Em Reportagem: Ministro feliz com "bravura" da Força Área

Militares foram “bravos”

O ministro da Defesa respondeu ontem aos que nos últimos dias têm "desvalorizado" os "feitos" das Forças Armadas, como o salvamento dos pescadores das Caxinas, considerando que "não há dinheiro que pague" o desempenho destas missões. Por sua vez Ricardo Ferreira Amaral, o comandante que resgatou os seis pescadores, diz que “só fiz o que tinha de ser feito. Não me sinto herói. Apenas orgulhoso por salvar a vida de seis pessoas”.

Ministro da Defesa diz que Força Área faz um trabalho notável 

No seu discurso na Base Aérea do Montijo, onde presidiu à cerimónia de encerramento da actividade operacional da Esquadra 401 (Aviocar), José Pedro Aguiar-Branco elogiou o resgate dos seis pescadores das Caxinas, Vila do Conde, pela Força Aérea Portuguesa.
“O país emocionou-se com mais um trabalho notável da Força Aérea. Tratou-se apenas de um exemplo de muitos outros possíveis. Mas a esta operação terá de se acrescentar muitas outras. Só em 2011 foram resgatadas 37 pessoas, 321 doentes evacuados e 28 missões de transportes de salvamento”, disse José Pedro Aguiar-Branco, que homenageou a Esquadra 401, com a entrega de um diploma de louvor aos militares da unidade,
Enaltecendo o trabalho desenvolvido nos últimos anos, o ministro da Defesa recorreu à palavra “bravura” para caracterizar todas as missões operadas pela Força Aérea Portuguesa:
“Sim é uma palavra que está um pouco em desuso mas que assenta bem ao trabalho dos militares portugueses. Não há louvores, contrato, dinheiro, que pague a coragem destes militares”.
Apesar dos cortes orçamentais na Força Aérea, José Pedro Aguiar-Branco, garantiu que nenhuma missão ficará por cumprir.
“As medidas de austeridade afectam todo o povo português. Mas posso garantir que nenhuma missão de busca e salvamento será colocada em causa. Nem a questão dos treinos. Para se operar com sucesso é preciso trabalhar muito e isso também estará assegurado”, finalizou o responsável pela pasta da defesa nacional.

Ricardo Amaral, o comandante que resgatou os pescadores
Comandante Ricardo Amaral  

Ricardo Ferreira Amaral. Nome militar: piloto comandante Ricardo Amaral. 30 anos de idade, natural de Viseu, alistou-se há quatro anos na Força Aérea e assumiu o cargo de comandante da Esquadra 751 há apenas três meses. Nestes dias, na Base Aérea n.º 6, no Montijo, local onde exerce funções, há também quem o chame de herói nacional. Foi ele quem dirigiu o salvamento dos seis pescadores perdidos no mar português, há três dias e três noites.
Mas, como quase tudo na vida militar, rejeita protagonismo. Não quer vedetismo. Nem o facto de ter sido o principal responsável pelo salvamento dos seis pescadores de Caxinas leva a que Ricardo Amaral se sinta mais especial que todos os outros.
“Sinto uma alegria enorme por saber que estão bem em suas casas”, disse o jovem piloto em entrevista ao jornal A BOLA pela primeira vez, daquela que considera ser a missão mais honrosa da ainda curta carreira militar.
“A minha paixão pelos aviões vem de muito cedo. Não tenho ninguém da família ligado à vida militar. Quando me alistei na Força Aérea, há quatro anos, cumpri um sonho. Mas todo este tempo, todo o esforço, é recompensado por missões como a que ocorreu na passada semana. Não fizemos mais que a nossa obrigação, mas a sensação é óptima”, desabafou Ricardo Amaral, que, pouco depois, contou alguns pormenores da operação de salvamento aos seis tripulantes da embarcação 'Virgem do Sameiro':
“Eu e mais quatro militares estávamos numa missão de fiscalização de pescas. Mas quando nos preparávamos para passar na zona de buscas foi-nos pedido para estarmos atentos. Sabíamos dos pescadores desaparecidos e felizmente encontrámos a balsa”, começou por contar, prosseguindo, depois com a história de final feliz. “Quando avistámos a embarcação não tivemos dúvidas de que seriam os pescadores de Caxinas. Depois tudo se processou nos moldes normais de salvamento. De forma eficaz, felizmente”.
Ricardo Amaral, nem chegou a trocar nenhuma palavra com os sobreviventes. “Quase não tinham forças. Só quando chegámos à Base de Monte Real tive a oportunidade de abraçar e aconchegar alguns dos sobreviventes. Olharam para mim e fizeram apenas com um dedo, um sinal de satisfação. Isso chegou para me deixar feliz e com o sentimento de dever cumprido”, concluiu. Um comandante que a população das Caxinas - e os seis homens salvos - jamais irão esquecer.

Agência de Notícias

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