Recolha para o Banco Alimentar está na rua


Solidariedade portuguesa é maior que a crise  

Os Bancos Alimentares Contra a Fome voltam a apelar à generosidade dos portugueses, em mais uma campanha de recolha de alimentos, a decorrer hoje e amanhã. O Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal, que abrange o Distrito de Setúbal e concelho de Odemira, vai marcar presença em 180 superfícies comerciais na recolha de bens alimentares que serão distribuídos a cerca de 25 a 30 mil pessoas carenciadas, através de 145 Instituições de Solidariedade Social.

Milhares de voluntários estão a recolher alimentos este fim de semana 

É no momento em que cada vez mais famílias se encontram em dificuldade devido à grave crise económica que o país atravessa que a solidariedade dos portugueses é mais posta à prova. É nela que o Banco Alimentar acredita e apela na sua campanha mediática. “Maior do que a crise que nos bate à porta, é a solidariedade dos portugueses”.
Só no distrito de Setúbal, uma em cada cinco pessoas vive sob a ameaça de pobreza ou exclusão social. São mais de 160 mil pessoas atingidas indiscriminadamente pela crise e que esperam a ajuda de todos e de cada um para minorar as suas carências alimentares.
O crescente desemprego fez aumentar o número de pedidos de ajuda, daí que, neste momento, para além dos milhares de pessoas que apoia, o Banco Alimentar tenha uma lista de espera de 45 Instituições, o que corresponde a mais de cinco mil carenciados a quem não é possível ainda fazer chegar alimento(s).

A sua ajuda vai ser muito bem-vinda
Nesta 24ª campanha, colaboram com o Banco de Setúbal cerca de 2.900 voluntários, uns na recolha de alimentos nas superfícies comerciais, outros na condução dos transportes entre superfícies e armazéns, outros ainda na receção, pesagem e separação dos produtos doados nos armazéns de Palmela e Vila Nova de Santo André.
Para contribuir, basta aceitar um saco do Banco Alimentar, distribuído pelos voluntários que se encontram devidamente identificados à porta dos estabelecimentos, e nele colocar os bens alimentares a partilhar com quem mais precisa. São privilegiados os produtos não perecíveis, como leite, conservas, azeite, açúcar, farinha, bolachas, massas, óleo, etc.
A par da tradicional campanha do saco, vai voltar a decorrer, até ao dia três de Junho, a campanha “Ajuda Vale” nas cadeias Dia/Minipreço, Jumbo/Pão de Açúcar, Lidl, Continente e Pingo Doce. Cada cupão representa uma unidade de um leque de produtos selecionados (como azeite, óleo, leite, salsichas e atum). Ao efetuar o pagamento na caixa registadora, por código de barras, os produtos surgem discriminados no talão. As cadeias de distribuição assegurarão o transporte dos bens registados para o Banco Alimentar.


Ajuda também online
Os portugueses poderão contribuir, durante o mesmo período, através do canal online de doação de alimentos (www.alimentestaideia.net), que integra também as principais redes sociais e móveis.
Diversificando as formas de contributo, os Bancos Alimentares procuram assim chegar à quase totalidade das localidades do país, numa lógica de proximidade, mas sobretudo de maximização de uma ajuda que sentem cada vez mais urgente.
Porque a pobreza mora cada vez mais perto, o Banco Alimentar de Setúbal conta, mais uma vez, com a generosidade das gentes do nosso distrito para chegar mais longe, esperando conseguir que os mais desprotegidos possam ter uma refeição que lhes permita sobreviver e não deixar que “à fome se junte a vontade de comer”.

Portugal tem muitas pessoas a precisar de ajuda
O ano passado foram recolhidos mais de 30 toneladas de alimentos 

Este fim-de-semana, a recolha decorre nos supermercados, onde 38 mil voluntários recolhem doações.
"Como temos mais pedidos, o que fazemos é ir procurar mais pontos de abastecimento", afirmou Isabel Jonet, à Lusa, admitindo que os produtos recolhidos nunca são suficientes.
Desta vez, a novidade será a abertura de um novo posto na Madeira, cuja inauguração só está programada para julho, mas que será antecipada durante os dias de recolha através de um canal online.
O canal será integrado no portal www.alimenteestaideia.net - lançado há um ano - e que foi reativado na quinta-feira, como forma de chegar a mais pessoas, nomeadamente aos emigrantes.
A aposta na Internet permitiu, no ano passado, "abranger muitos emigrantes" e "isso fez com que houvesse pessoas de 94 países a aceder ao portal online" para fazer doações, referiu a presidente do Banco Alimentar.
Cerca de um quinto dos portugueses vive atualmente em situação de pobreza, segundo dados do Banco de Portugal, citados pela presidente do Banco Alimentar, que adianta que se fossem retiradas as prestações sociais, quase metade (40%) das pessoas viveria abaixo do nível de rendimento mínimo.
"Em Portugal há uma taxa muito grande de pessoas que vive com prestações sociais e essas pessoas recorrem às instituições de solidariedade social" para pedir ajuda alimentar.
Participar na campanha é simples: basta aceitar um saco do Banco Alimentar e colocar nele bens alimentares – de preferência produtos não perecíveis (leite, conservas, azeite, açúcar, farinha, massas, etc). – para partilhar com quem mais precisa. 
No final, o resultado é distribuído localmente – ainda com recurso ao voluntariado – a pessoas com carências alimentares, por intermédio de mais de 2.000 instituições de Solidariedade Social, previamente selecionadas e acompanhadas ao longo do ano. Este é um modelo de intervenção integrada, que permite uma maior proximidade entre quem dá e quem recebe, no contexto de um trabalho conjunto para a inclusão social.
Só em 2011, foram recolhidos cerca de 30 251 toneladas de alimentos (com o valor estimado de 42,3 milhões de euros), num movimento médio de 121 toneladas por dia útil. No global, no último ano foram ajudadas mais de 337.500 pessoas, de acordo com os dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.

Pulo Jorge Oliveira 

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