Alunos de Setúbal marcham pela prevenção da diabetes

Dezenas caminham em nome da diabetes 

"Não à diabetes" é o lema de uma caminhada de cerca de 200 alunos que terá lugar na próxima sexta-feira na baixa de Setúbal, com o objetivo de sensibilizar a população para a prevenção da diabetes do tipo 2. A iniciativa, promovida e divulgada pelo movimento rotário FRAD - Frente Rotária Anti Diabetes, pretende alertar para a realidade de mais de dois milhões de portugueses adultos, que se encontram em risco de contrair a doença.
Mais de 1 milhão de pessoas sofrem de diabetes em Portugal 

O principal objetivo é sensibilizar as pessoas para a necessidade de uma mudança de comportamentos, nomeadamente no que se refere à alimentação e ao exercício físico, com a adoção de hábitos de vida saudáveis.
No âmbito do projeto, de dimensão nacional, o Rotary Club de Setúbal tem vindo a realizar, desde 2012, um conjunto de ações de prevenção da diabetes em escolas do concelho com o objetivo de sensibilizar a comunidade educativa.
Na sequência do trabalho desenvolvido nas escolas, a caminhada, que terá lugar a partir das 10h30, entre a Praça de Bocage e o Largo da Misericórdia, deverá contar, segundo a organização, com cerca de 200 alunos, acompanhados de professores e pessoal não docente, da Escola Básica du Bocage e das Escolas Secundárias do Bocage e Lima de Freitas.

Número de portugueses com diabetes ultrapassou um milhão em 2014
Mais de um milhão de pessoas têm esta doença crónica mas 40 por cento não o sabem. O ministro da Saúde, Leal da Costa, defende a prevenção.
Todos os dias há 150 portugueses diagnosticados com diabetes, uma doença crónica que aumenta com o envelhecimento e que representa uma das maiores despesas para o setor da saúde em Portugal. O relatório anual do Observatório Nacional da Diabetes destaca os 54167 mil doentes diagnosticados e um novo recorde na despesa, de 1300 a 1550 milhões de euros, a que não é estranho um aumento do volume de doentes. Mais de um milhão de pessoas (13,1 por cento) tem diabetes, mas hoje há menos complicações, internamentos e mortes associados à doença.
A doença silenciosa, que muitas vezes parece esquecida, apesar do impacto que tem no País, é uma consequência dos estilos de vida, da epidemia da obesidade, da redução da atividade física e do próprio envelhecimento. A diabetes tipo 1, que se manifesta desde cedo, tem um padrão diferente. Tem uma origem autoimune e obriga desde cedo a injeções de insulina.
Este tipo teve um aumento ligeiro até aos 19 anos, para 3365 casos, mas a prevalência parece estabilizar. No cômputo global, e pela primeira vez em vários anos, há uma aparente redução/estabilização do número de casos totais da doença. José Manuel Boavida, o diretor do Programa Nacional para a Diabetes, diz que ainda é cedo para se tirar conclusões, mas parece que "estamos a conseguir ter resultados com a prevenção, a avaliação do risco de ter diabetes nos centros de saúde, programas como o Desafio da Gulbenkian". Um sinal de que "parece que é possível ter resultados a curto prazo se combatermos a doença".

Portugueses ainda não ligam muito à doença 
A 1,1 milhão de doentes podem juntar-se mais dois milhões de pessoas em risco de vir a ter diabetes, e são estas que podem controlar os estilos de vida ou avaliar o risco da doença nos centros de saúde. Se os casos novos estão a estabilizar, o país vai acumulando mais casos de doença ao longo dos anos. Em 2009, a prevalência era de 11,7 por cento entre os 20 e os 79 anos e agora atinge 13,1 por cento. Mas quase metade (40 por cento) nem sequer sabem que estão doentes, o que aumenta o risco de virem a sofrer das complicações da doença (olhos, rim, parte vascular). Uma condição a que não é estranho o facto de muitos portugueses não irem ao serviço de saúde.
O ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, diz que, no ano passado, dois milhões de utentes não foram à consulta, apesar de terem médico de família atribuído
O documento anual destaca muitos aspetos positivos. "Temos uma grande redução das complicações e dos internamentos na sua sequência, já que atingimos o valor mais baixo de sempre", diz José Manuel Boavida. "Em 2014, houve 1385 amputações dos membros inferiores, quase menos 200 do que no ano anterior. Temos de chamar a atenção para o papel dos enfermeiros nesta área, já que são muito dedicados".
Já nas complicações de menor gravidade, como é o caso do pé diabético, a situação não é tão positiva: "Falta implementar as vias verdes nos serviços, aumentar as consultas de pé diabético. Há uma capacidade limitada na resposta".


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