Dificuldade nas comunicações no simulacro no Chiado

“Foi difícil de contactar outras corporações de bombeiros fora da cidade”
O vereador da Protecção Civil de Lisboa, Manuel Brito, admitiu ontem alguma dificuldade nas comunicações entre bombeiros da capital e de corporações de outros concelhos durante o simulacro de incêndio no Chiado, que decorreu no domingo.321 operacionais participaram num exercício que recriou incêndio de há 25 anos. Emoção e tecnologia marcaram iniciativa.

Vereador da Protecção Civil de Lisboa reconhece dificuldades  

É um simulacro diferente, para não dizer um bocado estranho. É um exercício a sério, mas tem um desenrolar previsível: a rota do fogo por dois quarteirões de Lisboa há 25 anos. É suposto dar azo a uma resposta real, mas há dezenas de convidados, jornalistas e câmaras a quem os bombeiros pedem para se afastarem antes de ligarem as mangueiras. Não se deve abordar os intervenientes, mas há convidados e observadores para muita conversa. Há timings para cumprir e a apresentação de uma nova tecnologia que permite ver o teatro de operações em directo na tenda de comando - e implica bombeiros de tablet a registar em streaming o desenrolar da ocorrência. A comitiva da câmara de Lisboa passeia pelo teatro de operações enquanto quem está de serviço vai dominando o fumo - desta vez sem fogo - debaixo do sol quente. Mas nem tudo correu bem!
O Jornal de Notícias escreveu que corporações de bombeiros apontaram falhas nas comunicações no simulacro de um novo incêndio no Chiado e cita críticas do candidato do PSD à Câmara de Lisboa, Fernando Seara, a esta questão.
Contactado pela agência Lusa, Manuel Brito admitiu que "essa questão foi levantada", esclarecendo que os Sapadores Bombeiros (RSB) e os Bombeiros Voluntários de Lisboa usam o sistema de comunicações SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal), mas outras corporações não.
"A Câmara de Lisboa integra o SIRESP porque quis integrar. Há cerca de dois anos comprámos cerca de 700 rádios para o Regimento de Sapadores Bombeiros, que os distribuiu também por todas as corporações de bombeiros voluntários da cidade. Por isso, os bombeiros voluntários e os sapadores estão integrados no mesmo sistema. As outras corporações [que não aderiram] não", explicou.
Criticas a Seara
No entanto, o autarca disse ter "alguma dificuldade" em aceitar os comentários de presidentes de câmara: "Fernando Seara podia ter adquirido este sistema em Sintra e não o fez. Por isso não critique Lisboa", afirmou.
O vereador da Protecção Civil disse que além da facilidade na comunicação entre as diferentes forças de socorro e segurança que integram o SIRESP - RSB, Voluntários, Polícia e Protecção Civil municipais, PSP e PJ -, este sistema tem a vantagem de ter um botão de emergência que "em caso de risco de vida o operacional pode ser rapidamente localizado".
Entre as desvantagens, Manuel Brito admite as dificuldades em comunicar com entidades que não aderiram ao sistema. Ainda assim, afirmou que essa pode ser "uma boa oportunidade e estímulo para que as autarquias adquiram esse sistema".
O autarca socialista disse ainda que, entre as vantagens do sistema, está a fiabilidade e qualidade da comunicação.

Bombeiros testam capacidades em simulacro no Chiado 
Simulacro com problemas reais...
No domingo, dia em que se assinalaram 25 anos sobre aquele que ficou conhecido como o incêndio do Chiado, que destruiu 18 edifícios daquela zona histórica de Lisboa, matou duas pessoas e feriu mais de meia centena delas, a Câmara de Lisboa organizou um simulacro de incêndio.
Entre a conversa, disparos das máquinas fotográficas que seguem o cortejo de António Costa e o ruído dos walkie-talkies, o fogo demora menos de duas horas a controlar. Em 88, lavrou descontrolado pelo menos seis - das 5h19 às 11 horas. Seria extinto pelas 16 horas, seguindo-se 58 dias de trabalhos de rescaldo. No briefing final do exercício, tudo muito mais simples. São mais 15 minutos e já está, diz o oficial responsável a Costa. O autarca sorri com a diligência. Em jeito de balanço, apontam-se percalços que denunciam a hibridez do simulacro. As obras na rua do Ouro (problema verídico) complicaram a resposta e foram detidas três pessoas que aproveitaram o reboliço para assaltos...
Na altura, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, considerou que o simulacro demonstrou que a cidade está hoje mais preparada para responder a uma situação de incêndio do que há 25 anos, mas alertou para a existência de outros riscos, "designadamente o risco sísmico" e para a imprevisibilidade de situações reais.


Agência de Notícias 

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