Tráfego nos barcos do Tejo é o mais baixo desde 2011

Ligações fluviais entre Lisboa e o distrito de Setúbal perde 1,5 milhões de passageiros 

O transporte fluvial de passageiros, essencialmente na travessia do rio Tejo entre o distrito de Setúbal e a capital portuguesa, voltou a cair no primeiro trimestre deste ano e registou o comportamento mais negativo dos últimos três anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. A queda contínua do tráfego fluvial afecta também os automóveis. Estes números foram conhecidos numa altura que o Governo quer concessionar os barcos a privados. A operação deverá avançar em Setembro. Por outro lado, o número de passageiros de comboio e metro estão a crescer. 

Barcos do Tejo estão a perder passageiros 

As travessias do Tejo, exploradas pela Transtejo/Soflusa, representam 96,8 por cento do total, tendo perdido no primeiro trimestre 1,4 por cento dos seus passageiros. As quedas registadas noutras travessias fluviais - Sado, Aveiro e Ria Formosa - foram mais acentuadas em termos relativos, mas quase não têm expressão no resultado global, disse esta semana o INE [Instituto Nacional de Estatística].
No primeiro trimestre deste ano, os barcos transportaram 5,8 milhões de passageiros, o que representa o valor trimestral mais baixo desde pelo menos o início de 2011. Comparando o primeiro trimestre desse ano com o de 2014, o transporte fluvial perdeu 20 por cento do tráfego, o que equivale a quase menos 1,5 milhões de passageiros. O grosso desta evolução foi sentido nas operações da Transtejo e da Soflusa. As linhas Belém/Trafaria e Cais do Sodré/Cacilhas (Almada) lideram as perdas. Só a ligação ao Barreiro teve mais passageiros. As quedas foram também sentidas no tráfego rodoviário nas pontes sobre o Tejo, explorado pela Lusoponte, que caiu 5,8 por cento nos primeiros três meses deste ano.

Concessão a privados inclui barcos
Os números do INE são divulgados poucos dias depois de o governo ter anunciado a intenção de incluir as travessias do rio Tejo na concessão a privados do transporte público de Lisboa. De acordo com informação divulgada pelo Ministério da Economia, na consulta a investidores privados sobre a concessão do transporte fluvial em Lisboa surgiram cinco potenciais interessados, um número inferior ao registado nas consultas para outros meios de transporte. Talvez por isso o executivo tenha decidido incluir o transporte fluvial na concessão a privados que já só deverá avançar em Setembro, revelou no final da semana passada o secretário de Estado dos Transportes. "Acredito que possamos ter condições para, depois deste período de Verão, lançar o concurso em Lisboa, já incluindo a Transtejo e a Soflusa", disse Sérgio Monteiro. Em aberto está a participação da Câmara de Lisboa no processo.

Ferrovia ganha passageiros 
Comboios de longo curso estão a conquistar novos clientes 
A ferrovia foi a grande responsável pela recuperação no número de passageiros transportado no primeiro trimestre. O aumento de 3,5 por cento nos primeiros três meses do ano corresponde a uma aceleração da subida de 1,1 por cento, sentida no trimestre anterior, e interrompe um período de dez trimestres seguidos de perda. Só em Março se verificou um aumento assinalável, de 10,8 por cento
As maiores subidas registaram-se no transporte internacional, com um salto de 28 por cento e no tráfego interurbano, que inclui ligações de longa distância e regionais. Esta procura cresceu 9,2 por cento, completando três trimestres consecutivos de variação positiva.
Também nos metros o número de clientes cresceu 0,7 por cento iniciando um movimento de recuperação das quedas históricas no segundo trimestre de 2011. A inversão reflecte sobretudo o comportamento do metro de Lisboa, cujo número de clientes cresceu 0,8 por cento, num período de relativa paz social após as greves que perturbaram a operação de 2013.
O número de passageiros nos aeroportos continuou a crescer, sobretudo em Lisboa, onde o tráfego subiu 8,8 por cento até Março. Nas mercadorias, o movimento nos portos subiu 2 por cento, [estando os portos de Setúbal e Sines entre os que mais crescem], tendo o transporte por via rodoviária abrandado o crescimento do último trimestre de 2013. Ainda assim, cresceu 16,6 por cento nos primeiros três meses do ano. Já o transporte por ferrovia subiu 20,3 por cento em toneladas transportadas.

Agência de Notícias

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