Festa dos Círios atraiu milhares à Atalaia

Quatro dias de fé, devoção, promessas, diversão e música 

As Festas em Honra de Nossa Senhora da Atalaia iniciaram no dia 28 de Agosto com a cerimónia de inauguração, que relembrou os motivos porque esta festividade é uma das mais genuínas romarias populares da região de Setúbal. Tal como referiu o presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, a Festa de Nossa Senhora da Atalaia é “uma festa do povo que honra o passado religioso desta terra, que honra as gentes da Atalaia e do Montijo e que reflete o esforço da comissão de festas, dos círios, das coletividades, da paróquia, da câmara, da junta e de outras entidades e pessoas”. A festa terminou ontem com a atuação da dupla portuguesa, Ricardo e Henrique e com a saída dos cinco círios para Quinta do Anjo, Carregueira, Olhos de Água, Jardia e Azóia. 
Procissão foi o momento alto das Festas da Atalaia 

O presidente da Câmara do Montijo acrescentou, ainda, que “em tempos de crise devemos defender a nossa cultura e, por isso, a câmara tem investido mais no apoio às manifestações populares”.
O presidente da Junta da União das Freguesias de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia, Luís Morais, relembrou que “são 508 anos de romaria, um longo período de festejos e tradições praticado por diversas pessoas que, nestes dias, dão tudo o que têm de si, deixam o conforto do lar para levar a cabo as Festas”.
Isabel Marques, presidente da Comissão de Festas, agradeceu o empenho de todas as pessoas e entidades envolvidas na organização das festas e garantiu que a “comissão vai continuar a respeitar a tradição, não deixando esmorecer o entusiasmo das nossas festas”.
As Festas em Honra de Nossa Senhora da Atalaia terminam ontem, ultimo dia de Agosto. Ao longo destes dias, milhares de pessoas participam nesta romaria popular que remonta a 1507, aquando da promessa então feita pelos funcionários da Alfândega de Lisboa que, devido à peste, constituíram um círio, tornando-se pioneiros desta peregrinação.
A Festa em Honra de Nossa Senhora da Atalaia tem uma grande componente religiosa devido aos vários círios [cinco no total, vindos dos concelhos de Palmela, Montijo e Sesimbra] que acorrem à localidade da Atalaia para demonstrarem a sua fé na Padroeira, tendo como momento de destaque a procissão religiosa.
A procissão conjunta dos círios da Quinta do Anjo, Carregueira, Olhos de Água, Azóia e Círio Novo da Jardia, no domingo à tarde foi o momento alto das festas que atraíram milhares de pessoas ao maior Santuário a sul do Tejo. À noite a irreverência de Bélito Campos encheu o palco principal enquanto nas sedes dos círios se rematava as bandeiras, umas das promessas maiores da festa. 
No último dia das festividades, bem cedo, os novos donos das bandeiras vão em romaria à Fonte da Senhora lavar a cara com água santa. Regressam para o último almoço na Atalaia, os último passos de dança e preparam-se para rumar às terras de origem. 
O percurso é conforme a tradição de cada círio. O percurso do Círio da Carregueira é, provavelmente, o mais bonito e o mais genuíno. As 19 bandeiras e os dois andores saem da Atalaia em carrinhas enfeitadas e muita animação à mistura. Atravessam de ponta a ponta a Carregueira, uma localidade rural da freguesia de Pinhal Novo, ao som dos gaiteiros e das cantorias das gentes. Param nos locais "sagrados das promessas" e deitam foguetes em nome de uma tradição que vem desde 1833, o ano da cólera morbus. 
E segundo a tradição, os círios dos Olhos de Água e da Carregueira têm de dar três voltas à Igreja de São José, em Pinhal Novo. Assim foi. Primeiro a promessa dos Olhos de Água e, por fim, a promessa dos homens e das mulheres da Carregueira. A animação continuou noite dentro na casa dos arrematadores da bandeira enquanto, na terra da Festa Grande, Atalaia, Ricardo e Henrique cantavam para milhares de pessoas. 

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