Fabrica em Sines despede 36 pessoas

Carbogal deixa de produzir até final do ano

A Carbogal, fábrica de pneus instalada em Sines, "vai interromper" a produção "até ao final" deste ano, situação que afeta "imediatamente" 36 dos 40 trabalhadores, informou a empresa no final da semana passada. Trabalhadores e sindicalistas não concordam com o fecho e querem “intervenção” do Governo e acusam a empresa de “mentir”, quando referem a falta de “lucro” para o encerramento.

Fábrica em Sines vai encerrar até final do ano 
Uma fábrica de matéria-prima para a produção de pneus em Sines, detida por uma multinacional sediada na Alemanha, vai encerrar, estando previsto o despedimento a curto prazo de 36 pessoas, disse à Agência Lusa um dirigente sindical.
A intenção da empresa foi comunicada aos trabalhadores, na passada semana durante uma reunião, na qual foi entregue uma carta que contém, entre outras informações, os motivos para o encerramento da unidade industrial, indicou Daniel Silvério, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (Site Sul).
Na carta, a que a Agência Lusa teve acesso, a administração da Carbogal Engineered Carbons anuncia o “encerramento total e definitivo da fábrica de negro de fumo em Sines” para “execução das orientações aprovadas pelo Grupo Orion”, ao qual pertence.
A desactivação da fábrica, a única do grupo em Portugal, é justificada na missiva com a redução da procura do produto, o que faz com que a unidade esteja a laborar a menos de metade da sua capacidade de produção.
A localização da empresa, demasiado afastada da Europa central, onde está concentrada grande parte da indústria de produção de pneus (o “mercado principal” para os negros de fumo), é apontada como uma das suas “desvantagens estratégicas”.
Para a Orion Engineered Carbons, “reduzir o défice de competitividade de Sines requer investimento muito avultado”, que, mesmo que fosse feito, não iria resolver “o problema de excesso de capacidade em relação à procura expectável”.
“O fecho permanente e a desactivação da linha de produção” na cidade de Sines são medidas que, segundo o documento, fazem parte do esforço do grupo internacional para “ajustar a capacidade de produção instalada na Europa à realidade do mercado”.

Sindicato recusa justificação da empresa
Daniel Silvério recusa o argumento de “quebra nas vendas”, assegurando que a fábrica “não tem estado a dar prejuízo, pelo contrário”, tanto que “têm sido distribuídos lucros aos trabalhadores todos os anos”.
Além disso, frisou, “mais de 70 por cento” da produção da Carbogal é destinada a clientes portugueses. “A única coisa que nós vemos aqui é que a empresa tem estratégias de deslocalizar a fábrica, por isso quer desmantelá-la”, afirma o sindicalista.
De acordo com o dirigente sindical, dos 40 trabalhadores da empresa, 36 foram notificados do procedimento de despedimento colectivo, embora não tenha sido confirmada uma data para a cessação de funções.
Alguns funcionários poderão deixar de trabalhar já no final deste mês, enquanto outros prevêem que tal aconteça até Abril do próximo ano, refere o responsável do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul.
Os sindicalistas pretendem solicitar reuniões aos ministérios da Economia e da Solidariedade, Emprego e Segurança Social para “dizer que é de todo injusto encerrar” a fábrica de Sines e apelar à intervenção do Governo.
A Lusa tentou contactar a Carbogal, mas não foi possível, em tempo útil, obter esclarecimentos.
A empresa começou a funcionar em 1983, tendo, em 1997, sido comprada à Petrogal, hoje Galp Energia, pela Degussa, que daria mais tarde origem à Orion Engineered Carbons.

Agência de Notícias
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