Abaixo-assinado aumenta tensão na Autoeuropa

Último plenário terminou com trabalhadores a recolherem assinaturas para destituir Comissão

Um grupo de 200 a 300 trabalhadores da Autoeuropa escreveu um abaixo-assinado a exigir a “destituição da Comissão de Trabalhadores eleita”, avançou esta quarta-feira o Diário de Notícias. Na origem da iniciativa está a falta de resultados nas negociações com a administração da fábrica de Palmela sobre os novos horários e a produção do modelo T-Roc. O documento foi posto a circular na passada semana, dia de plenário. A Comissão de Trabalhadores, liderada por Fernando Gonçalves, afirma que não tem conhecimento do documento. No entanto, dois elementos da atual comissão já apresentaram a demissão.  A Comissão de Trabalhadores foi eleita em Outubro. A anterior demitiu-se depois de ter sido chumbado em plenário o acordo com a administração da Autoeuropa para o trabalho aos sábados. O ministro do Trabalho disse que “todos devem contribuir para não ampliar de forma artificial o conflito” laboral na Autoeuropa, acreditando que a situação vai ser ultrapassada entre os trabalhadores e a administração. 
Continua o impasse na maior fábrica de automóveis do país 

Há um abaixo-assinado a circular na Autoeuropa para destituir a comissão de trabalhadores, segundo apurou a TVI. Numa altura em que já há demissões na Comissão, um sinal de que a situação não dá sinais de melhorar ou se resolver.
No comunicado da comissão, datado desta segumda-feira, pode ler-se que "Armando Lacerda e Henrique Batista, membros da Comissão de Trabalhadores, apresentaram as suas demissões".
Em causa estará a ineficácia da Comissão, liderada por Fernando Gonçalves, para encontrar um ponto de equilíbrio entre as reivindicações dos trabalhadores, a posição da administração e ao mesmo tempo garantir as encomendas do novo modelo T-Roc.
No comunicado pode ler-se que "prevalece um profundo descontentamento no seio dos trabalhadores pela situação atual vivida na empresa e da qual não se pode desresponsabilizar a administração pela imposição que, lamentavelmente, decidiu aplicar".
Em Dezembro, um documento exigia a demissão da atual Comissão de Trabalhadores, mas acabou por ficar na gaveta. 
O processo foi desencadeado depois de um elemento da Comissão de Trabalhadores ter avançado com uma queixa, que já originou a abertura de um processo disciplinar com vista ao despedimento por justa causa, após ser confrontado por um funcionário descontente.
A negociação dos novos turnos e o pagamento dos prémios de produção são outros exemplos da insatisfação dos trabalhadores.
Para a administração da Autoeuropa, a Comissão de Trabalhadores é o único parceiro admitido para negociar as questões laborais.
O braço-de-ferro entre os trabalhadores e a administração dura há mais de seis meses.
Os trabalhadores da Autoeuropa começaram no passado sábado a cumprir um novo horário transitório que prevê a obrigatoriedade do trabalho ao sábado e que foi imposto administrativamente pela administração.

UGT compreende a existência do abaixo-assinado
Faltam acertar os pormenores que vão levar ao caderno reivindicativo de 2018, onde se exige um aumento salarial de 6,5 por cento, com um mínimo de 50 euros, com efeitos retroativos a 2017.
Trabalhadores não se sentem representados
Sérgio Monte, secretário executivo da UGT, afirmou à Antena 1 que compreende a existência do abaixo-assinado, frisa que os trabalhadores não se sentem representados pela atual Comissão de Trabalhadores e defende que haja paz social na fábrica de Palmela.
“Nós estamos preocupados com a situação em geral. É necessário que a Autoeuropa consiga clarificar aquilo que vai fazer e o acordo, para que haja paz social na empresa”, afirmou o sindicalista.
Sérgio Monte defende que a atual Comissão de Trabalhadores “deveria ter tirado às ilações do que foi apresentado aos trabalhadores. O acordo que era pior que aquilo que já tinha sido chumbado e apresentado pela Comissão de Trabalhadores anterior”.
“Por isso os trabalhadores estão efetivamente a reagir e estão-se a organizar, com esse abaixo-assinado. E é legítimo que os trabalhadores tenham razões de não se sentirem melhor defendidos por esta Comissão do que pela anterior”, rematou.
Na fábrica de Palmela trabalham 5.700 trabalhadores. Para a realização de um novo plenário são necessárias as assinaturas de 100.

Ministro diz que "todos devem contribuir para não ampliar conflito" 
O ministro do Trabalho disse ontem que “todos devem contribuir para não ampliar de forma artificial o conflito” laboral na Autoeuropa, acreditando que a situação vai ser ultrapassada entre os trabalhadores e a administração da fábrica da Volkswagen.
“Ninguém tem o direito de contestar aquilo que são os direitos dos trabalhadores e a sua legitimidade para negociar, mas julgo que todos devem contribuir para não ampliar de forma artificial um conflito que é um conflito interno” da empresa, disse Vieira da Silva, à saída da Concertação Social.
O governante sublinhou que “todos os sinais” vão no sentido de que o conflito seja resolvido “dentro da Autoeuropa” e recusou que esteja a haver uma “convulsão” na fábrica de Palmela.
“Não tenho nenhuma indicação concreta de dentro da Autoeuropa que estejamos próximos de uma convulsão”, afirmou o ministro, acrescentando que está a ser feito um caminho para “criar todas as condições necessárias para que, no respeito pelo bem-estar dos trabalhadores e dos seus direitos, a empresa atinja os objetivos que tem”.
Vieira da Silva adiantou que “está a correr no âmbito daquilo que é o modelo que tem permitido à Autoeuropa viver em paz social”.

Agência de Notícias 

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