Pedidos de demissão mantêm-se no Hospital de Almada

Chefes das urgências do hospital Garcia de Orta continuam demissionários 

A demissão dos chefes das urgências do Hospital Garcia de Orta, em, Almada, volta a estar em cima da mesa. Na terça-feira de tarde chegou a ser noticiado que os responsáveis pela Urgência tinham recuado.  Mas não! O presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, Daniel Ferro, anunciou ontem um conjunto de medidas para melhorar o atendimento nas urgências, mas os sete chefes do Serviço de Urgências reafirmam que continuam demissionários. "Na sequência de reunião com o Conselho de Administração, vimos reafirmar a nossa posição demissionária. Aceitámos participar ativamente em reuniões de organização e reestruturação do Serviço de Urgência, contudo ainda não se desenham resultados e a nossa posição mantém-se inalterada", afirmam, em comunicado enviado à Lusa, os sete chefes do Serviço de Urgências do Garcia de Orta que pediram a demissão na segunda-feira. O ministro da Saúde também assegurou que a situação nas urgências de Almada ficará resolvida brevemente e aponta a transferência de doentes para outros hospitais do distrito. O presidente da Câmara de Almada diz que os problemas no hospital são consequência de escolhas erradas de Paulo Macedo e insiste que a solução para esta questão passa por construir um novo hospital no Seixal. 
Médicos do Garcia de Orta continuam com pedido de demissão

Em conferência de imprensa, o presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, Daniel Ferro, anunciou ao final da tarde de ontem que os sete clínicos iam colaborar na reorganização da urgência daquele hospital, tendo mesmo anunciado um conjunto de medidas concretas, com o acordo dos chefes do serviço de Urgências que tinham apresentado o pedido de demissão.
"Vamos aumentar a capacidade de internamento médico em mais 16 camas, de forma a permitir tratar em regime de alta resolução - em que este hospital tem uma boa experiência - cerca de 800 a 900 doentes por ano", disse Daniel Ferro, adiantando outras medidas concretas que, alegadamente, teriam merecido o acordo dos sete clínicos demissionários.
A contratação de três ou quatro médicos especialistas e mais seis enfermeiros, melhor articulação com os Centros de Saúde de Almada e do Seixal, foi outra garantia dada aos sete médicos, que vão trabalhar na implementação das medidas acordadas com a administração do hospital.
Após a reunião com os chefes do Serviço de Urgências realizada ontem à tarde, Daniel Ferro anunciou ainda a intenção de "melhorar a articulação, de forma permanente, com a rede de cuidados continuados e com a Segurança Social, de modo a reduzir, se possível a zero, os casos de doentes com alta clínica, a aguardarem internamento, ou a aguardar vaga na rede de cuidados continuados ou em lares".
"Obtivemos a colaboração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e da Segurança Social de Setúbal e já começamos a transferir doentes, esperando que dentro de 24 a 48 horas, ter esta situação resolvida", acrescentou o administrador do hospital.
Daniel Ferro referiu ainda que nas últimas semanas houve mais uma centena de internamentos do que era habitual no mesmo período em anos anteriores, situação que terá contribuído decisivamente para a sobrelotação nas urgências daquela unidade hospitalar.

Hospital teve um aumento de afluência de cinco por cento
Daniel Ferro anunciou medidas de melhoria 
A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, através de um comunicado, informou também que se reuniu ainda durante o dia de segunda-feira com o presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta “para analisar a situação decorrente da demissão dos Chefes de Equipa da Urgência” e “procurar, no respeito pelas competências próprias do referido Conselho de Administração, um conjunto de medidas para melhorar a capacidade de resposta do serviço de urgência da unidade de saúde”.
De acordo com os dados desta ARS, o hospital teve um aumento de afluência de cinco por cento. “A par deste aumento, verificou-se igualmente um acréscimo muito significativo, de cerca de 30 por cento, do número de doentes internados a partir do Serviço de Urgência, sobretudo doentes maioritariamente idosos e com múltiplas patologias e que necessitam, por isso, de cuidados médicos diferenciados, aos quais o Hospital tem conseguido dar resposta atempada e eficaz”, salienta a nota.
A ARS garante que a unidade já está a delinear medidas para conseguir aumentar a capacidade de internamento, ao mesmo tempo que trabalha com os centros de saúde daquela zona para reforçar o apoio no domicílio e a resposta a casos de doença aguda.

Ministro da Saúde quer desviar doentes 

O ministro da Saúde assegurou ontem que a situação no Hospital Garcia de Orta ficará resolvida brevemente. Sem assinalar uma data concreta, Paulo Macedo referiu que poderia ser entre hoje e a próxima semana.
Explicou ainda que, caso seja necessário, os utentes poderão ser desviados para outras unidades hospitalares.  O governante explicou que as autoridades estão particularmente atentas aos casos sociais de pessoas que estão a ocupar camas sem problemas clínicos que o justifiquem.
"Um segundo aspecto é resolver o caso dos doentes que têm indicação clínica para cuidados continuados e não para permanecerem nos hospitais", continuou.
Esta foi a reacção do ministro à demissão dos sete chefes de serviço das urgências do Garcia de Orta. Paulo Macedo recordou que "o hospital recrutou um conjunto muito importante de enfermeiros recentemente e está a aguardar a finalização de alguns concursos de especialidades hospitalares. "Estes últimos deverão ficar concluídos nas próximas semanas", disse o ministro. 

Presidente da Câmara de Almada exige demissão de Paulo Macedo
O presidente da Câmara  de Almada exige a demissão do ministro da Saúde. Joaquim Judas diz que os problemas no Hospital são consequência de escolhas erradas de Paulo Macedo e insiste que a solução para esta questão passa por construir um novo hospital no Seixal.
“O que é necessário é que aqueles que têm responsabilidades nestas ocorrências as assumam plenamente. Aí é que se deviam ter verificado as demissões”, afirma, acrescentando que: “as responsabilidades são do Ministério e do ministro”.
A crise nas urgências do Garcia de Orta levou ao pedido de demissão dos sete chefes das urgências daquele hospital. Depois de promessas de medidas por parte da administração, os médicos afirmaram que vão esperar para ver resultados, mas recusaram tirar a demissão de cima da mesa.
Segundo Joaquim Judas, Paulo Macedo sabe “que várias vezes foram pedidas entrevistas que tinham a ver com a forma de se abordar esta questão. Não quis ouvir, como nunca quis ter em conta nenhum estudo técnico”.
“Até estranhamos que, sendo um Governo que diz ter tanto cuidado na aplicação dos recursos, tenha aplicado cerca de 120 milhões de euros no hospital Garcia de Orta quando todos os estudos mostram que o que é necessário é a construção de um hospital no Seixal” que, de acordo com as câmaras do Seixal e de Almada, custaria cerca de 60 milhões de euros.
“Os investimentos com certeza que são justificados, mas em relação ao atendimento dos doentes, não resolveram nada”, conclui o presidente da Câmara de Almada.

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Agência de Notícias

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