Festas de Pinhal Novo encerram em grande

O homem do bicho, o pimba chique e os jardins proibidos no fim das Festas 

As luzes apagaram-se. As barracas foram desmontadas. As pessoas regressaram a casa. A festa acabou. Foram seis dias e sete noites para a alma, para o povo sentir as suas origens. Agora, os primeiros balanços, apontam para mais um êxito de mais de 100 mil almas que estiveram nesta aventura das Festas Populares do Pinhal Novo. As últimas duas noites [segunda e terça-feira] trouxeram milhares de pessoas para ver uma noite em grande da Popular FM e o concerto de Paulo Gonzo que fechou a edição 18 das Festas de Pinhal Novo. 

Vira Milho colocou Pinhal Novo a "amochar" 

“A festa chegou ao fim tão depressa”, dizia na última noite uma mulher à frente do palco principal.
Em nome das sopas caramelas, [que esgotaram todas as noites], dos carrosséis, das tasquinhas, dos encontros musicais ao serão, em nome da urbanidade e da ruralidade, onde se encontram os caramelos das beiras, os galegos, os alentejanos e os algarvios, que é a razão de ser da terra de Pinhal Novo, do desenvolvimento do caminhos de ferro, do turismo e do progresso económico. Em nome deste entrecruzar de culturas e mentalidades, deste emaranhado de coisas e sentimentos, houve muito para descobrir na edição que marcou a maioridade das Festas.
Quatro braços enlaçados num abraço de dois corpos unidos por um beijo só, prolongado, suave e doce como a lua ao Pinhal Novo, para lá da linha do comboio, em contraluz dourado, quando mais uma tarde de Primavera chega ao fim. Talvez seja pelo rasgado da paisagem, pelo voo inquieto e amplo dos pardais, talvez seja pela vastidão da torre de controle dos Caminhos de Ferro que Cotinelli desenhou ou pela simples viagem que o vaivém, incessante, de pessoas e comboios, entre cidades grandes, o Alentejo e o Algarve... talvez pela pureza dos pinheirinhos, o cenário do Jardim em homenagem ao Pai da terra - José Maria dos Santos - é ainda, a avaliar pela densidade de pares de namorados, a mais romântica das praças de Pinhal Novo.
Ali, sentados à beira do lago, dois namorados discutiam o “melhor momento da festa”. Era o último dos dias. Ela, tímida, respondeu que gostou muito da Noite da Popular FM. Ele, no estilo mais roqueiro, apontou o concerto dos UHF como “o mais marcante”, e explicou. Vi-os em Pinhal Novo há 12 anos e, neste ano onde estiveram também os espanhóis La Frontera, João Pedro Pais, entre outros, já fiquei rendido ao grande estilo dos UHF. Este ano regressaram ainda com mais poder, com mais atitude em palco e, tal como há 12 anos, o concerto acabou com os ‘Cavalos de Corrida’. Vivi memórias nesse concerto”, disse Filipe ao ADN. “No entanto estou muito curioso para ver o Paulo Gonzo, certamente irá ser outro momento especial”. E foi mesmo. Mas já lá vamos.

A noite mais longa das Festas 
Carlos Santos e Susana Roldão apresentaram noite da Popular FM
Mas regressamos a segunda-feira. Havia menos pessoas a circular nas ruas de Pinhal Novo, menos calor humano. O penúltimo dia das Festas Populares arrancou a um ritmo calmo mas muito divertido e cheio de surpresas boas. Mas se nas ruas parecia haver menos gente, em tudo que era palco de eventos existia “uma pequena” multidão a ver. Na demonstração de fitness de um conhecido ginásio da vila, nos fados interpretados com alma e coração pelos fadistas da terra. O aplauso foi mais que merecido. E cantou-se bem pelo palco da gastronomia.
Chegou de novo – depois de anos ausente – há três anos ao palco principal e, desde então, tem vindo a consolidar-se como uma das apostas principais das Festas. A noite da Popular FM foi mesmo a noite mais longa das Festas populares, com quase três horas de muita música popular que aqueceu uma noite que parecia morna.
Susana Roldão e Carlos Santos fizeram as honras da noite e apresentaram-nos um concerto, com oito artistas, muito bonito e muito animado. Coube a Tiago Costa aquecer a multidão que já se encontrava concentrada em frente ao palco. Ele que desceu de Viseu para vir apresentar três músicas a Pinhal Novo e surpreendeu. Pela voz, pela música e pela segurança. Ainda desconhecido de muita gente, o jovem que brevemente lançará um disco e vai ter uma música na nova novela da SIC, é um exemplo de dedicação. Soube agarrar o público em apenas três canções muito bem conseguidas.
Outra das boas revelações da noite foi Filipe Delgado que passou pelas Festas de Pinhal Novo o ano passado como visitante e voltou agora para tocar no palco principal. Romântico o quanto baste e com garra na voz, revelou-se numa boa surpresa para o muito público que não gostou de o ver partir.
Tânia Sampaio chegou com “estrondo” ao palco e deixou todos com o “coração a bater mais forte”. Ela é bonita, canta bem, tem ritmo no corpo e na melodia, sabe cativar o público e, o principal, deixa tudo em palco. Veio sozinha de longe, muito longe, para conquistar o público do sul. “Esta menina respira música”, gritava alguém à beira do palco. E respira mesmo. O ritmo foi bem forte de princípio ao fim.
Bruna chegou ao ritmo quente do “funaná” e por lá ficou até levar o público ao êxtase com “quero-te de volta”. Um dos momentos mais bonitos de uma noite surpreendente, por onde também passou Pedro Miguel em bom nível. 

