Festas do Pinhal Novo com fim de Semana intenso

Noite de Fogo e concerto dos UHF "surpreendem" nação pinhalnovense 

A noite de Sábado das Festas Populares trouxe para as ruas de Pinhal Novo os tempos do Festival Internacional de Gigantes. Os Bardoada trouxeram outros amigos com bombos e a noite de fogo foi, sem dúvida, uma das melhores das Festas até agora. O fim de semana foi ainda marcado pelo grande concerto dos "velhinhos" UHF que, sem exageros, deram um dos melhores concertos deste ano das Festas Populares de Pinhal Novo. Mas houve muito mais neste fim de semana: sardinhada, bailarico, festival de folclore, passeio das pasteleiras, o piquenique caramelo, vários concertos, procissão em honra do padroeiro da vila e muita animação. 

Noite do Fogo atraiu milhares de pessoas as ruas de Pinhal Novo 

Milhares de pessoas reuniram-se nas ruas de Pinhal Novo no último sábado. No palco do coreto dançava-se as tradições. O Festival de Folclore com assinatura do Rancho Folclórico Danças e Cânticos dos Olhos de Água trouxe ranchos e cantares de outras terras portuguesas, de sul a norte, e todos, sem excepção, deram vida enorme à noite das tradições, sempre com muito público por ali à beira do lago da principal praça verde da vila.
Quase à mesma hora outros tantos milhares espalhavam-se pelas ruas deste Pinhal Novo em Festa. A Noite de Fogo prometia ser grandiosa dizia-se no inicio. E foi. Pinhal Novo voltou a ser a casa dos gigantes por uma noite, lembrando tantas e tantas noites do Festival Internacional de Gigantes que, ano sim ano não, visitava a vila. Gigantes reinventados em muitas formas, tantas que permitem a imaginação e o talento das diferentes culturas do mundo. Entre fogo, luz, cor e música, os gigantes desfilaram de tantas formas e feitios. Sempre animadas ao ritmo dos bombos e da percussão dos Bardoada – o grupo da casa – que voltou a seduzir quem pelo Pinhal Novo passou na noite de sábado. Ao lado dos Bardoada desceram a avenida outros grupos, vindos de Portugal e Espanha e espalharam  a surpresa, o espanto e o gigantismo andou de mãos dadas com o tradicional com os cruzamentos ao que hoje é contemporâneo. Numa espécie de “tudo é permitido”, este foi, sem dúvida, um dos espectáculos de rua mais surpreendentes das Festas deste ano. Como dizia alguém na multidão: "Pinhal Novo também é terra mãe de outras culturas". E seria muito interessante nos próximos anos se manter esta fusão entre as Festas Populares e aquilo que foi, noutros tempos, o Festival Internacional de Gigantes. A festa acabou no palco principal com grande intensidade com todos os grupos envolvidos e um espectáculo de fogo, muito fogo. 
Festa que continuou no bailarico popular no Polidesportivo com os Contraponto que agarrou o povo que queria dar pézinhos de dança. E eram muitos, a julgar pela afluência ao recinto. Meninas a dançar com meninas, mulheres de meia idade com senhores de gravata. Crianças, adultos, pares mais românticos com casais que destoavam do ritmo. Tudo alegre, tudo feliz... tudo em festa.
Num recanto do jardim, oferecia-se sardinhas e vinho. Era a noite da sardinhada e muitos não deixaram de experimentar uma sardinha – ou várias – com pão e vinho. “Isto é o melhor da Festa”, dizia-se por lá.

Do piquenique caramelo à procissão 
Caramelos reuniram-se no piquenique no Jardim 
Elas e eles, e as crianças também, estavam prontos para “entrar numa aventura”. Vestiram-se a rigor, “passaram o sabonete das canelas à cintura” e ai estavam elas e eles prontos para o piquenique em nome de João Henrique, um dos fundadores das festas.
Sardinhas, carapaus, saladinhas para acompanhar, a bela da febra, o chouriço assado, e, claro está, a sopa caramela para uma bela barrigada.
A “mine” e o “binho a granel” também não faltou. A bela da bifana juntou-se ao almoço e foi uma festança. Mas também houve favas, caldeirada e outros pratos muito caramelos "que ninguém sabe do que é feito", dizia um caramelo vestido com roupa de domingo.
E já com tudo na malhada – que é como quem diz, no almoço, - foi uma alegria. Cantaram, comeram, contaram-se piadas, andou-se de pasteleira ao despique e até houve tempo para meter a conversa em dia... uma grande tarde.
De “barrigada cheia”, os caramelos passaram pelas brasas à sombra dos plátanos do jardim, enquanto a canalha brincava por ali e outros preferiram passear pelas barracas da feira ou dar um salto à Igreja, ali ao lado, para assistirem à procissão de São José, o padroeiro da vila.
Procissão saiu do adro da Igreja e percorreu as ruas de Pinhal Novo. Em silêncio, em oração, em busca de fé, as imagens de santos desfilaram pelo meio do povo. Acena-se das janelas, ajoelha-se uma senhora quando a imagem de São José passa na alameda. A banda da SFUA acompanhou os passos da procissão em honra de S. José e à frente a fanfarra dos bombeiros do Pinhal Novo. A procissão de fé terminou, como sempre, na porta da Igreja com o mesmo nome. O Padre Ramalho agradeceu e apelou há fé e há força dos homens para ultrapassar esses tempos de crise e angustias. 

