Renas... frio... neve... trenó no céu a aproximar-se...

Reticências da Sociedade by Ana Sofia Horta
Renas... frio...  neve... trenó no céu a aproximar-se...

Olá a todos!
Mais um ano com o Natal à porta, a correria das prendas, a oferta dos chocolates e das meias brancas com raquetes de ténis, o peru, as filhó e das rabanadas. Tudo para a consoada e dia de Natal “perfeito” com a família toda linda e unida para a fotografia.
Uma vez por ano muitos fingem que estão bem, as melhores decorações, as melhores prendas, tudo “xpto” para mostrar e fingir que está tudo bem.
Vamos ser realistas, vem aquela tia chata que só a vemos no Natal, a nossa carteira está vazia, e não vamos fingir que não.

Vamos ser sinceros e mostrar aquilo que temos.
Este ano ainda não sinto o espirito de Natal nem o cheirinho a rabanadas. A minha família junta-se dia 24 à noite para comer o bacalhau, somos poucos mas as conversas cruzadas, dois adolescentes mais eu que me junto a eles acabamos por nos rir dos mais velhos e da minha tia, irmã da minha mãe, que tenta apanhar todas as conversas e não apanha nada.
No ano passado, a seguir ao jantar seguia-se o karaoke mas o zingarelho sofreu um acidente e este ano não há karaoke com a maior batoteira. As tarefas da comida e doçaria são divididas e quando a casa começa a ficar cheia e, ainda falta para o jantar, eu escapo-me, não tenho paciência para as conversas de cozinha, e aturar os mesmos familiares nem sempre dá bom resultado. A guerra da preparação do peru, enfiam-lhe tanta coisa e ainda leva com a agulha e fecha-se no forno durante horas, os hambúrgueres ingleses para o dia 25, rabanadas, coscorões.
Prendas, poucas há. Não há eurinhos e solidariedade pratico-a durante todo o ano. Não sou contra o Natal. Eu gosto, mas admito que a hipocrisia de meia dúzia de dias custa-me a aceitar. Se natal é quando o Homem quiser porque não ajudar o vizinho mais vezes com um pacote de arroz, uma sopa quente, um casaco, uma manta. Eu faço durante todo o ano e sinto-me tão bem! E vocês? Como é o Natal? São solidários?
Um óptimo natal, cheio de abraços, quente e feliz.



Ana Sofia Silva Horta
Educadora de Infância no Desemprego
Oeiras 

[Escreve todas as terças-feiras na rubrica Reticências da Sociedade]








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