Trabalhadores da Autoeuropa temem degradação da paz social
A par da preocupação com os novos horários de trabalho e com as exigências de produção para o novo veículo T-Roc na fábrica de automóveis da Volkswagen, em Palmela, os trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa, onde estão instaladas 19 empresas com um total de cerca de 3.000 trabalhadores (que se juntam aos cerca de 5000 trabalhadores da própria Autoeuropa), também estão preocupados com a eventual perda de influência da Comissão de Trabalhadores da empresa do grupo Volkswagen.
"Esperamos que haja alguma estabilidade e paz social, porque estamos num momento de crescimento do parque industrial e da Autoeuropa. Nunca tivemos os volumes de produção que já estamos a ter no dia de hoje - e isso é mais emprego, e obviamente mais rendimento para os trabalhadores. É desse rendimento que os trabalhadores também estão à procura através deste conflito que criaram dentro da Autoeuropa. Mas o que nos preocupa é que a organização dos trabalhadores está a deteriorar-se, começa a haver um pouco de anarquismo entre os trabalhadores da Autoeuropa. Preocupa-nos que esta organização fique fragilizada deste modo", acrescentou.
Autarquia preocupada com o futuro da fábrica
Governo também acredita em acordo na Autoeuropa
O ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, confia num novo acordo entre os trabalhadores e a administração da Autoeuropa, fábrica do grupo Volkswagen, com base nos dados que tem e na “experiência do passado”.
“Com os dados que tenho e com a experiência do passado acho que vai acabar por acontecer um novo acordo entre os trabalhadores e a administração” da fábrica localizada em Palmela, referiu o governante, em entrevista à Antena 1.
Vieira da Silva afirmou perceber as razões de ambos, comentando que um aumento na produção de “800 carros num dia é uma mudança de escala com impacto não apenas na Autoeuropa, mas também no ecossistema” em redor da fábrica.
Com o aumento de escala, devido à produção do modelo da Volkswagen T-Roc, a fábrica já contratou mais dois mil trabalhadores e “há mais umas centenas previstos para a escala de produção”, disse.
“Ora, se se tornar impossível responder a esta escala, a empresa continuará a ser muito importante, mas não se posicionará para o futuro com a mesma robustez que poderia fazer”, acrescentou Vieira da Silva.
Depois da rejeição de dois pré-acordos sobre os novos horários negociados previamente com os representantes dos trabalhadores, a administração da Autoeuropa anunciou a imposição de um novo horário transitório, para vigorar no primeiro semestre de 2018, e a intenção de dialogar com a Comissão de Trabalhadores no que respeita ao horário de laboração contínua, que deverá ser implementado em Agosto, depois do período de férias.
O novo horário transitório, que entra em vigor nos últimos dias deste mês, com 17 turnos semanais, prevê o pagamento dos sábados a 100 por cento, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, acrescidos de mais 25 por cento, caso sejam cumpridos os objetivos de produção trimestrais.
Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram em Dezembro uma proposta para uma greve de dois dias, em 2 e 3 Fevereiro.
A Comissão de Trabalhadores e a administração têm uma reunião sobre os novos horários marcada para terça-feira.
Trabalhadores das empresas fornecedoras da Autoeuropa querem evitar conflitos sobre horários de trabalho, mas receiam uma degradação da paz social face ao início do trabalho aos sábados na Autoeuropa em fevereiro, admitiu esta quinta-feira o representante das comissões de trabalhadores. "Há empresas do parque industrial que estão a sentir os trabalhadores a pressionarem porque não querem ter o mesmo conflito que está a existir na Autoeuropa, querem que as coisas se resolvam rapidamente", disse à agência Lusa o coordenador das Comissões de Trabalhadores do Parque industrial da Autoeuropa, Daniel Bernardino. O presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, disse acreditar, no entanto, que a administração e os trabalhadores da Autoeuropa vão acabar por chegar a um acordo e mantém um discurso otimista em relação ao futuro. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, diz que os dados em mãos e a "experiência do passado" o fazem estar confiante de que haverá acordo entre trabalhadores e empresa. Em causa estão novos horários.
