Barreiro aprova compra da Quinta do Braamcamp

Aproximar a população do rio Tejo 

A Câmara do Barreiro vai avançar para a compra da Quinta do Braamcamp situada na zona ribeirinha do concelho, num negócio avaliado em cerca de 2,9 milhões de euros, afirmou ontem o presidente da autarquia. Carlos Humberto, anunciou, após a sessão de Câmara, a aprovação desta deliberação que constitui um passo importante na estratégia de requalificação da zona ribeirinha do concelho e de reapropriação dos rios por parte da população. Foi aprovada ainda a aquisição de empréstimo cuja verba contempla, não só a aquisição da Quinta, como também a aquisição de uma Muleta do Tejo - construindo-a de raiz - e a intervenção com vista à recuperação, faseada, da zona ribeirinha, desde o Braamcamp até à Avenida de Sapadores, “complementando com fundos comunitários que já temos pensados para utilizar neste território”, referiu o autarca.
A aquisição da Quinta Braamcamp custa 2,9 milhões de euros 

Carlos Humberto afirmou que o executivo da Câmara do Barreiro decidiu avançar para a compra da Quinta do Braamcamp, recorrendo a um empréstimo de cinco milhões de euros.
"Vamos avançar com um empréstimo bancário de cinco milhões de euros. Desse valor 2,9 milhões de euros são para comprar a Quinta do Braamcamp, vamos também mandar fazer uma Muleta do Tejo, que é um barco tradicional, e ficar com 1,8 milhões de euros para efetuar obras na zona, complementando alguns fundos comunitários", disse o autarca.
A Quinta do Braamcamp, que tem uma área de 21 hectares, fica localizada na zona ribeirinha, perto da Praia do Norte e na zona dos moinhos de Alburrica, um dos ex-libris do concelho.
"O executivo autorizou a compra e a negociação do empréstimo, que vamos propor para 20 anos. Depois ainda vai ao Tribunal de Contas, mas em 2016 queremos avançar com as primeiras obras no local, que passam por derrubar os muros existentes, limpar toda a área, recuperar o moinho e a caldeira, fazer percursos no local e arranjar a estrada", referiu o presidente da Câmara.
O autarca referiu que pretende aproveitar todas as oportunidades de apoio que sejam colocadas à disposição dos municípios para intervir no local.
"Para a zona de Alburrica está previsto o apoio comunitário para duas intervenções, que são a recuperação do moinho de maré pequeno e dos moinhos de vento. São 1,2 milhões de euros de fundos comunitários, comparticipados a 50 por cento, a que acresce a parte da Câmara, num total de 2,5 milhões de euros", explicou Carlos Humberto. 

Tejo volta a ter uma Muleta 
O presidente da autarquia barreirense considerou que a aquisição dos terrenos da quinta, que são propriedade do banco Millenium BCP, é um passo importante na estratégia de "voltar para os rios e aproveitar as suas potencialidades".
"Este passo que vamos dar é significativo e a população vai reapropriar-se dos rios. Este processo de aquisição foi muito longo e começou há muitos anos. Na primeira vez que falámos com o BCP os valores eram exorbitantes, mas fomos conversando e chegámos a acordo", referiu o autarca.
Carlos Humberto destacou ainda a intenção da autarquia de avançar para a construção de uma Muleta do Tejo.
"A Muleta é uma embarcação que significa muito para quem cá vive. Não existe nenhum no país e já desapareceram há cerca de 150 anos. Agora vamos encomendar um", frisou o presidente.
A proposta de aquisição da Quinta do Braamcamp e a negociação do empréstimo foram aprovados por unanimidade pelo executivo municipal e vão ser levados à Assembleia Municipal do Barreiro ainda durante o mês de novembro.

A história da Quinta 
A Quinta Braamcamp é o único complexo rural em plena cidade do Barreiro, cuja atividade cessou recentemente. Era composto inicialmente por casa de habitação, armazéns, moinho de vento e de maré e terras de cultivo.
É atualmente propriedade do Millenium BCP, após processo de insolvência da Sociedade Nacional de Cortiças. Conserva ainda a antiga casa solarenga (século XIX), instalações agrícolas e um moinho de maré.
De acordo com o Guia Documental da Casa Reynolds / Sociedade Nacional de Cortiças, editado pelo Espaço Memória - Arquivo Municipal do Barreiro, “a história do fabrico de cortiça na Quinta Braamcamp iniciou-se em 1882 quando os irmãos Reynolds arrendaram a Quinta Braamcamp de George Abraham Wheelhouse e sua mulher”.
“Em Março de 1883 Tomás Reynolds já vivia na Quinta Braamcamp e nesta data já era transformada cortiça na fábrica instalada na quinta. A maquinaria importada da Grã-Bretanha (da Baerlein e c.º em Manchester, que custou cerca de 123 mil libras), como caldeiras e bombas para o fabrico de pranchas, só chegou ao Barreiro no final de 1884, quando a fábrica está em plena laboração, inclusive com horário nocturno”.







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