Centro Hospitalar de Setúbal prepara 100 despedimentos

Sindicato protesta contra despedimento de funcionários do São Bernardo 

A CGTP organizou  um protesto com assistentes operacionais do Centro Hospitalar de Setúbal contra o despedimento de uma centena de funcionários. Segundo o sindicato, a administração daquele centro hospitalar  prepara-se para despedir, no dia 31 de Março, mais de 100 trabalhadores, evocando o fim do plano de contingência da gripe. As estruturas sindicais alertam para o facto de os trabalhadores em questão estarem contratados desde Janeiro de 2016, e não exclusivamente para o plano de contingência, ocupando desde esse período postos de trabalho "permanentes" e "de natureza essencial" para o serviço que o Hospital de São Bernardo e o do Outão prestam. A administração do centro hospitalar refuta as criticas e responde que só há 57 funcionários neste regime e afirma que já pediu ao Governo "a contratação definitiva" de 42 trabalhadores. 
No final deste mês haverá despedimentos no hospital de Setúbal 

Luís Leitão, dirigente sindical da União de Sindicatos de Setúbal refere que muitos destes assistentes operacionais estavam ao serviço desde Janeiro de 2016, subcontratados através de empresas de trabalho temporário. "Desde Outubro passado foram contratados para reforçar os serviços no âmbito do plano de contingência da gripe e agora a administração simplesmente despede-os sem perceber que fazem falta para o trabalho do dia a dia no hospital". 
Administração do Centro Hospitalar refuta o número avançado pelo sindicato, esclarecendo que são 57 e não 100. "Ao abrigo do Plano de Contingência foram disponibilizadas 25 camas adicionais para internamento de doentes, o que gerou a necessidade de novas admissões temporalmente circunscritas, autorizadas e acordadas com os trabalhadores até 31 de Março de 2017. O número de trabalhadores nestas circunstâncias é de 57 e não 100 como a versão dos sindicatos refere no seu comunicado", sublinha o centro hospitalar que gere os dois hospitais da cidade, em Setúbal e no Outão. 

Trabalhadores iniciaram a atividade no hospital em Janeiro de 2016
A assistente operacional Sandra Nogueira foi uma das trabalhadoras que recebeu a notificação da cessação do contrato com o Centro Hospitalar de Setúbal (que engloba o Hospital de São Bernardo e o Hospital do Outão) no final do mês de Março e que marcou presença na concentração de ontem à tarde, junto à entrada principal do Hospital São Bernardo, em que participaram duas a três dezenas de trabalhadores.
“Assinei um contrato de cinco meses, em novembro de 2016, mas já estava a trabalhar no hospital desde Dezembro de 2015, através de uma empresa de trabalho temporário", disse à Agência Lusa Sandra Nogueira, convicta de que os trabalhadores que terminam contrato em Março continuam a ser necessários nos serviços onde exercem a atividade.
Uma opinião corroborada pelo coordenador da União de Sindicatos de Setúbal que acusou os responsáveis da saúde de quererem manter a precariedade dos vínculos laborais de trabalhadores que deveriam integrar o quadro de pessoal.
"Alguns destes trabalhadores iniciaram a atividade no hospital em Janeiro de 2016, através de uma empresa de trabalho temporário, depois estiveram até Setembro através da mesma empresa de trabalho temporário. Mais tarde foram contratados ao abrigo do plano de contingência da gripe e agora são despedidos", disse à Agência Lusa Luís Leitão, coordenador da União de Sindicatos de Setúbal, afeta à CGTP.

Tempos de espera podem aumentar
"O que está aqui em causa, além dos postos de trabalho, é o Serviço Nacional de Saúde. Estes trabalhadores são essenciais ao serviço do hospital e estão a ser recrutados por motivos falsos: não é para substituir ninguém, é porque fazem falta ao serviço", acrescentou o sindicalista, defendendo a abertura de concursos para o preenchimento dos lugares em causa.
O despedimento destes trabalhadores vai pôr em causa a qualidade de serviço prestado às populações e aumentar os ritmos de trabalho dos restantes trabalhadores, aumentado a carga horária, alertam os sindicatos acrescentando que, com menos trabalhadores, "os utentes, que actualmente têm que esperar três ou quatro horas para o atendimento, podem ver aumentado esse tempo de espera". 
A mesma opinião tem outro funcionário do Hospital de Setúbal para quem,  "esta falta de funcionários vai causar uma bola de neve que pode acabar na ausência de prestação de socorro em Setúbal, Sesimbra e Palmela devido à retenção das macas das ambulâncias no hospital por não haver ajuda suficiente para promover um melhor fluxo de pessoas nas urgências".

Administração espera autorização para contratar 42 pessoas  
Despedimentos podem afetar o serviço de urgência do hospital 
Confrontada com as críticas da União de Sindicatos e dos trabalhadores, a administração do Centro Hospitalar de Setúbal informou, em comunicado, que foram disponibilizadas 25 camas adicionais para internamento de doentes ao abrigo do Plano de Contingência para temperaturas extremas - módulo de Inverno e que a abertura de novas camas "gerou a necessidade de novas admissões temporalmente circunscritas, autorizadas e acordadas com os trabalhadores até 31 de Março de 2017".
O Centro Hospitalar de Setúbal refere ainda que estão em causa 57 trabalhadores e não 100, como refere um comunicado do sindicato.
Por outro lado, a administração do Centro Hospitalar adianta que, face ao aumento da atividade assistencial que, entretanto, se verificou nos hospitais de Setúbal, decidiu pedir a "a contratação definitiva" de 42 dos 57 trabalhadores em causa, acrescentando que espera ver esse pedido autorizado até final do mês, de forma a evitar a desvinculação dos trabalhadores em causa.



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