Volkswagen garante T-ROC em Palmela

Mudar produção para outra fábrica seria muito caro  

A falta de acordo sobre o novo horário laboral na Autoeuropa é “uma preocupação para nós”, numa altura que a Volkswagen está já a preparar a comercialização do T-Roc, admitiu o presidente-executivo da marca alemã. No entanto, Herbert Diess afastou o cenário de uma deslocalização da produção do novo modelo para outra unidade do grupo, o que seria muito caro. Até porque o T-Roc, reconheceu, só pode ser atualmente produzido em Palmela e vai mobilizar a capacidade produtiva total, o que implica jornadas laborais de seis dias. Esta quinta-feira dia de Conselho de Ministros, como habitualmente todas as semanas. O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, revelou que o conflito laboral na Autoeuropa não foi debatido, voltando a dizer que acredita num entendimento entre administração e trabalhadores.
Líder da Volkswagen mantêm T-Roc em Palmela 

Numa conversa com jornalistas portugueses realizada esta quarta-feira no salão automóvel de Frankfurt, o responsável máximo pela marca Volkswagen afirmou: “não estamos a considerar outras opções e confio na competência da administração da unidade local”. Questionado sobre se existem planos para transferir uma parte ou toda a produção para outra unidade, caso falhe um acordo para estender o horário de trabalho ao sábado, Diess assegurou que o cenário de uma deslocalização não está em cima da mesa do grupo. Até porque o T-Roc, reconheceu, só pode ser atualmente produzido em Palmela e vai mobilizar a capacidade produtiva total, o que implica jornadas laborais de seis dias.
O gestor manifestou ainda a convicção de que divergência laboral ficará resolvida até Outubro, um mês antes da prevista chegada ao mercado do novo modelo da marca alemã que é uma das grandes apostas da Volkswagen para recuperar o mercado e a credibilidade no segmento do diesel, depois da crise das emissões fraudulentas dos carros a gasóleo. No início do próximo mês está agendada a eleição da nova comissão de trabalhadores.
Herbert Diess admite que o grupo ficou “surpreendido” com o conflito laboral na unidade portuguesa, que desencadeou a realização da primeira greve nos mais de 20 anos da Autoeuropa. Mas sublinha também que transferir um modelo para outra unidade ficaria muito caro.
“Ficamos surpreendidos porque temos relações muito estáveis em Portugal há mais de 20 anos e uma relação de confiança”. Admite que pode ser uma questão financeira, mas considera que é uma combinação de fatores, destacando as mudanças em curso na unidade de Palmela.
Questionado sobre se existiam outras unidades da marca a trabalhar todos os sábados, o presidente executivo da Volkswagen respondeu que há fábricas a trabalhar nesse dia. No que diz respeito à laboração todos os sábados, já aconteceu no passado em algumas unidades onde foi utilizada a máxima capacidade de produção. Agora, admite, é uma situação que se verifica em unidades na área dos componentes.

Modelo tem muito potencial de vendas no mercado
A unidade de Palmela é a única do grupo que vai produzir o T-Roc, um modelo SUV (veículo utilitário desportivo), o primeiro da marca que será lançado no mercado em larga escala até ao final do ano. A VW, acrescenta Diess, acredita que o modelo tem muito potencial de vendas no mercado, daí a mobilização de toda a capacidade da Autoeuropa.
O plano atual para a fábrica portuguesa já é “muito ambicioso”, porque envolve três turnos, mas a empresa admite até reforçar em função da resposta do mercado, o que implicará descontinuar a produção de um dos outros modelos, neste caso, o Sirocco. Já a produção dos monovolumes da Volkswagen e da Seat é para continuar.
O modelo T-Roc é uma das estrelas da marca no salão de Frankfurt, a par com os novos carros elétricos do grupo que anunciou uma estratégia muito ambiciosa para este segmento que passa pelo investimento de 20 mil milhões de euros e a produção em grande escala a partir de 2020.

Governo acredita em entendimento
Palmela já produziu mais carros em Agosto
Esta quinta-feira dia de Conselho de Ministros, como habitualmente todas as semanas. O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, revelou que o conflito laboral na Autoeuropa não foi debatido, voltando a dizer que acredita num entendimento entre administração e trabalhadores.
O Governo continua a acompanhar a situação, destacando que se trata de um investimento "muito importante" do grupo alemão Volkswagen em Portugal.
O ministro realçou a duplicação do número de carros produzidos naquela que já era a maior fábrica de automóveis em Portugal e a importância da Autoeuropa para o país, quer a nível de emprego, quer em termos de exportações.
Penso que vai ser possível um entendimento entre a administração e os trabalhadores".
Na quarta-feira, Caldeira Cabral já tinha considerado que o Governo "não se deve envolver diretamente" no conflito laboral existente na fábrica da Autoeuropa, mas assegurou acompanhamento das negociações na empresa em Palmela.
Manuel Caldeira Cabral recordou que já se reuniu tanto com a direção da fábrica de Palmela como com o presidente executivo da Volkswagen em Milão, Itália. “O que demonstrei foi confiança em que se encontre uma solução com a comissão de trabalhadores, que satisfaça ambas as partes”.
Na semana passada, o sindicato que representa os trabalhadores da Autoeuropa teve uma reunião com a administração e, no final, disse que "estão abertos os canais para o diálogo". 

Fábrica já produz mais
A fábrica de Palmela, produziu 18 vezes mais automóveis em agosto, comparativamente ao mesmo mês de 2016. No total, foram fabricados 6.241 automóveis, +1.68 por cento, segundo a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). E essa melhoria aconteceu, mesmo com o dia de greve, o primeiro na história da empresa, que se cumpriu a 30 de Agosto.
O mês passado foi, também, marcado pelo início da produção do novo modelo, o T-Roc. A fábrica do grupo Volkswagen foi responsável por 72,5% do total da produção automóvel em Portugal em Agosto.
Em 2016, na mesma altura, tinham sido finalizados 350 veículos, numa altura de paragem de verão. Ora, este ano, a paragem decorreu na última semana de Junho e na primeira de Julho.

Agência de Notícias 

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