Famílias tiram idosos de lares para poupar

Cáritas de Setúbal pede mais vigilância às entidades competentes

A crise está a fazer com que muitas famílias retirem os seus idosos dos lares e centros de dia, para que o dinheiro do pagamento desses serviços reverta a favor do agregado familiar. A esta realidade, não será alheio o verificado aumento dos casos de maus-tratos a pessoas idosas no seio familiar.

Número de idosos a sair dos lares gera preocupação 

Muitas famílias estão a retirar os seus idosos das respostas sociais (lares residenciais, centros de dia ou apoio domiciliário), em nome da poupança do pagamento dessas mensalidades.
Devido à conjuntura de crise, com um crescente número de casais a ficarem, parcial ou totalmente desempregados, muitas famílias estão a optar por retirar os seus familiares directos (pais e  avós) de lares residenciais ou mesmo de centros de dia, como forma de evitar o pagamento de mensalidades e usufruírem das suas reformas.
Paralelamente a esta circunstância, tem igualmente aumentado o número de idosos vítimas de violência familiar. Em muitos casos o regresso do idoso a casa de um familiar não se revela de todo pacífico, e potencia problemas ao nível da gestão caseira e equilíbrio psicológico no seio familiar.
Isto porque a presença e convivência da pessoa idosa não é, na esmagadora maioria dos casos, um directo sinal de afecto, mas antes uma necessidade monetária e financeira. E não são raras as consequências de mau-estar, quer para o idoso, quer para os restantes elementos do agregado familiar.


“Entidades competentes devem estar atentas”
Famílias são obrigadas a tirar idosos do lar para usarem as reformas destes 

O presidente da Cáritas de Setúbal  já revelou a sua preocupação com a eventual falta de condições que podem afectar muitos dos idosos retirados pelas famílias dos lares, precisamente devido à falta de rendimentos.
“Há famílias que ficam sem rendimentos próprios, em consequência das situações de desemprego, e vão buscar os seus familiares aos lares, até como forma de compensação por esse seu percalço na vida”, refere Eugénio Fonseca, para quem, até este passo, “não existe nada de mal”.
“O que nos preocupa é se esses idosos continuam a ter as mesmas condições de bem-estar que tinham nos lares. Se isso não acontece é uma grande injustiça e as entidades competentes devem estar atentas”, alertou o presidente da Cáritas.
E vão surgindo dados estatísticos, divulgados por parte das autoridades competentes, que revelam e denunciam isso mesmo. A maioria dos idosos vítimas de maus-tratos diz respeito a viúvos, pessoas mais vulneráveis.
Os familiares a quem os idosos passam a ficar entregues não fazem, muitas das vezes, jus a tal condição, e desprezam a sua essencial condição de prestadores de cuidados ao seu familiar idoso.
A acontecer tal situação de maus tratos, isso configura crime, verificando-se que as mesmas são denunciadas de forma anónima, por familiares e/ou vizinhança, cujos processos acabam por chegar às barras dos tribunais, sendo que, face à lei vigente, os agressores incorrem em penas de prisão, quase sempre suspensas, ou no pagamento de coimas, a penalização mais vulgar neste tipo de processos judiciais.

Agência de Notícias 

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