Solidariedade Social vive com corda na garganta

IPSS de Setúbal vivem momentos difíceis

Há mais de 400 instituições de solidariedade social (IPSS), sobretudo centros sociais e paroquiais, estão à beira da falência. Há IPSS com a ‘corda na garganta’ em todo o País, mas a situação mais complicada vive-se na diocese de Setúbal. Marco António Costa, secretário de Estado da Segurança Social, já anunciou uma linha de emergência de 50 milhões de euros a partir de março. Mas pode não chegar.

Cada vez chegam mais pedidos às IPSS


"Se mais alguns pais deixarem de pagar as mensalidades, as coisas complicam-se muito", refere D. Gilberto Reis, bispo de Setúbal, esperando que o Estado "avance com o plano de emergência".
Os atrasos nos pagamentos – situação que tem vindo a aumentar – e a diminuição dos donativos são as principais causas da acentuada quebra de receitas, que está a resultar em dívidas e, em diversos casos, em salários em atraso.
"Um idoso custa 1135 euros por mês. O Estado dá 348,70 euros e os utentes, em média, 360. Os outros 430 vêm dos donativos, ou de trabalhos produzidos pela instituição", explicou o cónego Narciso Fernandes, presidente do Centro Social Padre David, em Braga, revelando que "a quebra nos donativos é superior a 60 por cento".
O presidente da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga, admite que alguns centros sociais terão de "reduzir os custos" e outros "reequacionar o plano de obras, que custam muito dinheiro". Para o padre Lino Maia, reeleito presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, "a situação que se vive, nalguns casos, é alarmante".

Apoios caíram 80 mil euros

Uma das instituições que vive momentos complicados é o Centro de Assistência Paroquial da Amora (CAPA), no Seixal. "O valor dado pelo Estado é tabelado, mas o das famílias é cada vez mais baixo, porque os rendimentos são também cada vez menores", diz o tesoureiro do CAPA, para quem "a situação das contas já chegou ao vermelho, com perdas entre os 70 e os 80 mil euros por ano". A instituição acolhe 352 crianças, mas a lista de espera já ultrapassa as 200. Além da Creche e Jardim de Infância, o CAPA disponibiliza serviços de ATL e Refeitório Cultural. Nos últimos cinco anos, a situação degradou-se bastante "devido ao aumento da pobreza", explicou o padre Pedro Granzotto.

Linha de apoio de 50 milhões para IPSS já em março
Marco António Costa divulgou linha de apoio de 50 milhões 


O secretário de Estado da Segurança Social anunciou a disponibilização já em março de uma linha de apoio de 50 milhões de euros para uma centena de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) em situação difícil.
"Por alguns investimentos feitos nos últimos anos, em que tinham expectativas mais elevadas de comparticipações do Estado que depois não se verificaram, muitas IPSS estão em situação difícil", afirmou Marco António Costa.
O governante acrescentou que o modelo de protocolo a realizar com estas instituições começou "esta semana" a ser elaborado, entre a tutela da Solidariedade e Segurança Social e os representantes das IPSS.
"Já temos as intuições bancárias a apresentarem propostas para obter as melhores condições para esta linha de crédito. Estamos a operacionalizar tudo para que durante o mês de março se possa avançar", garantiu ainda.
Este apoio servirá para a "viabilização financeira" das instituições "que se encontram em dificuldades", mas, garantiu Marco António Costa, não será para dar dinheiro.
"Terá subjacente um plano de recuperação e viabilização financeira das instituições. Ou seja, retirando as instituições da situação de dificuldade e resolvendo o problema de fundo, criando condições de estabilidade para o futuro", acrescentou.
Marco António Costa admitiu que cerca de uma centena de instituições sociais deverão recorrer a esta linha de apoio.
"Mas, repito, não será uma linha para despejar dinheiro em cima dos problemas e sim para planear e apoiar as instituições. Não numa lógica impositiva, fiscalizadora e tutelar, mas de parceria", rematou o governante.

Agência de Notícias 

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