Milhares de pessoas pediram demissão do Governo

CGTP anuncia protesto contra OE a 1 de Novembro junto ao Parlamento

 Novos e velhos, várias gerações de pessoas de diversos pontos do país marcaram presença na jornada de luta da CGTP. A manifestação começou de forma calma e pacífica, mas depressa se transformou num barulhento protesto. Centenas de autocarros desfilaram pela ponte 25 de Abril, entre Almada e Lisboa, sob um imenso buzinão, seguidos por dezenas de motards e carros particulares. No final da tarde, Arménio Carlos apelou à concentração frente à Assembleia da República para um protesto no dia da votação do Orçamento de Estado, dia 1 de Novembro, uma sexta-feira. 

Milhares de pessoas manifestaram-se esta tarde em Lisboa 
Eram cerca das 13h30 quando o autocarro com Arménio Carlos saiu do Marquês de Pombal, em Lisboa, em direção à Ponte 25 de Abril. Na frente deste autocarro, seguia uma carrinha que identificava o início do protesto: um verdadeiro buzinão ecoava das colunas instaladas no tejadilho e marcava a presença da CGTP nas ruas de Lisboa.
Rumo a Almada, a caravana da Frente Sindical cruzou-se com autocarros que se juntavam à manifestação vindos da Margem Sul, o que fez com que o autocarro que transportava o líder sindicalista não parasse na rotunda do Centro Sul como estava inicialmente previsto.
Ao longo da ponte, durante mais de hora e meia, dezenas de autocarros cumpriam o seu objetivo: manifestar-se contra as medidas do Governo através de um forte buzinão. Chegados a Alcântara, os autocarros foram dispensados, dando lugar a uma manifestação a pé, com gritos de luta. No entanto, nem só de gritos se fez a manifestação. No passeio, um casal de reformados chorava, emocionado pelo mar de gente que construiu a manifestação de 19 de Outubro e indignado pelas medidas do Governo.
“Estou emocionado, mas não estou admirado. O povo tem de se mobilizar e não permitir que este Governo não continue a massacrar os reformados”, desabafou Francisco Garcia, reformado.

“A manifestação não pode ser a pé, mas as corridas dos ricos podem”
Pessoas exigem mais justiça social 
Ao longo da manifestação, as palavras de luta são muitas e nem o facto de o protesto a pé pela Ponte 25 de Abril se ter transformado numa caravana de autocarros desanimou os participantes.
“Faz sempre sentido manifestar-se, a pé ou de autocarro. Foi de autocarro e o que faz sentido é estarem aqui estas pessoas todas, vindas elas de onde vierem, como vierem e de que maneiras vierem. Isso é que faz sentido”, afirmou um manifestante que se juntou ao protesto de mota.
No entanto, há quem afirme que a manifestação só não pode passar a ponte a pé por ser do povo. “A manifestação não pode ser a pé, mas as corridas dos ricos podem. Porquê?”, questiona uma mulher.
Também para Carlos Soares, “a manifestação podia ter sido feita a pé, não havia impedimento nenhum”. “Em termos de segurança, desde que a organização fosse da CGTP, que já deu provas que sabe manter a segurança, não havia nenhuma justificação plausível para que esta não se efectuasse”.

“Estamos a perder qualidade de vida”
Numa manifestação dos 9 aos 90, muitos foram os pais que levaram os filhos para a manifestação, encorajando-os a empunhar uma bandeira ou cartaz de descontentamento com o Governo atual. “Assim têm consciência de que lutamos por eles”, diz uma mãe emocionada enquanto empurrava o carrinho com o filho ao longo da manifestação.
Nem mesmo quando o sol foi substituído pela chuva, os milhares de pessoas que se encontravam em Alcântara abandonaram o local, continuando a ouvir os discursos dos líderes sindicais e assobiando o Presidente da República, pedindo a sua demissão e a do Governo.
“Por que é que não havemos de vir a esta manifestação? Por que é que não nos havemos de manifestar? Está tudo mal, a vida está a inverter-se! Estamos a perder qualidade de vida, achamos que não devemos ficar em casa”, ouve-se ao longo da manifestação.
“Os ricos estão cada vez mais ricos e continuam a roubar os reformados”, afirma uma senhora junto ao palco onde se ouvem os discursos dos líderes sindicais. Visivelmente emocionada, lamenta-se principalmente pela “muita fome”que se sente em Portugal, afirmando que “o povo deve ter direito à alimentação, à habitação e à educação”.

A “luta intensa” de Arménio Carlos
Líder da CGTP fez questão de atravessar a ponte 25 de Abril 

O líder da CGTP quer que as manifestações continuem, neste caso para contrariar a aprovação do Orçamento de Estado. Sendo no dia 1 de Novembro, pretende ainda que se protesto contra a retirada do feriado neste dia.
“No próximo dia 1 de Novembro, [uma sexta-feira],dia feriado que nos foi roubado e que coincide coma primeira votação na generalidade do Orçamento de Estado, lá estaremos, de novo, na Assembleia da República, às 10 horas, para rejeitar a proposta de Orçamento, para exigir a demissão do Governo e a realização de eleições antecipadas”, disse Arménio Carlos aos manifestantes concentrados em Alcântara.
O sindicalista afirmou aos milhares de pessoas que participaram no protesto, que hoje no Porto e em Lisboa, foi feita com “uma das lutas mais intensas, vibrantes e determinadas do movimento sindical e dos trabalhadores portugueses”. 
Arménio Carlos aproveitou ainda para reiterar que o Orçamento do Estado é “fora da lei e não pode passar”. “O Presidente da República não pode deixar passar um Orçamento do Estado que é contra o país e contra o povo português”, realçou o sindicalista.
O líder da CGTP insistiu ainda que “não é a Constituição da República que se tem de ajustar à ditadura dos mercados ou subjugar-se aos ditames do programa de agressão, agora denominado de memorando da troika”.

“A ponte é nossa”
“Quem tem de se subjugar é o Governo e o Presidente da República, respeitando a Constituição e fazendo cumprir essa mesma Constituição”, lembrou.
Arménio Carlos lembrou ainda que a ponte 25 de Abril “é nossa”, porque “fomos nós que a pagamos e por isso hoje demonstrámos que aquela como outra ponte não é impossível de passar por nenhum trabalhador deste país”.
“Ela é nossa, é do povo português e não é dos agiotas nem daqueles que não nos deixaram passar”, concluiu o líder da CGTP.

Veja a galeria fotográfica das manifestações de Lisboa e Porto AQUI 


Agência de Notícias 

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