O lado "feliz" da Festa 
Coramelos, a nova aposta da SFUA de Pinhal Novo 

A tarde caiu ao ritmo impressionante dos atletas da Vivência Explosiva. Por esta altura milhares já estavam pelas mesas da gastronomia em volta das sopas caramelas, da sopa dos gordos, dos petiscos e do chouriço quando o grupo de atletas subiu ao palco e contagiou a vila. Fazia-se exercício em cima do Palco e... dançava-se no chão. "Isto é uma explosão de alegria e de animação", dizia uma mulher à beira do palco que dançava, tirava fotografias e ainda gritava. Tudo junto enquanto ali ao lado se comia serenamente. 
Depois do exercício físico contagiante subiram ao palco os Coramelos da SFUA. Os primeiros foram as crianças, que cantaram ao vivo pela primeira vez e logo para uma multidão. E foram fantásticos, sem dúvida. Mais tarde, os "juvenis" do Coramelos mostraram como a SFUA, a velha senhora de Pinhal Novo, trabalha os jovens da terra. Tudo resumido numa frase: "Simplesmente bom", dizia um casal de namorados que por ali estava a ouvir e a cantar a versão dos Coramelos de Happy. 
Esta foi ainda noite de um grande concerto da Orquestra Nova de Guitarras, que no palco do coreto reuniu umas centenas de pessoas deliciadas com a qualidade desses jovens músicos de Pinhal Novo. E ali ao lado, a Marcha dos Amigos de Baco mostraram que a tradição das marchas continua viva em Pinhal Novo. Foram poucos, é verdade, mas muito bons. E eles merecem ser reconhecidos pelo esforço...

Bem vindos ao mundo do UHF
UHF deram concerto memorável em Pinhal Novo 

Uma multidão de gente esteve no domingo à noite para ver o melhor rock português; o UHF. Durante a tarde, pela gastronomia, já alguns fãs improvisavam um piquenique e afinavam a voz a (tentar) cantar um dos clássicos da música portuguesa: Menina que estás à janela. A cantiga não estava afinada e os amigos riram dos enganos. Mas haveria de estar todos prontos para aquele que foi o melhor concerto do ano [até agora] em Pinhal Novo.
Os UHF passaram pelas Festas de Pinhal Novo, há 12 anos, mas sem muito impacto na altura. Agora noutro espaço e com outra força, Pinhal Novo surpreendeu António Manuel Ribeiro. Foi um concerto em crescendo. Quando começou ainda o recinto não estava cheio... mas depressa se percebeu que este seria um concerto especial, muito especial da banda de Almada.  Um concerto marcado por memórias, histórias, que não cabem em apenas duas horas, e canções que, ainda que de outra geração, permanecem atuais e cantadas por todas as gerações. 
“Os putos vieram divertir-se", "A minha Geração" e “Matas-me com o teu olhar”,  foram recebidas de braços no ar e com um coro de vozes com as letras na ponta da língua. “Vejam bem”, de Zeca Afonso, adotados mais recentemente pela banda de Almada, a comemorar os 40 anos do 25 de Abril e a ‘geração dos UHF continua a acreditar em promessas, como disse António Manuel Ribeiro, que, apesar de tudo, confessou manter-se optimista. Este foi, aliás, um concerto com muita crítica social e muito dialogo entre grupo e público. 
No entanto, foram os êxitos do encore que levaram o público ao delírio total. Os “Cavalos de Corrida”, o tema mais pedido durante o espetáculo, levou o Pinhal Novo ao rubro. Numa altura de despedida, em que o vocalista e guitarrista agradeceu “por estarem connosco há tanto tempo”, foi "Rua do Carmo" e “Menina estás à janela” que caiu no topo de um bolo, de uma noite de velhas glórias do rock cantado em português e de partilha de memórias, que não se contam em duas horas, mas quem gosta pôde levar para casa contadas em livro, autografado pelo próprio António Manuel Ribeiro que se despediu com uma frase que resume tanto. "Impressionante como as Festas de Pinhal Novo cresceram". 
As Festas entram na reta final cheias de boa energia. Hoje há fado no coreto, Riot Genation no Pátio Caramelo, Corrida de Toiros e a Noite da Popular FM cheia de gente bonita da música popular portuguesa. Amanhã, Paulo Gonzo, lá para a meia-noite e tal, fecha o pano em mais uma edição das mais populares festas do Concelho de Palmela e uma das maiores do distrito de Setúbal. 

Paulo Jorge Oliveira 


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