Desejos de Natal

Criticas Soltas - by Joana Teófilo Oliveira
Desejos de Natal

Ao pegar na caneta, (sim, porque primeiro gosto de escrever o que penso no meu caderninho e só depois passo para o computador) faltam poucos dias para os festejos da consoada. Vésperas de Natal, proximidade de amor, de risos e sorrisos em família.
Na minha terra de origem, Figueira de Castelo Rodrigo, (Distrito da Guarda) apesar do mau tempo, já não se sabe respeitar sequer a quadra natalícia, confundem-se já no ar os cheiros das filhós e rabanadas, com o da lenha queimada nas lareiras e o do gasóleo das modernas "chauffages", numa mistura “estranha” do tradicional com o moderno.
Monumento no Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo 

Pelo trânsito, intenso, apercebo-me que o regresso dos filhos (não pródigos) aconteceu e o reencontro com as origens aconteceu... mais uma vez.
Cumpre-se assim a magia do Natal! Daquele Natal de Esperança, de Paz e Amor.
A magia que constantemente somos levados a recordar e nos traz à lembrança as ofertas, que passavam sobretudo pelas roupas, e brinquedos simples, do antigamente, e que eram motivo de orgulho na manhã de 25 de Dezembro, perante os amigos e companheiros de “retouça”.
Amigos que agora regressam para partilhar a tristeza da partida com aqueles que ousaram ficar, e para se aquecer com o calor dos madeiros e lareiras.
Natal, é nos tempos modernos, época de “marketing”, para nos “impingir” tudo o que não precisamos, e compramos, numa febre consumista que nos invade, e nos leva, sobretudo a perder a cabeça nas ofertas feitas aos mais pequenos, mimando-os, para que perdoem o pouco tempo que passamos com eles, numa compensação de afecto por brinquedos. E o que não faltam são campanhas para “atiçar” a curiosidade dos mais pequenos que não entendem ainda (ainda bem) a palavra crise.
Natal é, desde sempre, o meu espírito de criança, o tempo dos presentes trazidos em segredo pela calada da noite para o calor da chaminé, pelas mãos carinhosas dos pais, na esperança (dupla) de satisfação dos pequenos e de que acreditassem na vinda do Menino Jesus.
Afinal a mesma esperança que hoje ainda nos faz acreditar em quem trará as prendas na noite mágica. Gostaria neste Natal de lhe pedir que não se esqueça de passar pelos meus dois Distritos (Guarda, por coração e Setúbal por adopção) trazendo entre as prendas, a Esperança de uma vida mais próspera em 2012 que não, tarda nada, está no batente da porta.
Talvez assim à entrada de um ano, sonhemos ainda em ter médicos para os nossos filhos e instalações hospitalares modernas, acreditemos que não será preciso partir para longe porque o desenvolvimento irá passar por aqui trazendo empregos para os que cá querem viver, e o meu Distrito de coração não será composto de aldeias fantasmas que vivem apenas durante o Natal e no meu querido mês de Agosto. Para Setúbal, que me acolheu de braços abertos, quero mais saúde para os munícipes de Quinta do Anjo, quero transportes públicos de qualidade até à Estação de Comboios de Quinta do Anjo (Penalva). Quero melhores serviços públicos para os jovens e, sobretudo, que o desemprego não desgrace mais famílias. Figueira de Castelo Rodrigo e Setúbal, quase 400 km de distância e, quase, os mesmos problemas. Podemos ainda sonhar neste Natal? 
Que o Menino Deus abençoe todos os dias. Feliz Natal a todos.

Joana Teófilo Oliveira
Estudante de Ciências da Educação
Quinta do Anjo 

(Escreve todas as segundas-feiras na rubrica Criticas Soltas)







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