Há cada vez menos alunos no ensino básico

“Uma consequência das políticas sociais e económicas que a Europa tem vindo a seguir”

Menos alunos, menos diplomados, menos adultos em formação, menos professores. Do ensino básico ao superior é um sistema em retracção o que mostram as estatísticas da educação relativas ao ano lectivo 2011/2012, as últimas conhecidas e que foram divulgadas este mês. O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascenção, criticou as actuais políticas “sociais e económicas”, afirmando que “não há incentivos” para Portugal inverter a quebra demográfica e consequente redução de alunos nas escolas.

De ano para ano escolas básicas  perdem alunos e professores 

Em 2010/2011 estavam nas escolas do básico e secundário de Portugal continental 35.976 professores contratados. Um ano depois, este número já tinha descido para 28.730, um contingente que, segundo os dados que foram sendo divulgados entretanto, ter-se-á reduzido para metade no último ano lectivo e que se arrisca a praticamente desaparecer a partir de Setembro.
Comparando apenas com alunos jovens existiam 1.710.075 em 2011/2012, menos cerca de 13 mil do que no ano anterior. As principais quebras registaram-se no 1.º ciclo. No 3.º ciclo e sobretudo no secundário houve ligeiros aumentos por comparação ao ano anterior, uma tendência que deverá acentuar-se na sequência do alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos.

Pais criticam falta de incentivos para inverter redução de alunos
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção, criticou nesta terça-feira as actuais políticas “sociais e económicas”, afirmando que “não há incentivos” para Portugal inverter a quebra demográfica e consequente redução de alunos nas escolas.
Pais estão preocupados com situação
A “retracção acelerada” registada na educação “é uma consequência das políticas sociais e económicas que a Europa tem vindo a seguir e Portugal também”, afirmou o responsável, em declarações à Lusa.
Jorge Ascenção comentava assim as estatísticas mais recentes sobre educação, relativas ao ano lectivo 2011/2012, divulgadas nesta terça-feira pelo jornal Público.
O presidente da Confap argumentou que ter filhos “não tem vantagem em lado nenhum” em Portugal. “Daí que tenha dito, quando tomei posse, que nos preocuparíamos com as
políticas educativas a par das políticas da família”, sustentou, acrescentando que a actual quebra demográfica só mudará quando “as políticas forem alteradas”.
Para o presidente da Confap, “não é possível pensar em políticas estratificadas, porque uma sociedade tem como célula de construção a família”.
Jorge Ascenção entende que a actual crise que o país está a atravessar fará com que o número de alunos seja ainda mais reduzido daqui a cinco anos.
“Por aquilo que podemos ver e ouvir de quem tem o poder de decidir politicamente, penso que vai ser pior [daqui a cinco anos]. Apesar de uma ou outra medida assistencialista, não se vêem políticas que nos levem a dizer que daqui por anos teremos uma situação sustentável”, sustentou.
“Temos jovens com 30 anos a continuar a viver com os pais”, disse, acrescentando que isso “só pode mudar quando as políticas forem alteradas”. Jorge Ascenção apontou ainda uma alteração de valores como um dos factores que faz com que os jovens sejam pais cada vez mais tarde.


Agência de Notícias 

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