Greve nos Portos sem fim à Vista

Estivadores apresentaram novo pré-aviso de greve para Novembro


A greve, faseada, dos trabalhadores portuários de Setúbal, iniciada em meados de Agosto, deverá prolongar-se em Novembro se nada for alterado. O Sindicato dos Estivadores já apresentou um pré-aviso de greve para Novembro. Em causa estão as contestadas alterações ao regime jurídico do trabalho portuário. Por sua vez, presidente da Associação Comercial de Lisboa criticou o facto de esta greve estar a ser promovida por estivadores com vencimentos acima dos cinco mil euros e de causarem muitos milhões de prejuízo às empresas e ao país.

Portos começam nova greve amanhã e já lançaram pré-aviso para mais 

A delegação de Setúbal do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul, lançou um manifesto à população de Setúbal sobre a greve, faseada, no sector portuário, que se verifica desde Agosto, e ainda sem fim à vista.
Em Setúbal – e também em Lisboa, Figueira da Foz e Aveiro –, o volume de cargas e descargas vai aumentando em cima dos cais, nos períodos de greve, consequência directa da ausência de laboração dos estivadores profissionais efectivos, com claros efectivos nocivos para as empresas exportadoras/importadoras.
O próximo período de greve - o sexto em dois meses - está previsto ocorrer entre as zero horas da próxima terça-feira, até às 8 horas de dia 31, nos períodos compreendidos entre as 8 e as 12 horas e as 13 e as 17 horas.
“Mas já lançamos um novo pré-aviso de greve a partir de dia 31, e que vigorará até dia 7 de Novembro”, avançou Carlos Silva, dirigente sindical, citado pelo jornal O Setubalense.
Esta semana, diz o dirigente, “vamos lançar uma acção de rua, com distribuição de panfletos, para que a população setubalense perceba as reais razões da nossa reivindicação”.

Sindicato quer mão de obra qualificada
Os períodos de greve, levados a cabo em Setúbal e na esmagadora maioria dos portos nacionais, desde meados de Agosto, estão relacionados com as alterações ao regime jurídico, em virtude da recusa da Secretaria dos Transportes em estabelecer o diálogo com que se comprometeu com as organizações sindicais portuárias, que representam mais de 80 por cento do actual contingente efectivo dos portos nacionais.
A aprovação em Conselho de Ministros, por parte do Governo, de uma nova lei para o sector portuário, foi o início de tudo. “Ao permitir tal situação, seria pactuar com o despedimento de mais de metade dos actuais profissionais portuários, já em número extremamente reduzido, e com a consequente substituição por mão-de-obra precária, já há largos anos utilizada neste porto,” elucida Carlos Silva.
Este dirigente sindical sublinha que os portos de Setúbal e de Sines [que tem passado ao lado da greve, como o Porto de Leixões] são, de entre todos os nacionais, “os únicos que têm duas empresas de trabalho portuário (empresas de cedência de mão-de-obra portuária), que lutam entre si para a repartição de lucros”.
Em jeito de resumo, Carlos Silva defende que a actual e prolongada luta encetada, “preconiza a defesa dos postos de trabalho dos profissionais do porto sadino, e a contratação de novos trabalhadores qualificados, numa perspectiva de futuro, para um sector declaradamente lucrativo, mas deficitário de mão-de-obra qualificada”.

Greve já causou prejuízo de mil milhões de euros, diz associação

Greves já causaram mais de mil milhões de prejuízo à economia portuguesa 

O presidente da Associação Comercial de Lisboa assegura que as greves já causaram prejuízos superiores a mil milhões de euros.
Em declarações à TSF, Bruno Bobone calculou que os prejuízos mensais só no porto de Lisboa nos 425 milhões de euros, uma avaliação que até entende “ser prudente”.
Este responsável da Associação Comercial de Lisboa criticou o PCP e os sindicatos e assegurou que os estivadores que estão a promover esta greve têm vencimentos de mais de cinco mil euros mensais.
“O país está a sofrer enormemente com esta greve, sendo que esta é promovida pela Intersindical e pelo PCP, e estão a aproveitar um momento de crise terrível para os trabalhadores portugueses para os prejudicar”, adiantou.
Bruno Bobone entende que greve “cria ainda maior desemprego no país e desestrutura completamente a economia portuguesa”.
“É uma vergonha o que se está a passar. É inaceitável”, sublinhou Bruno Bobone, que lembrou que os promotores desta greve “não estão nada preocupados com a desgraça dos seus parceiros portugueses e dos seus colegas trabalhadores”.
O presidente desta associação, que acredita que o Governo acabará por optar pela requisição civil para acabar com esta paralisação, considera mesmo que “estamos a destruir o país com vontade própria, o que é criminoso e uma vergonha”.

Alguns trabalhadores ganham acima de cinco mil euros
Por seu lado, o presidente da Associação dos Portos Portugueses admite que há trabalhadores que ganham acima dos cinco mil euros, contudo, isso não se aplica ao setor público e não é a regra.
“Os mais novos naturalmente recebem um ordenado inferior e os mais velhos um ordenado superior. São trabalhadores de empresas privadas e não do Estado”, ressalvou José Luís Cacho, que diz que os ordenados mais altos são praticados pelo Liscont e outros empresas que operam nos portos.

Agência de Notícias 

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