profissionais", afirmou.
Reconhecendo a "maior dificuldade de fixação de profissionais" na zona do litoral alentejano, o deputado defendeu que a "abertura rápida de concursos" poderia contribuir para fixar profissionais "que acabam a sua formação específica" e fazem o "internato médico" no Hospital do Litoral Alentejano e dessa forma poderiam "integrar logo a carreira médica no local".

Unidade precisa de viaturas para cuidados ao domicílio
BE está preocupado com falta de enfermeiros no Litoral Alentejano 
Além da contratação de mais profissionais, o BE defendeu hoje a "aquisição de viaturas para cuidados no domicílio", indicando serem necessárias "cerca de dez" para garantir o serviço na área abrangida pela Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que inclui os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e de Odemira, no distrito de Beja.
"Há cuidados de saúde no domicílio que não estão a ser feitos porque não há viaturas para os profissionais se deslocarem, ora isto é muito preocupante, principalmente tendo em conta que o Governo se comprometeu com o BE há mais de um ano a resolver este constrangimento e nada fez sobre isso", criticou.
No caso concreto do litoral alentejano, a situação é mesmo descrita como "irracional" pelo deputado, que afirmou serem autorizadas "despesas com um táxi para fazer os cuidados domiciliários", sendo que no "final do ano" percebe-se "que se gastou dezenas de milhares de euros em serviços de táxi", que poderiam ser utilizados para adquirir viaturas.
As preocupações relativas ao litoral alentejano replicam-se no resto dos concelhos do distrito de Setúbal, segundo a deputada bloquista Sandra Cunha, que também acompanhou a visita.
"As queixas vão-se acumulando aqui em Santiago do Cacém, mas também nos outros concelhos do distrito de Setúbal e referem-se basicamente a isto, não temos falta de profissionais capazes, não temos falta de conhecimento, não temos falta de tecnologia, temos falta principalmente de recursos financeiros", apontou.
Sobre estas e outras questões relacionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o BE tem agendadas para a próxima semana iniciativas no parlamento que os deputados consideram poder dar resposta a este tipo de situação, como a "abertura imediata de concursos para contratação de médicos especialistas".
Os deputados do BE Moisés Ferreira e Sandra Cunha, visitaram o Hospital do Litoral Alentejano para "conhecer a realidade" daquela unidade hospitalar, como as suas "capacidades e dificuldades", com o objetivo de perceber que "propostas poderão ser equacionadas para a melhoria das condições de vida das populações".
A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que integra o Hospital de Santiago do Cacém e os centros de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e de Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira, no distrito de Beja, abrange uma população residente de cerca de 97 mil habitantes.

Agência de Notícias com Lusa

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