Samouco regressou à luta por melhores cuidados de saúde

Um novo centro de saúde mas sem um único médico de família 

A autarquia substituiu-se ao Estado. Realizou obra, que é competência da administração central. Mas, nem com a criação de um moderno centro de saúde em Samouco, conseguido pela Câmara de Alcochete, que continua a aguardar que o Governo pague o financiamento da obra, a população local consegue ter acesso aos necessários cuidados de saúde.“Temos bom espaço físico no centro de saúde, muito boas instalações. Mas, não há médicos de família em Samouco, nenhum utente desta terra tem médico de família. Não há cuidados de saúde materno-infantil, não há cuidados de saúde para diabetes, não há planeamento familiar”, lamenta o presidente da Junta de Freguesia do Samouco, António Almeirim, que promoveu uma iniciativa para reivindicar mais cuidados de saúde na Freguesia, em que participaram munícipes, autarcas, as colectividades locais, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Alcochete e artesãs e que culminou com a eleição de uma Comissão de Utentes da Extensão do Centro de Saúde em Samouco. 
Câmara de Alcochete reclama 400 mil euros ao Governo 

“A população apresenta-nos queixas todos os dias. Têm sido muitas”, diz António Almeirim, considerando que “é mais fácil perguntar o que é que há” no Centro de Saúde do Samouco. “Há agora médicos de trabalho temporário… vem aqui hoje um, amanhã outro e, no dia seguinte, outro diferente”, lembra o presidente da junta, sublinhando que a ação da Praça da Saúde foi marcada pela “criação de uma comissão de utentes para o centro de saúde”, com o objetivo de “reivindicar melhores cuidados de saúde. Essa comissão vai ser por nós oficializada e depois vai ser dado conhecimento da mesma aos vários organismos que tutelam a saúde”, revela o autarca.
No entanto, a iniciativa não se resumiu ao anúncio da criação da comissão de utentes. Ao longo do dia, foram promovidas um conjunto de atividades, para miúdos e graúdos. Houve rastreios à população, aulas de ginástica, para adultos e crianças, duas aulas de Zumba, dois apontamentos musicais e intervenções políticas.
E uma das intervenções políticas foi de Luís Miguel Franco, presidente da Câmara de Alcochete. O autarca sublinhou que “o concelho de Alcochete, e em particular a Freguesia de Samouco, unem-se perante e por esta causa, por uma melhor saúde em Portugal, que é um país sucessivamente adiado, um país cada vez mais privatizado”.
“Queremos um país imbuído, iluminado pelos valores de Abril, em que a educação seja universal e tendencialmente gratuita, um país que também defende que a saúde deve ser universal e gratuita”, salientou Luís Miguel Franco. “Não existiria a Extensão do Centro de Saúde em Samouco se não fosse a Câmara  de Alcochete” disse, acrescentando que “apesar de todos os acordos com os sucessivos governos, os 400 mil euros de investimento continuam por pagar à Câmara Municipal e isso é absolutamente lamentável”, destacou o chefe do executivo.
“Mais lamentável é perceber que este equipamento tem dignidade, tem qualidade e continua sem os profissionais necessários à prestação dos cuidados médicos e de enfermagem e a nossa população da freguesia de Samouco continua altamente prejudicada por esta situação que nos está a afligir”, acrescentou o autarca.
“Continuaremos a pugnar por uma melhor saúde no concelho de Alcochete e em particular na freguesia de Samouco e após a constituição deste movimento de utentes, com a sociedade civil, com os cidadãos e cidadãs que vivem diariamente com estes problemas, teremos mais força”, concluiu o presidente da Câmara.

Deputada comunista esteve na Praça da Saúde  
Nenhum cidadão do Samouco tem médico de família 
A deputada parlamentar do PCP, Paula Santos, saudou as pessoas presentes na iniciativa “que lutam pelo seu direito à saúde porque é um direito que deve ser garantido a todos” e saudou também “os autarcas e em especial a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal”.
“Em muitas situações temos visto as autarquias irem além daquilo que são as suas responsabilidades para garantir à população melhores condições de vida”, disse a parlamentar comunista eleita pelo circulo de Setúbal.
Paula Santos sublinhou que “no momento em que se retiram meios às autarquias, temos autarquias que não abandonam a sua população, que estão ao seu lado e que vão muito para além daquilo que são as suas responsabilidades”. 
Para a deputada, a criação da nova Comissão de Utentes “demonstra a força, a determinação e a convicção da população na luta pelo seu direito à saúde, na luta pelo médico de família, na luta por enfermeiros, na luta por cuidados de saúde de qualidade”, conclui a deputada do PCP.

Agência de Notícias

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