Barreiro discutiu transportes públicos


“Hoje é difícil imaginar o Barreiro sem Transportes Coletivos”

A ideia de privatização dos Transportes Coletivos do Barreiro (TCB) foi novamente negada em debate público, realizado no passado dia 14, sobre ‘O papel dos Serviços Municipais de Transporte no desenvolvimento urbano e as suas principais dificuldades de gestão na atual conjuntura’. A privatização não é encarada como hipótese, porque o município acredita que gere este setor de forma mais “próxima” e consequentemente “melhor”, conforme admitiu Rui Lopo, vereador da autarquia e vogal do concelho de administração da empresa. 

TCB são hoje fundamentais na circulação de pessoas no Barreiro 

Carlos Moreira, vereador e vogal do Conselho de Administração dos TCB, afirma que “hoje é difícil imaginar o Barreiro sem Transportes Coletivos”. O vereador salienta que apesar de a população considerar o serviço municipal de transportes como um “dado adquirido”, é “preciso lutar diariamente para que estes sejam uma realidade, não só nos dias de hoje como no futuro”.
Carlos Moreira refere que é necessário “trocar experiências, fazer debates, demonstrar a importância que os serviços municipalizados dos transportes têm para as populações que deles usufruem e mostrar que o transporte público é um factor de coesão mas, acima de tudo, uma forma de crescimento e desenvolvimento”.
Rui Lopo, vereador e vogal do Conselho de Administração dos TCB, a propósito dos quatro municípios presentes no debate [Braga, Portalegre, Coimbra e Barreiro], destaca que, no conjunto, estes “preocupam-se com o desenvolvimento da sua terra quando optaram por gerir eles os transportes municipais”. Estes concelhos são, deste modo, “para além de quatro especialistas em mobilidade e transportes, necessariamente, especialistas em serviço público”.

TCB com cobertura de 107 por cento
“As quatro câmaras que aqui estiveram optaram há muitos anos por assumir o risco [de apostar nos transportes municipais]; entre passar o Filé Mignon para o privado gerimos nós porque acreditamos que gerimos melhor, dado que, gerimos mais próximo e de forma, no mínimo tão eficiente como eles, como provam os números”, acentua Rui Lopo.
“Atualmente, temos uma taxa de cobertura, sem apoios da CMB de 107 por cento o que significa que estamos a gerar superavit. Portanto, nós não passamos o Filé Mignon para nenhuma entidade privada, nós fazemos a gestão dos nossos transportes e, com isso, conseguimos libertar alguma verba. A verba libertada não é para os nossos acionistas, porque estes são a nossa população. Desta forma, libertar o valor para os nossos acionistas é investir num melhor serviço público”, garante o autarca, referindo-se ao caso particular dos TCB.

Governo pode compensar TCB
Governo sensibilizado a compensar TCB por causa de passes combinados 

 Nuno Ferreira, chefe da divisão de exploração dos serviços municipalizados dos TCB, garante que as dificuldades dos transportes municipalizados do Barreiro começaram com a implementação do decreto-lei 8/93, que tornou possível a existência de passes combinados entre diferentes operadores.
Contudo, as percentagens de vendas a que cada operador tinha direito mantiveram-se, passando a existir transportadoras que, embora não transportassem o mesmo número de passageiros, continuavam a receber o mesmo valor. Para os TCB foi muito complicado e hoje estamos a falar de uma perda de receita de cerca de 350 mil euros/ano”, explica o engenheiro.
Nuno Ferreira destaca, todavia, que atualmente existem “boas notícias” relativamente às indeminizações compensatórias. Segundo admite, “há uma vontade por parte do secretário de estado [dos transportes] em resolver este problema”, que se resolvido permite aos transportes municipalizados do Barreiro obter a “devida parte” do lucro.
O chefe de divisão dos TCB realça que este serviço não recebe “nenhuma comparticipação dos passes sociais intermodais” do Governo, sendo o modelo de financiamento dos TCB o de utilizador-pagador. “Atualmente, os custos operacionais são suportados pelo utilizador e os custos de investimento assegurados pela câmara do Barreiro através de transferências municipais”.
“Estamos a procurar ter uma atitude mais virada para o cliente, a perceber quais são as suas necessidades e ao mesmo tempo incentivá-lo à utilização dos transportes públicos”, refere Nuno Ferreira relativamente aos objetivos para o ano corrente.
José Monteiro Limão, diretor da ‘Transportes em Revista’ e moderador do debate, defende que as empresas municipais devem ser encaradas pela função social que lhes está inerente, mas também como um “negócio”. Exatamente, por isso, “há que praticar um bom serviço para os consumidores”.
No programa deste debate público estava prevista a presença de mais duas Empresas Municipais de Transporte, nomeadamente, Aveiro, que não esteve presente porque vive presentemente o drama de estar em vias de encerrar por questões administrativas.

Agência de Notícias 

Comentários