Contratos suspensos em Metalomecânica de Sines

Ordenados em atraso atingem mais de 30 de um total de 80 trabalhadores

Mais de 30 dos cerca de 80 trabalhadores com ordenados em atraso de uma metalomecânica de Sines têm os seus contratos de trabalho suspensos, uma medida que dará tempo à empresa para recuperar, garantiu o diretor-geral que descarta o fecho da empresa. "Não passa pela nossa cabeça", diz o gestor. O sindicato entende a direção da fábrica e promete "não  interferir" na decisão. 

Empresa de Sines suspende contratos de trabalho para ser viável 

A Compelmada Internacional, detida pelo Grupo FTM, de Francisco Tavares Machado, está "a passar por momentos complicados", assumiu à agência Lusa o responsável pela empresa, João Pedro Machado.
A suspensão dos contratos de 34 funcionários foi, segundo o gestor, uma forma de "dar à administração algum, pouco, tempo" para resolver os problemas da empresa, entre os quais a falta de trabalho.
"Nós tínhamos uma obra grande, que era para ser realizada para o Brasil, que por motivos políticos do próprio cliente nos foi retirada, o que criou aqui um hiato de tempo, até aparecerem novas encomendas, um pouco complicado", explicou João Pedro Machado, citado pela Lusa.
Com a escassez de trabalhos na área da metalomecânica em Portugal, o responsável está com os olhos postos no mercado internacional e afiança que "estão a começar a aparecer projetos interessantes, principalmente para países de leste, como a Rússia".
A empresa está na fase final de um concurso para uma obra "que poderá trazer um enorme desafogo" e permitir "voltar a chamar os trabalhadores para exercerem as suas funções", bem como "liquidar tudo o que está em atraso".

Fecho de empresa fora das previsões 
Atualmente, os cerca de 80 funcionários da Compelmada Internacional têm dois salários em atraso, indicou João Pedro Machado, o mesmo acontecendo com os perto de 40 trabalhadores da Metalsines, outra empresa do Grupo FTM sediada em Sines.
Na Metalsines, especializada no fabrico de vagões para transporte ferroviário, "há também [problemas], mas são de mais fácil resolução", por ter "uma estrutura mais pequena".
Segundo o gestor, há também dívidas à Segurança Social e às Finanças, entidades com as quais a empresa está a negociar o estabelecimento de planos de pagamento.
Apesar da situação da empresa, "não está na mente dos acionistas, nem da administração, fechá-la", ressalvou o responsável do grupo.
"Quem anda há um ano a despender de fundos próprios para liquidação de obrigações da empresa é porque não quer minimamente que feche", reforçou João Pedro Machado.

Sindicato "não se mete" 

Contactado pela Lusa, Daniel Silvério, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (Site Sul), confirmou que a Compelmada Internacional está com "falta de trabalho", mas mostra "vontade de resolver os problemas".
"Os ordenados do ano passado foram quase todos pagos do bolso [do proprietário da empresa]", referiu o sindicalista.
O Site Sul, que representa alguns dos trabalhadores da empresa, não está "muito de acordo" com a suspensão dos contratos de trabalho. "Mas, tendo em conta que é para tentar, de alguma forma, salvaguardar postos de trabalho, nós não nos metemos", concluiu Daniel Silvério.

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