AMRS marca protesto no Ministério da Saúde

Câmaras não querem hospitais do Distrito com menos valências 

“Pelo Direito à Saúde”, no dia 27 de Junho, às 10h30, a Associação de Municípios da Região de Setúbal e, consequentemente, todos os Municípios que a integram – Almada, Alcochete, Barreiro, Palmela, Moita, Montijo, Seixal, Sesimbra e Setúbal –, vão concentrar-se frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para exigir a revogação da Portaria que reorganiza os hospitais do Distrito de Setúbal e dizer "não" ao esvaziamento dos Centros Hospitalares do Barreiro-Montijo e de Setúbal e "não" à sobrelotação do Hospital de Almada. A Assembleia Municipal do Barreiro realizou uma reunião extraordinária solicitada pela população, que reuniu mais de 2800 assinaturas com o objetivo de discutir a situação da saúde no concelho.


Autarcas e população do Distrito manifestam-se em Lisboa dia 27
Segundo os autarcas da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), "o processo de destruição do Serviço Nacional de Saúde (SNS), desencadeado nos últimos anos com o encerramento de serviços de urgência, maternidades, centros de saúde, serviços de atendimento permanente, implementação e agravamento de taxas moderadoras, criação das parcerias público-privadas, agravou-se drasticamente a pretexto da aplicação do programa de assistência financeira a Portugal".
A AMRS, em geral, e a Câmara da Moita, em particular, já tinha manifestado, através da Moção “Contra o Encerramento de Serviços Hospitalares”, aprovada em Maio, a sua posição de frontal recusa à portaria que reorganiza a rede hospital do Distrito que conduz ao desaparecimento dos serviços de obstetrícia e maternidade, entre outras valências, dos Hospitais do Barreiro e de Setúbal, centralizando-os apenas no Hospital de Almada, enquanto outras especialidades médicas ficam a funcionar exclusivamente nos centros hospitalares de Lisboa, Coimbra e Porto. 
Para a autarquia da Moita, "todo este processo tem como única finalidade: a destruição do SNS em prol dos grupos privados que operam no sector da saúde". 

Moita disponibiliza transporte para Lisboa
De referir ainda que, na sua última reunião pública, a Câmara da Moita aprovou também uma Tomada de Posição sobre o funcionamento do Serviço de Atendimento Complementar no concelho. Em causa, está "a redução do horário deste atendimento, que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, através do Agrupamento de Centros de Saúde do Arco Ribeirinho, pretende fixar, já a partir do dia 28 de Junho, apenas entre as nove e as 15 horas, aos sábados, domingos e feriados", disse fonte daquela Câmara ao ADN. 
A Câmara da Moita "irá continuar a reivindicar, junto do Ministério da Saúde, a manutenção do horário de funcionamento do Atendimento Complementar e a requerer a intervenção deste ministério na resolução dos problemas já identificados, nomeadamente a falta de meios técnicos, logísticos e profissionais (médicos e enfermeiros) nos cuidados de saúde primários, assim como a necessidade de adequar as instalações de forma a dar uma resposta de qualidade e acessível a todos". 
A AMRS convida as populações de todo o distrito de Setúbal a manifestarem-se “Pelo Direito à Saúde”, no dia 27 de Junho, pelas 10h30, frente ao Ministério da Saúde, na Avª João Crisóstomo, em Lisboa. 
A Câmara da Moita disponibiliza transporte para Lisboa, devendo os interessados inscrever-se na sua junta de freguesia.

Barreiro discutiu perda de valências no hospital 
A Assembleia Municipal do Barreiro realizou uma reunião extraordinária solicitada pela população, que reuniu mais de 2800 assinaturas com o objetivo de discutir a situação da saúde no concelho. “As preocupações acentuaram-se com a publicação da nova portaria que pode colocar em risco valências no Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, como o caso da maternidade”, disse Fernanda Ventura, uma das proponentes do pedido de Assembleia, que pertence à Associação de Mulheres com Patologia Mamária.
A responsável referiu que está a ser efetuado um abaixo-assinado para conseguir levar o assunto a discussão na Assembleia da República, explicando que se sente “cada vez mais os efeitos dos cortes” nos serviços prestados no hospital. Fernanda Ventura apresentou uma moção contra a nova portaria, que classifica o Hospital do Barreiro como do Grupo I, o mais baixo do conjunto de grupos, condenando também o encerramento do Centro de Saúde do Bocage, que ocorreu recentemente.
As várias forças políticas com assento na Assembleia Municipal criticaram a situação do hospital e a nova portaria, tendo aprovado duas moções, uma dos proponentes da assembleia extraordinária e outra do PS, em defesa do Serviço Nacional de Saúde. Os deputados municipais referiram que em causa podem estar os serviços neonatologia/obstetrícia, bem como outras especialidades como a oftalmologia, otorrinolaringologia, pneumologia, cardiologia, gastroenterologia, oncologia médica ou infeciologia.

A ausência do PSD causou mal-estar na Assembleia  
Os eleitos municipais do PSD não marcaram presença na assembleia extraordinária, tendo explicado, em comunicado, que se tratava de "pura propaganda político-partidária" do PCP, defendendo que o PCP fez uso "indevido e ilegítimo" da Assembleia Municipal para "organizar manifestações populistas de pura propaganda político-partidária".
Durante a assembleia extraordinária, as várias forças políticas criticaram a ausência dos sociais-democratas daquele que consideraram ser um tema “da máxima importância”. Jorge Espirito Santo, eleito pela CDU, referiu que o PSD “desonrou-se” pela ausência e pelos motivos que apresentou, considerando que os sociais-democratas “não gostam do Barreiro e dos seus cidadãos”.
André Pinotes Batista, do PS, acusou o PSD de “fugir” ao debate, enquanto Carlos Salgueiro, do MRPP, agradeceu aos sociais-democratas, defendendo que “eles estão muito presentes, pois se não fossem eles não estávamos aqui”.
“Não costumo comentar posições políticas dos partidos. A ausência do PSD não deve estar no centro desta assembleia, porque o mais importante é a posição comum em defesa do Centro Hospitalar”, disse Carlos Humberto, presidente da Câmara do Barreiro.

Agência de Notícias

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