No mês de Fevereiro "vamos começar já a ter os sábados em produção, como estava anunciado Autoeuropa, e temos que nos organizar até lá. Falta muito pouco tempo. No parque industrial ainda estamos com alguma estabilidade, em termos de diálogo social, mas acreditamos que este mês esse diálogo social pode começar a ficar fragilizado", disse, lembrando a necessidade de as empresas fornecedoras da Autoeuropa também se prepararem devidamente para dar resposta aos planos de produção apresentados pela Autoeuropa.A luta dos trabalhadores na Autoeuropa preocupa outras fábricas |
"Esperamos que haja alguma estabilidade e paz social, porque estamos num momento de crescimento do parque industrial e da Autoeuropa. Nunca tivemos os volumes de produção que já estamos a ter no dia de hoje - e isso é mais emprego, e obviamente mais rendimento para os trabalhadores. É desse rendimento que os trabalhadores também estão à procura através deste conflito que criaram dentro da Autoeuropa. Mas o que nos preocupa é que a organização dos trabalhadores está a deteriorar-se, começa a haver um pouco de anarquismo entre os trabalhadores da Autoeuropa. Preocupa-nos que esta organização fique fragilizada deste modo", acrescentou.
Autarquia preocupada com o futuro da fábrica
O diferendo na Autoeuropa não preocupa apenas as empresas fornecedoras e trabalhadores do parque industrial, mas também os municípios da região de Setúbal e, particularmente, o concelho de Palmela.
O presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, disse acreditar, no entanto, que a administração e os trabalhadores da Autoeuropa vão acabar por chegar a um acordo e mantém um discurso otimista em relação ao futuro.
"Naturalmente que o município acompanha o assunto com muita atenção, mas não temos propriamente uma visão alarmista. Consideramos que o conflito entre a administração e os trabalhadores faz parte de uma relação normal no âmbito da defesa das posições de cada uma das partes, mas, sobretudo, no âmbito da negociação", disse Álvaro Amaro, eleito pela CDU, reafirmando a convicção de que ainda há margem para um acordo entre as partes.
Álvaro Amaro considerou que a eventual deslocalização da produção da Autoeuropa é uma questão que não se coloca neste momento, mas reconheceu que, a concretizar-se, seria um cenário muito grave para as empresas fornecedoras, para a região de Setúbal e para o país.
"Seria uma catástrofe para a região, até porque os números do desemprego têm baixado, não só por atividades ligadas aos serviços e ao turismo, mas, em grande parte, pela qualificação que é feita também aqui na região pela ATEC (Academia de Formação, instalada junto ao parque incurial da Autoeuropa com vários cursos profissionais direcionadas para o sector automóvel) e pela empregabilidade permitida pela Autoeuropa, que não se cinge ao concelho e que tem aqui uma dimensão e uma influência regional muito considerável", concluiu o presidente da Câmara de Palmela.
O presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, disse acreditar, no entanto, que a administração e os trabalhadores da Autoeuropa vão acabar por chegar a um acordo e mantém um discurso otimista em relação ao futuro.
"Naturalmente que o município acompanha o assunto com muita atenção, mas não temos propriamente uma visão alarmista. Consideramos que o conflito entre a administração e os trabalhadores faz parte de uma relação normal no âmbito da defesa das posições de cada uma das partes, mas, sobretudo, no âmbito da negociação", disse Álvaro Amaro, eleito pela CDU, reafirmando a convicção de que ainda há margem para um acordo entre as partes.
Álvaro Amaro considerou que a eventual deslocalização da produção da Autoeuropa é uma questão que não se coloca neste momento, mas reconheceu que, a concretizar-se, seria um cenário muito grave para as empresas fornecedoras, para a região de Setúbal e para o país.