Tocar o bicho e amochar nas Festas
Ginástica atraiu centenas de pessoas no último dia das Festas 

Iran Costa voltou a “tocar o bicho” no Pinhal Novo para delírio de muitos fãs de uma canção que fez história em Portugal. E o “bicho” pegou e por lá ficou a cantar quatro músicas cheios de ritmos quentes e dançantes. Belito Campos, que é da casa [leia-se da Popular FM] voltou a encantar o público. Trouxe a inevitável “Joaninha Vasconcelos” para dançar uma kizomba, e falou “muito bem” com o público, o seu público, que lhe atirou beijinhos mil, abraços aos molhos e lenços. Houve até quem saltasse a vedação de segurança do palco para estar mais perto do artista que foi embora ao som do “Portugal é sexy”. Voltaria para a grande final da noite com todos juntos a cantar o hit do cantor mais popular da Rádio da terra.
Já a madrugada ia alta quando se gritava lá da porta dos fundos: “Ai assim matas o pai”. O povo sorriu porque só queria “amochar” o resto da noite com as “sete marias” que vinham com o êxito do momento: Vira Milho. E o resultado foi deslumbrante e fez “tremer bumbuns” durante os 15 minutos que esteve em palco. Designa-se como “pimba chique” ou "pimba dos jovens" e, goste-se ou não das letras, o público do Pinhal Novo fez “mi mi nhe nhe” e acabou com um grande “like” ao Vira Milho, o próprio, e às sete marias que o acompanham [não se sabe se vieram todos num carro velho] para dançar muito e amochar ainda mais... afinal nessa dança “nada é proibido” e reza a historia que ninguém ficou para tia! Foi, sem dúvida, um serão bem passado.
E já com a música acabada e os artistas nos bastidores, continuou tudo a dançar e a bailar. Era a festa a entrar no último dia ao ritmo da alegria.

O Jardim de Paulo Gonzo 
Paulo Gonzo encerrou Festas com um grande espectáculo 
10 de Junho, dia de Portugal é também o último dia das Festas Populares. Houve xadrez a serio no jardim, ginástica no polidesportivo, grupos corais e bailarico no palco da gastronomia, música sacra na igreja, largada de toiros e a demostração de uma escola de música de Pinhal Novo, no Pátio Caramelo. Tudo isso com milhares de pessoas nas ruas. 
A caminho do principal palco, no meio da multidão o irrequieto rancho Balha Ca Carroça espalhava tradição. As ruas estavam cheias de gente e à frente do palco centenas de meninas e mulheres ensaiavam uma espécie de cantiga para o último artista convidado da noite: Paulo Gonzo. Mas muitos mantinham-se pela feira, pelos pavilhões comerciais e onde houvesse “comida e bebida”. O grupo étnico da América do Sul também tinha por ali, frente à estação, centenas de fans que acompanhavam o som desta banda que todos os anos está a dar música ao Pinhal Novo.
De volta a Paulo Gonzo... Cantou, tocou, riu, divertiu-se e divertiu a multidão que enchia a Praça da Independência. Começou com blues e achou que o concerto foi “muito bom” o público interagiu e gostou. Paulo Gonzo, nome artístico de Alberto Ferreira Paulo, com uma carreia artística que começou em 1975, com o grupo Go Graal Blues Band, do qual foi fundador, um grupo português de blues rock que cantava unicamente em inglês.
Anos depois em 1984 decide começar uma carreia a solo. Cantando ora em português ora em inglês com um género rock, pop e blues, que o cantor foi buscar para fechar as noites loucas de Pinhal Novo em festa.
Deixa para a história da música portuguesa contemporânea êxitos como: “Jardins proibidos”, “So Do I”, “Sei-te de cor”, “Falamos depois”, “Dei-te quase tudo”, temas que marcaram o Pinhal Novo num concerto que de certeza ficará para a história.
A noite ia no fim, os olhos estavam já tristes mas o esplendor do fogo de artifício devolveu aos milhares de pessoas o encanto. O encontro permanente das origens e destinos estava - oficialmente - fechado mas com data marcada de regresso; em Junho de 2015 para mais noites assim.

Veja AQUI as melhores fotos dos primeiros dias das Festas Populares de Pinhal Novo 


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