Setúbal festejou a 19 de Abril a elevação a cidade

Autarquia de "portas abertas" lembra "setubalenses esquecidos" 

As comemorações do 157.º aniversário da elevação de Setúbal a cidade, assinaladas a 19 de Abril, tiveram início com a cerimónia do hastear da bandeira e uma visita guiada aos Paços do Concelho. Após o hastear da bandeira do município em frente dos Paços do Concelho, cerimónia protocolar que contou com a participação do Executivo municipal, de convidados e de populares, houve um Moscatel de Honra no interior do edifício. As comemorações prosseguiram com uma visita, integrada na iniciativa “Paços do Concelho de Portas Abertas”, num percurso guiado por Madalena Correia, do Serviço Municipal de Bibliotecas e Museus, da autarquia, que começou com uma pequena abordagem histórica sobre o edifício e o local onde está situado desde 1533, a Praça de Bocage.
Setúbal é cidade há 157 anos 

A danificação do edifício na sequência do grande terramoto de 1755, que originou a primeira remodelação, a ocorrência de um incêndio em 1910 que obrigou a uma nova reconstrução num projeto conduzido pelo arquiteto Raul Lino, que também concebeu o Palácio da Comenda, foram alguns dos aspetos referidos na apresentação.
O grupo iniciou a visita na Sala do Município e seguiu num percurso pelos serviços de atendimento e de contraordenações e execução fiscal, de tesouraria, de contabilidade e de compras, que funcionam no piso térreo dos Paços do Concelho.
Ainda no rés do chão, os participantes tiveram oportunidade de conhecer as instalações do Serviço Municipal de Comunicação e Imagem.
Numa segunda fase da visita, no primeiro piso, o grupo tomou contacto com os serviços de apoio aos órgãos municipais e conheceu o gabinete de trabalho da presidente da Câmara de Setúbal.
O Salão Nobre dos Paços do Concelho foi apresentado aos visitantes como a sala mais importante do edifício, bem como foi explicado o significado histórico do tríptico de Luciano Santos, quadro patente numa das paredes.
Este ano as comemorações não se cingiram apenas aos Paços do Concelho, tendo sido inaugurada às 12 horas desta quarta-feira, na Casa da Baía, a exposição “Entre Nós”, a segunda mostra coletiva de artes plásticas dos trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal.
A exposição, patente no átrio da Casa da Baía até 1 de Maio, é composta por 16 trabalhos de fotografia, pintura, desenho e gravura.
Para a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, que marcou presença na inauguração juntamente com os restantes membros do Executivo, trata-se de “mais uma iniciativa de sucesso para promover os talentos da autarquia”.
A autarca congratula os artistas que contribuíram com trabalhos para a exposição e incentiva todos os funcionários municipais “a mostrarem às outras pessoas que têm outras vertentes, além de trabalharem na Câmara”.

“Setubalenses Esquecidos – Contributo para a sua Memória”
Setubalenses esquecidos foi  o tema da palestra de ontem  
No período da tarde, as comemorações da elevação de Setúbal a cidade prosseguiram com o investigador Diogo Ferreira a conduzir a palestra “Setubalenses Esquecidos – Contributo para a sua Memória”, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, numa organização em parceria com a Universidade Sénior de Setúbal.
O investigador recuperou a memória de quatro setubalenses ligados à história da cidade, nomeadamente o alferes Francisco Pinto Vidigal (1833-1918), Jesino Augusto da Costa (1899-1954), Vicente José da Silva Penim (1888-1957) e José Manuel Alves dos Reis (1894-1943).
Diogo Ferreira, nascido em Setúbal em 1991, descobriu a paixão pela história local na dissertação que apresentou no mestrado de História Contemporânea “Setúbal e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)”, a ser publicada em livro ainda este ano.
“Há cerca de três anos e meio que me dedico exclusivamente a investigar a história de Setúbal e encontrei nomes de pessoas cuja memória merece ser recuperada”, explicou perante um Salão Nobre praticamente cheio.
O alferes Francisco Pinto Vidigal, que dá nome a uma rua na cidade, é uma das personalidades que merece reconhecimento por ter sido “o único setubalense morto na importante batalha de La Lys”, em França, no decorrer da Grande Guerra.
Pinto Vidigal, que foi promovido a tenente de infantaria depois de morto, recebeu em vida, enquanto se encontrava a combater em França, três louvores pelo zelo e dedicação com que desempenhou as funções a seu cargo.
Na área da literatura e do jornalismo, Diogo Ferreira lembrou Jesino Augusto da Costa, que, em 1911, com apenas 12 anos, já escrevia para um jornal local.
Do ponto de vista da literatura, o investigador considera que Augusto da Costa“merece ser estudado com atenção” pela qualidade de obras como “As inocentes”, que ganhou vários prémios, e “Portugal Vasto Império”.
O escritor, que também dá nome a uma artéria setubalense, foi líder do movimento monárquico em Setúbal.
Na literatura, outro setubalense esquecido pelo tempo é Vicente José da Silva Penim, o soldado-poeta que combateu na Grande Guerra e “era descrito na altura como alguém que animava as noites frias de França, com anedotas”.
Vicente Penim escreveu o livro de poemas “As minhas recordações da Grande Guerra” que retrata as vivências dos dois anos que passou em França.
Por fim, outro setubalense que a história deve recordar no entender de Diogo Ferreira, é José Manuel Alves dos Reis, preso político, acusado de ser comunista e de possuir e distribuir bombas de choque, falecido a 11 de junho de 1943, no Tarrafal.
“É um homem importante, que morreu a lutar pela liberdade, tal como Jaime Rebelo. Por isso, merece ser homenageado”.
No final da palestra, o vereador da Cultura, Pedro Pina, agradeceu a “energia e a atitude” com que Diogo Ferreira estuda a história local e considerou ser um “propósito importante da cidade perpetuar a identidade e recuperar memórias de setubalenses que lutaram por aquilo em que acreditavam”.

Agência de Notícias com Câmara de Setúbal 

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