Portugal vai perder 100 metros de costa

Inundações vão ser mais frequentes em Setúbal, Tomar e Coimbra

A costa portuguesa representa um dos maiores desafios colocados à União Europeia, na proteção do meio ambiente face às alterações climáticas. Em alguns pontos do litoral português, o avanço do mar pode mesmo roubar 100 metros à costa, se nada for feito para abrandar os efeitos da erosão costeira. Especialista coloca maioria da costa em risco elevado e muito elevado. Solução pode passar por alimentar praias com areia. A nível das cidades o risco das grandes inundações sobe drasticamente, com Setúbal, Tomar e Coimbra em risco elevado.


Inundações em Setúbal irão ser frequentes alertam especialistas

A região da Ria Formosa, no Algarve, toda a área ribeirinha do Estuário do Tejo, as áreas do Baixo Vouga e Grande Porto, além das cidades de Setúbal, Tomar e Coimbra, são os locais mais críticos de Portugal, no que diz respeito ao risco de inundações.
As conclusões são de um estudo feito pelo Centro para as Alterações Climáticas, a pedido da Associação Portuguesa de Seguradoras, com o objetivo de perceber quais as áreas de maior risco de inundação em Portugal.
As projeções até ao final do século, dão conta de fenómenos extremos mais frequentes, como chuvas intensas, em períodos de tempo curtos, que resultam em inundações urbanas mais graves.
Pedro Garrett Lopes, que liderou o projeto, concluiu que os prejuízos podem sofrer um agravamento na ordem dos 20 por cento. No estudo a cem anos, não é claro que na Baixa de Lisboa venham a agravar-se. "Em cidades como Setúbal, Coimbra, Tomar, se nada for feito, haverá um agravamento dos custos de 5 a 10 por cento", referiu o investigador, que ontem apresentou o trabalho, na conferência ‘Demais, de Menos: O Papel da Água na Adaptação às Alterações Climáticas’.

Reforçar as praias com areia e impedir construção
O Mar da Costa de Caparica já engoliu casas em 2008 
Na conferência, o investigador português Rui Taborda alertou para os riscos muito elevados ou elevados que a maioria da costa portuguesa apresenta face ao avanço do mar.
Toda a região a sul de Aveiro até Peniche é apontada pelo especialista português como a que apresenta maiores riscos de erosão. É a zona na qual o recuo da costa pode atingir 100 metros. Contudo, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa sublinhou não ser possível indicar com exatidão, os locais da costa que serão mais afetados pela erosão.
A fim de abrandar a ação do mar, Rui Taborda diz existirem medidas que podem ser tomadas e lembra o trabalho dos holandeses que alimentam "as praias com areia regularmente". Por cá, esse trabalho já é feito nas praias da Costa de Caparica, em Almada.
Sublinha também que hoje já há medidas positivas no terreno. "Por norma, na nossa costa, com a criação de molhes na foz dos rios, na margem Norte há um acumular de areia e na Sul acontece o contrário. Até agora a areia era dragada das zonas em excesso e vendida, hoje é reposta na parte sul da costa", referiu, dando conta que é urgente preservar o litoral sem construção.
Rui Taborda recorda que nos últimos 18 mil anos, com o aquecimento gradual do Planeta, a costa tem registado um recuo gradual. Em Portugal, face à atual linha da costa, o mar avançou, desde então, cerca de 25 quilómetros, resultante do degelo de vasta área do Planeta desde a Escandinávia à Gronelândia.


Agência de Notícias

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