Festas do Pinhal Novo abriram com milhares de pessoas

Herman José  em espectáculo único e memorável marcou primeiros dias das Festas Populares 

Pinhal Novo está em festa há dois dias. No primeiro dia [na quinta-feira] houve milhares de pessoas nas ruas e avenidas da vila. Uns à procura da rainha da festa [leia-se, sopa caramela], outros apenas a passear e ainda aqueles que encheram o relvado da Praça da Independência para ouvir - e rir - com Herman José que trouxe ao principal palco da Festa, um espectáculo surpreendente. Antes dele, Jorge Nice abriu a noite dos sorrisos no palco da Gastronomia. Ontem, depois de uma tarde chuvosa, a  noite fez-se de dança, tunas e aventuras. As Festas Populares só de despedem de Pinhal Novo na madrugada de quarta-feira.  

Herman José deu espectáculo imperdível em Pinhal Novo 

Em nome de José Maria dos Santos, da maior vinha do mundo, do vinho que também há. Dos caramelos que chegaram das beiras, dos homens e das mulheres do Alentejo e do Algarve que chegaram no princípio do século para trabalhar nos caminhos-de-ferro, dos comboios, dos ferroviários, dos caramelos de ir e vir. Em nome do entrecruzar de culturas e mentalidades, deste emaranhado de coisas e sentimentos, a Festa chegou à bonita idade de 18 anos. "Já é pessoa grande e já pode escolher", dizia alguém durante a cerimónia de abertura das Festas Populares, na passada quinta-feira, na Junta de Freguesia de Pinhal Novo. Local, lembrou Álvaro Amaro, presidente da Câmara de Palmela, "onde tudo começou há 18 anos".  
Corria um vento fresco de leste quando se ouviu o primeiro foguete a anunciar que a Festa da maioridade estava na rua. Ainda as entidades oficiais discursavam na Junta de Freguesia e já o povo fazia a festa na rua. A primeira paragem é para encontrar amigos junto de uma grande mesa recheada de sopa caramela, febras com pão a acompanhar e um copo – e mais outro – do melhor vinho que se faz por cá.
Amigos que se encontram, desconhecidos que se cruzam nas barraquinhas de comida, negócios que se discutem nos espaços comerciais. Gente da terra mistura-se com outras gentes e todos juntos pintam o coração da vila de um mar de gente. A primeira grande enchente.

Apá Nice como é que é?
Jorge Nice voltou a conquistar Pinhal Novo 
Ainda os gaiteiros da Carregueira e a madrinha da Festa [a bonita Rita Santos] abriam espaço para que as entidades oficiais pudessem “baptizar” stand a stand, e já havia música na zona da gastronomia. 
Já ninguém dispensa a sua presença em palco. Jorge Nice canta e encanta plateias, com as suas músicas, especial diversão, capacidade de improviso e sotaque à xarroco setubalense e, este ano, também à caramelo!
“Apá Zé, que peixe é”, levou a plateia – em grande número – ao rubro. “As gajinhas” (pequeninas e grandes, descomplexadas e complicadas) vieram daqui e de longe para o aplaudir de pé. Não houve choco frite para o jantar mas houve quem lhe oferecesse uma bela sopa. Pelo palco... também passou a brasileira da rua das Fontainhas, e a Vala da Salgueirinha, "dos amigos da Carroça" e outros grandes temas.
Ri, dança, conta piadas, canta e brinca como poucos. "As Festas já não passam sem ele a abrir", dizia-me uma menina à frente do palco a dançar. "Já o vejo há anos aqui e adoro-o sempre. É a melhor maneira de começar uma festa... depois disso é só sorrisos", dizia outra menina ali ao lado. "Só falta o Nice bir de Famel pá!", gritava alguém...
No coreto, a banda da SFUA dava espectáculo a quem passava. É um produto de Pinhal Novo e cheio de qualidade. E cada vez estão mais exigentes e melhores. Mereceram a ovação final do público.
Em caminho para o grande espectáculo da noite, os Balha Ca Carroça, eles que são uns filhos da Festa, distribuíam danças, tradição e alegria por todo o lado e no Pátio Caramelo havia outras músicas e outra animação, sempre regada com imperial, um copo de tinto e umas febras para encher a barriga. 