"Seria uma catástrofe para a região, até porque os números do desemprego têm baixado, não só por atividades ligadas aos serviços e ao turismo, mas, em grande parte, pela qualificação que é feita também aqui na região pela ATEC (Academia de Formação, instalada junto ao parque incurial da Autoeuropa com vários cursos profissionais direcionadas para o sector automóvel) e pela empregabilidade permitida pela Autoeuropa, que não se cinge ao concelho e que tem aqui uma dimensão e uma influência regional muito considerável", concluiu o presidente da Câmara de Palmela.
Governo também acredita em acordo na Autoeuropa
Todos esperam um acordo entre administração e funcionários |
“Com os dados que tenho e com a experiência do passado acho que vai acabar por acontecer um novo acordo entre os trabalhadores e a administração” da fábrica localizada em Palmela, referiu o governante, em entrevista à Antena 1.
Vieira da Silva afirmou perceber as razões de ambos, comentando que um aumento na produção de “800 carros num dia é uma mudança de escala com impacto não apenas na Autoeuropa, mas também no ecossistema” em redor da fábrica.
Com o aumento de escala, devido à produção do modelo da Volkswagen T-Roc, a fábrica já contratou mais dois mil trabalhadores e “há mais umas centenas previstos para a escala de produção”, disse.
“Ora, se se tornar impossível responder a esta escala, a empresa continuará a ser muito importante, mas não se posicionará para o futuro com a mesma robustez que poderia fazer”, acrescentou Vieira da Silva.
Depois da rejeição de dois pré-acordos sobre os novos horários negociados previamente com os representantes dos trabalhadores, a administração da Autoeuropa anunciou a imposição de um novo horário transitório, para vigorar no primeiro semestre de 2018, e a intenção de dialogar com a Comissão de Trabalhadores no que respeita ao horário de laboração contínua, que deverá ser implementado em Agosto, depois do período de férias.
O novo horário transitório, que entra em vigor nos últimos dias deste mês, com 17 turnos semanais, prevê o pagamento dos sábados a 100 por cento, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, acrescidos de mais 25 por cento, caso sejam cumpridos os objetivos de produção trimestrais.
Os trabalhadores da Autoeuropa aprovaram em Dezembro uma proposta para uma greve de dois dias, em 2 e 3 Fevereiro.
A Comissão de Trabalhadores e a administração têm uma reunião sobre os novos horários marcada para terça-feira.
Autoeuropa? “É uma derrota para os portugueses se não se resolver”
A SIVA, grupo que comercializa as marcas do Grupo VW em Portugal, não está preocupada com a falta de T-Roc para vender em resultado do diferendo laboral na fábrica de Palmela. Mas pede entendimento.
A Autoeuropa tem sido palco de um diferendo laboral que ameaça a produção do novo modelo da Volkswagen, o T-Roc. É grande a aposta da marca germânica neste SUV, mas a falta de entendimento entre trabalhadores e administração coloca em risco as ambições da empresa, mas também as da SIVA, em Portugal. É preciso “entendimento”, diz Pedro de Almeida. Caso contrário, é uma “derrota para o país”.
Na apresentação dos resultados das marcas comercializadas pela SIVA em Portugal, o administrador executivo da empresa portuguesa comentou o diferendo, afirmando que se a VW perceber que a fábrica de Palmela não produz as unidades esperadas, terá outras alternativas. Mas, nota, não acredita que isso aconteça. Ou seja, que não haverá uma deslocalização da produção.
“Não entendo que não se chegue a um entendimento… Tem de se resolver”, afirmou o homem-forte da SIVA, salientando a relevância de uma fábrica como a de Palmela para Portugal, nomeadamente no que respeita ao impacto no PIB, mas também no emprego. É neste sentido que Pedro de Almeida diz que se não se conseguir chegar a um entendimento, então será “uma derrota para os portugueses”.
Agência de Notícias
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