Empresas do parque Autoeuropa em risco de fechar

Trabalhadores do Parque Industrial em Palmela temem futuro 

As empresas do parque industrial da Autoeuropa, em Palmela, estão preocupadas com a possível estagnação da produção na fábrica do grupo Volkswagen. Uma situação que deverá ser agravada com a interrupção da produção do modelo VW Eos já este ano. Desta forma, encontrar novos clientes deverá ser uma prioridade para os fornecedores de componentes para automóveis presentes naquele parque como já muitas empresas fazem. Ainda assim, admitem os representantes dos trabalhadores, há empresas em situação difícil existindo "mesmo o risco de encerramentos”. Para reagir a esta situação, comissão executiva de trabalhadores das empresas vão realizar “uma reunião com todos os representantes dos trabalhadores das empresas do parque industrial, no próximo dia 2 de Fevereiro, com o objectivo de analisar quais as medidas a tomar”. 
Empresas do Parque da Autoeuropa buscam estratégia para a crise 

As comissões de trabalhadores das empresas fornecedoras da Autoeuropa, no parque industrial da fábrica em Palmela, estão preocupadas com o “esvaziamento” do negócio e falam em risco de “encerramentos”.
Num comunicado divulgado pela comissão executiva da comissão coordenadora das Comissões de Trabalhadores ligadas às empresas do complexo industrial da Autoeuropa, afirma-se que “o esvaziamento do negócio que se faz sentir em alguns fornecedores” faz com que nalguns casos estes "estejam a atravessar dificuldades na sua manutenção e nos postos de trabalho, havendo mesmo o risco de encerramentos”.
Para reagir a esta situação, a mesma comissão executiva anuncia que decidiu agendar um encontro com todos os representantes dos trabalhadores das empresas do parque industrial para o próximo dia 2 de Fevereiro, para analisar quais as medidas a tomar.
Em causa está também “a sistemática pressão para a redução de custos a que os fornecedores estão sujeitos”, quando concorrem a produtos futuros, o que se pode reflectir numa “política de baixos salários” e em “’dumping’ social”, acusa o comunicado, que surge na sequência de uma reunião realizada pela estrutura laboral.
“Não ter em consideração a componente social, mas somente a financeira, terá como consequência piores condições de trabalho, aumento da precariedade, e simultaneamente a baixa da qualidade e especialidade da mão-de-obra”, acrescenta a mesma entidade, que representa os trabalhadores dos principais fornecedores da fábrica portuguesa da Volkswagen.

2015 será pior que o ano passado 
De acordo com a Comissão de Trabalhadores a produção de 2014 da fábrica de Palmela deverá ficar nos 101 mil veículos, o que representa um ligeiro aumento de 9,7 por cento face às 91.200 unidades produzidas no ano anterior.
"As previsões para 2015 é de um ano de estabilidade melhor que 2013 mas inferior a 2014. A Autoeuropa não vai aumentar a produção em 2015 e 2016. Serão dois anos de alguma preocupação por causa dos fornecedores que dependem praticamente da fábrica e que será agravando com o fim do Eos", disse Daniel Bernardino, representante da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Volkswagen Autoeuropa, ao Diário Económico.  
As empresas sediadas no parque industrial em Palmela estão conscientes da dependência que têm da Autoeuropa como cliente e, como tal, procuram novos clientes fora de Portugal. Daniel Bernardino salienta que tem havido um esforço das empresas para diminuir essa dependência da fábrica do grupo Volkswage, como por exemplo a SMP, que fornece hoje a Seat em Espanha. 

Faurencia é exemplo a seguir 
A Faurecia, outra das fábricas do parque industrial é, provavelmente, a fabricante que mais tem reagido. "A Faurecia, outra das fábricas do parque industrial, foi a única a crescer [em 2014] e a criar emprego. Praticamente duplicámos o número de trabalhadores", refere Daniel Bernardino. No ano passado, a empresa, que produz peças de plástico e termomoldadas, fez contratos a termo a 55 trabalhadores, que este ano vão passar a efectivos. Além da Autoeuropa, a Faurecia tem como clientes a Land Rover, Opel, Mercedes e Nissan. 
Em 2014, Daniel Bernardino ressalva que o número de empresas no parque industrial se manteve estável, embora a redução do volume de produção do Eos, e o facto da Autoeuropa ter terminado a produção antes do final do ano, ter provocado alguns problemas. Em termos de emprego e embora ainda não tenha sido feito o balanço do número concreto de pessoas,  o responsável da comissão de trabalhadores sublinha que "não houve uma grande diminuição do emprego talvez até um aumento devido à Faurecia".

Fim da produção Eos preocupa 
Produção do VW Eos, em Palmela, chega ao fim este ano 
O fim de linha para o descapotável VW Eos, que deverá acontecer este ano, irá deixar em maus lençóis algumas empresas presentes no parque, principalmente a Webasto que produz o tejadilho do Eos. A Webasto, que já chegou a fazer 265 tectos de abrir por dia, em 2006, produzia 85 unidades/dia em 2009. "À excepção da Webasto não temos grandes dificuldades em muitas empresas", acrescenta. 
O VW Eos foi lançado em 2006, tendo sido um dos maiores desafios para a fábrica portuguesa. Pela primeira vez, a Autoeuropa produzia um veículo não só para o mercado europeu mas também para os Estados Unidos e Canadá. Este modelo recebeu uma actualização em 2010, mas as vendas continuaram em declínio. Em 2013, saíram apenas oito mil unidades do Eos de Palmela, uma quebra de mais de 28 por cento em relação a 2012.
A produção da Autoeuropa deverá aumentar com a chegada de um novo modelo, que não deverá acontecer antes de 2016. No ano passado, a administração da fábrica anunciou um investimento de 677 milhões de euros para implementar a nova plataforma modelar e assim poder receber novo modelos.




Comentários