GNR apreende 900 quilos de amêijoa em Alcochete

Apanha de amêijoa no estuário do Tejo vai ser regulada

A GNR apreendeu cerca de 900 quilos de ameijoa japónica, avaliada em cerca de seis mil euros, numa operação efetuada na zona do Samouco, concelho de Alcochete.  "No âmbito de uma fiscalização, os militares da GNR detetaram um indivíduo que estava a efetuar o transporte de bivalves, sem se fazer acompanhar dos documentos de registo obrigatório para a sua apanha e transporte", refere a GNR em comunicado. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, assinou no final de Junho, um protocolo que prevê a criação no Barreiro de uma infra-estrutura para depósito, transformação e valorização de bivalves capturados nos concelhos do Barreiro, Seixal, Almada, Moita, Montijo e Alcochete. 
900 quilos de amêijoa voltaram ao Rio Tejo 


A operação foi efetuada pela Unidade de Controlo Costeiro, através do Subdestacamento Controlo Costeiro da Fonte da Telha.
"Impediu-se a entrada dos bivalves no circuito comercial por os mesmos não terem sido sujeitos a uma inspeção higiossanitária, o que poderá constituir um risco para a saúde pública", acrescenta o documento.
O suspeito foi identificado e elaborado o respetivo auto de contraordenação, com os bivalves a serem devolvidos ao seu habitat natural.
Mal a maré desce – seja de tarde ou manhã – junto à zona de praia do Samouco, no concelho de Alcochete, os carros chegam quase até à rotunda. E a rotunda está longe. Os estacionamentos estão cheios, mas a praia tem poucos banhistas na areia. Para perceber onde se enfiaram as centenas de pessoas que ‘largaram’ os carros à torreira do sol é preciso estar disposto a passar um canal onde a água chega quase à cintura e andar a pé uns largos metros. Ao fundo, para a esquerda e para a direita da ponte Vasco da Gama – onde o trânsito passa indiferente ao cenário por debaixo, estão os apanhadores da amêijoa.
Chegam em grupos ou sozinhos; nas mãos carregam pás e baldes, garrafões e sacos vazios, latas de tinta sem tinta; às costas levam mochilas, grandes. São homens, mulheres e meninos ainda. Todos há procura do mesmo.
"Engenheiros, advogados, todas as profissões, até pessoas que viviam bem até há pouco tempo. Já vêm também romenos, ucranianos e até chineses, agora que a crise deu à costa é um arco-íris de nacionalidades a apanhar bivalves", garante um mariscador.

Vai ser construído um depósito de transformação de bivalves no Barreiro 
Governo vai regular apanha de amêijoa no Barreiro 
A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, assinou no final de Junho, um protocolo que prevê a criação no Barreiro de uma infra-estrutura para depósito, transformação e valorização de bivalves capturados nos concelhos do Barreiro, Seixal, Almada, Moita, Montijo e Alcochete.
O protocolo foi assinado entre a Câmara do Barreiro, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a Administração do Porto de Lisboa e a Docapesca – Portos e Lotas.
“Devido ao teor bacteriológico das águas do estuário do Tejo, os bivalves capturados só podem ser consumidos após cozedura ou transposição prolongada. Assim, o protocolo prevê a criação, no período máximo de um ano, de uma infra-estrutura dirigida a Depósito e Transformação de Bivalves do Tejo”, afirma o ministério do Mar.
A infraestrutura, que será a primeira do género no país, terá um investimento estimado entre 1,2 e 1,4 milhões de euros. Ana Paula Vitorino anunciou que este projecto será incluído numa candidatura ao Mar2020, o que pode significar um financiamento europeu a 75 por cento.
Um estudo de Maio do ano passado reuniu os departamentos de investigação de várias universidades que revelava existirem mais de 1700 mariscadores, cerca de 1500 dos quais em situação ilegal, que retiram do estuário do Tejo a maioria dos 19 mil quilos de amêijoa-japonesa por dia (dez mil pelos aparelhos de arrasto) num negócio na sua larga parte pirata que, em 2014, terá envolvido uma verba estimada entre os 10 e os 23 milhões de euros.
Segundo várias entidades, muito dessa ameijoa, cujo consumo sem cozedura industrial pode ser muito nocivo para a saúde, é vendida ilegalmente para restaurantes que depois a revendem ao público. Apesar de várias iniciativas, incluindo uma apertada vigilância, ninguém conseguiu até agora travar a apanha ilegal no estuário do Tejo.
Esta instalação anunciada  no verão será construída numa parcela do domínio público sob jurisdição do porto de Lisboa, cedida ao IPMA -  Instituto Português do Mar e da Atmosfera, pelo prazo de dez anos, e será constituída por três módulos fundamentais: Depósito de Bivalves Vivos, Unidade de Transformação e Sistema de Valorização.
O IPMA compromete-se a apresentar um Plano Sanitário do Estuário do Tejo que inclua uma zonagem regional para optimizar as condições de apanha, enquanto à Direcção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos – que coordena a fiscalização e regula a pesca e o licenciamento dos apanhadores – compete criar condições para, em conjunto com a Docapesca, efectuar o registo da primeira venda. A câmara do Barreiro assegura o necessário apoio de proximidade.

Agência de Notícias 

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