Herman, o senhor feliz e contente 
Herman foi buscar as suas bailarinas ao público 

E ainda antes de tudo isso já existia, desde o meio da tarde, alguns fãs de Herman, o senhor feliz, que subiu ao palco principal às 23 horas. "Estou aqui simplesmente porque amo o Herman", dizia Mariana que trouxe o marido, os filhos, duas amigas, o tio e a vizinha da Quinta do Conde só para o ver "de perto e de graça". E todos juntos mantiveram-se por ali até ao início do primeiro grande espectáculo das Festas.  
Herman José dispensa apresentações. Artista multifacetado, dono e legítimo proprietário de um património humorístico que fez escola no país, tem conquistado público(s) de várias gerações no país e no estrangeiro.
Apesar das suas presenças assíduas na televisão, Herman José nunca deixou de fazer o que lhe dá mais prazer: estar junto dos seus fans.
Pouco passava das 11 da noite quando se começou a ouvir "És tão boa". O público, que enchia a praça, cantou com ele. Era o inicio. Mas o espetáculo de Herman José não ficou só pela música. Num show que durou quase duas horas, o artista encarnou personagens de sucesso. Uma viagem de 30 anos de carreira com muito humor, música e improviso que dependeu sempre do público, do ambiente e do espírito do momento.
A música esteve sempre presente, com um Herman que cantou, representou, contou piadas, riu e fez rir.O seu conteúdo baseou-se em mais de trinta anos de carreira, na recuperação de muitas histórias de carreira hilariantes e verídicas (que passam pela imitação de muitos colegas e cantores com quem privou), misturadas com a evocação de algumas personagens de sucesso (José Estebes, Maximiana, Nelo, Serafim Saudade, Tony Silva), e uma dose quanto baste de “stand up comedy”, embrulhadas numa forte componente musical.
A carreira do Herman José confunde-se com o Portugal pós-Abril. Nasceu com a liberdade, e alimenta-se dela. É uma espécie de impressão digital de uma democracia que tem tanto de rica como de truculenta.
Como “bom filho à casa torna”, este espectáculo recuperou a energia dos seus primeiros anos de vida artística passados no palco, servidos por (pelo menos) sete “instrumentos” dos muitos com que burilou a sua extraordinária carreira: uma viola baixo, uma viola acústica, um piano elétrico, as maracas e até deu uns toques na vuvuzela, ou melhor nos diversos usos que se pode dar ao instrumento. Por lá também passaram,  a cabeleira do Serafim Saudade, a “pochette” do Nelo e a gravata do José Estebes. Um espectáculo único, intimista, musical, hilariante, e – diz quem lá estev – imperdível!
Cantou em português, passou pelo inglês, pelo ucraniano e pelo chinês. Mas foi a canção do Beijinho, o Saca Rolhas e o Vamos Lá Cambada que fizeram o povo delirar e a querer mais.
Herman confessa que “não nasci para estar do lado de fora do palco. É em frente às luzes, embalado pelo som das palmas e das gargalhadas que me sinto feliz”. Qual o segredo para este estado de espírito, tendo em conta os muitos anos de carreira? "Imagino que seja algo que nasceu comigo. Desde os tempos do Jardim Infantil me lembro como o 'palhaço de serviço', o 'bobo da corte' ou o protagonista prodígio das peças de final de ano…ser testemunha ou espectador em vez de agente ativo, é algo que me deprime", disse Herman que garantia antes do inicio que esta "vai ser uma noite mágica".
O grande concerto acabou com "Serafim Saudade" a recrutar quatro bailarinas / cantoras do público para interpretarem os dois temas finais. E ainda teve tempo para escrever uma dedicatória a uma menina do Barreiro que subiu ao palco com o livro de Herman José na mão.
"Estamos felizes porque viemos ao Pinhal Novo ver o rei", dizia no final a família de Quinta do Conde.

Chuva não estragou segundo dia  
Tunas animaram a segunda noite das Festas Populares 
O segundo dia começou com chuva, muita chuva, mas há hora da Festa, São Pedro mandou a chuva parar e o pessoal agradeceu. A noite, norma, aqueceu com Danças de Salão no Palco Principal pelo grupo Dance Project, da Lagoa da Palha, e ATA Dança. Logo a seguir, uma mão cheia de tunas académicas inundaram o principal palco das Festas de boa música e muita animação. No Pátio Caramelo, há meia-noite, um DJ fazia a delicias de centenas de jovens que por ali estavam...
A grande Festa continua este fim de semana com diversas atracções. Hoje há a noite de fogo, um festival de folclore, sardinhada e Punk Sinatra no Pátio Caramelo. Amanhã, logo depois da arruada  dos Gaiteiros da Carregueira, há passeio das pasteleiras, o piquenique caramelo, procissão em honra de São José,  Jazz, Fitness, muita música e toiros, e a fechar a noite os míticos UHF no palco principal. E nas mesas da vila a Sopa Caramela, o símbolo máximo desta primeira grande festa do ano no Distrito de Setúbal.

Veja AQUI as melhores fotos dos primeiros dias das Festas Populares de Pinhal Novo 

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