Autoeuropa mantêm investimento após escândalo

Pires de Lima garante que produção da Fábrica de Palmela não está ameaçada

O ministro Pires de Lima diz que a informação que tem da Autoeuropa é a de que os carros montados na fábrica de Palmela não tiveram a incorporação de motores sob suspeita no âmbito do escândalo que afeta o grupo alemão Volkswagen. Na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros desta quinta-feira, o ministro da Economia disse ainda que a situação continua a ser analisada, dada a relevância global do problema. "Tivémos a informação que os veículos produzidos na Autoeuropa não terão aquele kit fraudulento", referiu Pires de Lima. A maior parte dos automóveis que saem da Autoeuropa são para exportação, lembrou o ministro, acentuando contudo que "estamos a trabalhar com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes no sentido de serem feitos os controlos necessários".
Autoeuropa está de fora do escândalo da Volkswagen 

Questionado sobre o impacto que o escândalo que está a abalar o grupo alemão Volkswagen, que levou já a fortes perdas em bolsa e à demissão do seu presidente executivo, Pires de Lima disse que o Governo tem acompanhado a situação junto da Autoeuropa e que as indicações que lhe foram dadas é que o contrato de investimento que foi assinado com o fabricante de Palmela está em execução, não havendo sinais em contrário. Aí, Pires de Lima concluiu que “o contrato de investimento assinado com a Volkswagen relativamente à ampliação da Autoeuropa está em execução e não há qualquer sinal de que não tenha continuidade dentro do programa que está traçado".
Assinalou, contudo, que "a dimensão desta fraude que foi tornada pública é de uma dimensão que não podia imaginar. Neste contexto, "procurar obter da Volkswagen sinais de tranquilidade relativamente ao que se passa em Portugal é algo que não posso fazer".
O presidente executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, pediu a demissão na quarta-feira, assumindo a responsabilidade por um dos maiores escândalos de sempre no setor automóvel. O maior fabricante do mundo de automóveis em vendas no primeiro semestre deste ano enfrenta um emaranhado cada vez maior de ameaças legais depois de ter admitido que 11 milhões de seus carros a diesel em todo o mundo estão equipados com um 'software' capaz de enganar os testes oficiais de poluição.
Ainda assim o ministro da Economia  não vê “qualquer sinal” de que o escândalo da Volkswagen perturbe a Autoeuropa e o contrato de investimento para aexpansão da unidade de produção que está em curso. António Pires de Lima disse que está a “trabalhar com o  Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) para efetuar os controlos necessários para perceber as implicações – se é que há alguma implicação – desta fraude em Portugal” e nos veículos que circulam nas estradas portuguesas.
Já na quarta-feira, o ministro Rui Machete garantiu, em Berlim, que o Governo português está a acompanhar em conjunto com as autoridades alemãs o caso da Volkswagen e eventuais implicações deste para a Autoeuropa. “Estamos a acompanhar com atenção os desenvolvimentos deste caso, porque [a Autoeuropa] é uma unidade de produção com muita importância em Portugal”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, durante uma conferência de imprensa em Berlim.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que se encontrou com o seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse, no entanto, acreditar que a multinacional alemã vai encontrar soluções para “ultrapassar esta situação difícil”. O ministro acrescentou que o investimento de empresas alemãs, como a Volkswagen, na economia portuguesa é importante para a “criação de emprego” e “crescimento nacional”.

Casos de adulteração aumentam 
Em causa está a acusação que já foi feita à Volkswagen, à BMW e à Seat de que introduziram um 'software' que altera as emissões de gases poluentes nos testes ambientais, o que já levou a forte perdas do sector automóvel na bolsa e poderá resultar no pagamento de elevadas multas.
Primeiro foi a Volkswagen a ser acusada nos EUA de adulterar o desempenho dos motores em termos de emissões, enfrentando uma multa que pode ir até aos 18 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros). Na sequência desta polémica, o CEO da Volkswagen demitiu-se.
Quando parecia que a polémica estava a abrandar, surgiu a suspeita através da revista ‘Auto Bild', especializada em automóveis, de que também o BMW X3 xDrive 20d, excedeu as normas europeias de emissões Euro 6 durante os ensaios de estrada do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) por mais de 11 vezes. A Bloomberg avança que o ICCT é o mesmo grupo que liderou as investigações nos EUA e descobriu a fraude nos carros da VW.
Entretanto, o "El País" noticiou que também a Seat, marca espanhola do grupo alemão Volkswagen, instalou em mais de meio milhão de carros o 'software' que falseia as emissões de gases poluentes.

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