Palco ADN - Rihanna seduziu Lisboa

Rihanna, a senhora sensual endiabrou Atlântico  

Lisboa recebeu no sábado à noite um dos últimos concertos da extensa digressão a que Rihanna tem levado a cabo durante este ano e, mesmo assim, nem por um minuto a jovem cantora nascida nos Barbados mostrou quaisquer sinais de cansaço. Antes pelo contrário. A sensualidade pura e bruta esteve à solta onde à noite pelo Atlântico.


Quem a viu e quem a vê. Depois de há cinco anos não ter passado de uma promissora, mas muito tímida, cantora que abriu o concerto das Pussycat Dolls, Rihanna regressou este sábado ao Pavilhão Atlântico para mostrar que actualmente é uma das maiores estrelas da música mundial.
Ao contrário de uma antiga “princesa da pop”, a cantora dos Barbados esgotou a lotação da maior sala de espectáculos lisboeta com uma produção de alto nível. E às luzes, vídeos, cenários e coreografias juntaram-se uma banda completa (com o português Nuno Bettencourt, dos Extreme, como guitarrista) e uma protagonista que dispensou playbacks e mostrou-se incansável em palco.
Este foi um dos últimos concertos da digressão de promoção a Loud, numa altura em que Rihanna já lançou um novo álbum de estúdio. Uma situação pouco habitual, mas que acaba por ser natural para quem nos últimos sete anos lançou seis discos. E em Lisboa já cantou novas “cantigas” que prometem encher a primavera/verão de 2012.

De acorrentada a endiabrada

Apareceu em palco encerrado numa esfera de ferro onde cantou os primeiros acordes de “Only Girl”. De gabardina azul-elétrico, botas rosa choque e muita personalidade escapou da jaula com passos firmes, sons electrizantes e a gritar ser a “única no mundo”, ao som de mais gritos e aplausos.
Com lasers magenta, amarelos e azuis e desta vez de cabelo castanho, a artista com origem guianense e irlandesa fez do Atlântico a sua casa. Bochechas carregadas de blush, olhos grandes e escuros, Rihanna, sempre divertida e sorridente, subiu para uma plataforma rolante que a fazia deslizar sob o palco e cantou “Disturbia”, já dentro de um biquíni colorido a lembrar os fatos caribenhos. Estava frio para biquínis, é verdade, mas só lá fora.
Segundo a crítica especializada, este terá sido mesmo um dos melhores concertos da cantora nos últimos tempos. A imagem profundamente sexualizada que tem promovido nos últimos anos (e explicitamente nas mais recentes canções) teve um reflexo na atitude que a cantora teve em palco, jogando sempre no campo da provocação sexual chegando, a certa altura, a deitar-se sobre uma fã, colocando mesmo as mãos da admiradora nos seus seios.

Emoções em fila


Rihanna trouxe ao Pavilhão Atlântico uma megaprodução, com uma banda de suporte bastante competente, um conjunto de dançarinos ágeis e que não roubavam qualquer protagonismo à cantora, e uma componente cénica altamente trabalhada, seja pela disposição de quatro grandes ecrãs circulares ou pelos "artefactos" que levou até ao palco, aparecendo em cima de um tanque de guerra rosa choque (enquanto interpretava o single "Hard") ou "destruindo" um carro enquanto dava voz a "Shut Up and Drive".
Os temas de sucesso, que para uma tão curta carreira são imensos, foram apresentados em catadupa para delírio e gritaria dos fãs.  
Tanto cantou vestida de cabedal e acorrentada num tema como "S&M", como privilegiou a expressividade emocional com algumas baladas, de "Unfaithful", a "Hate That I Love You" ou "Californian King Bed" (esta última foi dos temas mais fortemente entoados pelo público). E em "Love the Way You Lie", já no encore, não deixou de proporcionar o habitual momento em que se eleva vários metros acima do solo, interpretando a canção em cima de um piano.

Espectáculo sem ritmos mortos


Se desde que começou a sua carreira que Rihanna tem demonstrado um ritmo de trabalho verdadeiramente alucinante, o espectáculo que apresentou em Lisboa também viveu desta energia, conseguindo tornar as pausas para as mudanças de roupa e cenário breves e apelativas durante o tempo suficiente para que não caíssem na monotonia (um risco a que por vezes caem algumas estrelas pop neste tipo de megaproduções ao vivo).
Ao contrário de Britney Spears há sensivelmente um mês na mesma sala, Rihanna mostrou-se comunicativa com o seu público, descendo mais que uma vez para cumprimentar os fãs da primeira fila ou até tirando fotografias e dando alguns autógrafos.

Bettencourt, o português que trabalha com a cantora

Revelou ainda os seus dotes de baterista durante uma versão de "The Glamorous Life" de Sheila E. (e este não foi o único momento em que revisitou canções de outros, já que ao início da noite cantou também "Darling Nikki", um original de Prince, vestida com um smoking num cenário associado aos bares de strip-tease).
Curiosamente um dos membros da banda da cantora é o guitarrista português Nuno Bettencourt (dos Extreme e estabelecido nos EUA há vários anos), que não deixou de envergar uma T-shirt da selecção nacional de futebol e de tocar uma guitarra acústica com o padrão da bandeira portuguesa.

Final em grande


“Rude Boy” foi outro dos momentos grandes da noite. Com coreografias ensaiadas, passos à Wacko Jacko e mais sex appeal. Perguntou se Portugal gostava de festa, ao que a resposta foi óbvia. Gritos. Disse-se surpreendida com a assistência portuguesa e brindou com “Cheers”.
Para o final Rihanna reservou o já clássico "Umbrella" e o muito recente "We Found Love", certamente um dos momentos mais aguardados da noite, tal foi a euforia com que foi recebida esta canção dance-pop produzida por Calvin Harris. E saiu definitivamente vencedora, capaz de protagonizar de forma apelativa um espectáculo desta envergadura.
E a despedida final foi feita a dançar como se não houvesse amanhã com a electro-house de “We Found Love”, uma chuva de confettis e a certeza que por ali tinha passado um dos melhores espectáculos pop do ano.
“Volta Riahnna. Estaremos sempre aqui por ti e pela tua música”, gritava um grupo de fãs. Ao palco, a barbadense mais conhecida da ilha já não voltou. Mas a Portugal irá voltar de certeza.


Calvin animou mas... pouco

Antes de Rihanna o britânico Calvin Harris apresentou-se em formato DJ set (mas com uma componente visual muito forte), apesar de se ter limitado a passar canções na sua maioria de um gosto bastante duvidoso (segundo os críticos musicais) e demonstrando como está a querer seguir os passos de um David Guetta (o que, a nível criativo, o torna desde já bastante limitado).


Paulo Jorge Oliveira 

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