Governo decide em Abril porto na Trafaria ou Barreiro

Alargamento do Porto de Lisboa vai avançar sem investimento público


O ministro da Economia, António Pires de Lima, assegurou que o alargamento do Porto de Lisboa avançará sem investimento público, adiantando que existem empresas privadas interessadas no desenvolvimento destas infraestruturas. Em cima da mesa está a construção de um novo terminal de águas profundas - na Trafaria ou no Barreiro - ou o reforço do Terminal de Alcântara.

Ministro anuncia local  do terminal de contentores em Abril 

O ministro da Economia, Pires de Lima, sublinhou ontem de manhã na audição na Comissão de Economia e Obras Públicas que o Governo ainda não tomou uma decisão quanto à localização do novo terminal de águas profundas do porto de Lisboa, mas revelou que nas próximas semanas poderá ser conhecida a opção final. Pires de Lima assegurou que "só vamos apresentar uma decisão em reuniões do Conselho de Ministros no final de Março ou início de Abril", isto porque o Governo ainda pretende ouvir o contributo de mais deputados sobre esta matéria.
Em cima da mesa está o eventual alargamento do Terminal de Alcântara - que contará sempre com uma restrição do ponto de vista ambiental - ou a construção de uma nova infra-estrutura de águas profundas, em que as opções são na Margem Sul do Tejo: no Barreiro ou na Trafaria, Almada.
Durante a audição, o ministro da Economia voltou a enumerar os pontos que justificam a necessidade de aumentar a capacidade do porto de Lisboa. Para o governante há duas opções: "manter o actual 'status quo' com uma infracapacidade portuária em Lisboa que não tem equivalência com a procura deste porto" ou "pensar no seu desenvolvimento".

Barreiro ou Trafaria recebem novo porto 
Sobre as duas localizações, Pires de Lima revelou que tanto o Barreiro como a Trafaria estão a ser estudados, existindo já o interesse do sector privado em contribuir para a construção e eventual concessão do novo terminal. De acordo com o responsável pela pasta da Economia, a avançar uma destas localizações implica "investimento público zero ou tendencialmente zero".
"Existe assumidamente interesse de empresas de operação privada no desenvolvimento do porto na margem sul do Tejo, seja na Trafaria ou no Barreiro, tal como existe no terminal de Alcântara. Estamos a fazer alguns estudos que ainda não estão concluídos, mas aquilo que posso garantir é que estes investimentos avançarão na medida em q não exijam investimentos públicos para o desenvolvimento destas infraestruturas", afirmou o ministro.
"Com a opção Barreiro, temos a ponte Vasco da Gama. E o investimento em infraestruturas rodoviárias e ferroviárias serão muito minimizadas se a localização final escolhida for o Barreiro", apontou Pires de Lima, defendendo também um investimento privado ao nível ferroviário, caso a opção adotada seja a Trafaria.

Ministro quer coordenação com Setúbal e Sines 
Barreiro mostra-se disponível para receber novo porto de Lisboa 
Recordando os problemas ambientais e "controvérsia que existe há vários anos" associados à construção de um porto de águas profundas no Estuário do Tejo, a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou ainda que "não basta que um operador privado tenha interesse em construir este terminal para que ele seja do interesse nacional".
A deputada do PS, Ana Paula Vitorino, defendeu uma coordenação entre os portos de Lisboa e Setúbal: "Não se trata de nenhum preconceito político, trata-se de ver ou não se é necessário o porto", disse a ex-secretária de Estado dos Transportes do primeiro Governo de José Sócrates.
António Pires de Lima afirmou, por várias vezes, que os dois portos não são concorrentes, mas complementares, exemplificando com "os operadores interessados são diferentes e têm vocações diferentes", disse. E reafirmou que "não abdicamos de uma visão estratégia de crescimento do porto de Lisboa em complemento com o desenvolvimento do porto de Sines e o de Setúbal".
O modelo de alargamento do porto de Lisboa conta também com o aval positivo das autarquias tanto da Margem Norte - Lisboa - como das autarquias do distrito de Setúbal, especialmente da Câmara do Barreiro.
Sem querer se comprometer com valores, Pires de Lima acabou por confirmar que a estimativa de investimento numa destas opções para o terminal deverá rondar os 600 milhões de euros.

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