Retratos da campanha eleitoral - Defensor de Moura


Defensor da regionalização




Sem multidões, bandeiras ou brindes. Sem comícios ou jantares de campanha, Defensor Moura está a promover uma campanha temática, aproveitando os holofotes das eleições presidenciais para abordar temas que considera prioritários para o país, como a regionalização, a luta contra a corrupção, a defesa do mundo rural, dos direitos dos animais ou a solidariedade.

Aos 64 anos, Defensor Moura candidata-se pela primeira vez à Presidência da República. Atrás de si, deixa uma carreira política já longa e polémica. Foi no poder autárquico que Defensor Moura mais se destacou: durante 16 anos, presidiu à Câmara Municipal de Viana do Castelo, eleito pelo Partido Socialista. Contudo, a filiação partidária jamais o impediu de assumir posições autónomas que, muitas vezes, o colocaram em rota de colisão com o próprio partido.

À frente da autarquia minhota, ganhou especial protagonismo ao rejeitar a adesão de Viana do Castelo à Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima, bem como ao defender de forma irredutível a demolição do Prédio Coutinho, onde viviam quase 300 pessoas - ao abrigo do programa Polis. Enquanto autarca, assumiu também um lugar cimeiro na luta pela erradicação das touradas em Portugal, ao defender abertamente o fim da “festa brava”. E foi por decisão sua que Viana do Castelo se tornou a primeira cidade portuguesa anti-touradas.

Depois da vitória socialista nas eleições legislativas, Defensor Moura deixou assim Viana do Castelo para trás e partiu em direcção a Lisboa, para um regresso ao Parlamento – afinal de contas, já em 1986, Defensor Moura tinha passado pelo hemiciclo durante algumas semanas, ao serviço da bancada do Partido Renovador Democrático, de Ramalho Eanes e Hermínio Martinho.


Ao serviço da bancada parlamentar socialista, integra (desde Setembro passado) a Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, a Comissão de Defesa Nacional e ainda a Comissão de Saúde – área na qual desenvolveu maior trabalho, conforme o pode comprovar a sua folha de actividade parlamentar.

A saúde foi, desde cedo, uma área de eleição para Defensor Moura: licenciado em Medicina e Cirurgia, iniciou a sua carreira como médico quando estava em Angola – país onde chegou até a trabalhar como controlador aéreo (ao serviço do aeroporto de Luanda).

Especialista em Medicina Interna, viria mais tarde a tornar-se o director clínico do Hospital de Viana do Castelo, contribuindo ainda para a fundação da Federação Nacional de Dadores de Sangue. Foi também presidente da distrital da Ordem dos Médicos.

A regionalização é a "principal proposta" da sua candidatura e uma "necessidade" para o País. "Anunciei na apresentação da minha candidatura, que, mais do que fazer promessas, iria repisar o que foi o meu caminho profissional, cívico e político. E a regionalização é uma pegada do meu percurso pessoal que quero reactivar e é a principal proposta da minha candidatura à Presidência da República", salienta. Defensor Moura fez parte do movimento cívico Portugal Plural em 1998, que “se bateu pela regionalização, e penso que todos estes anos de centralismo vieram confirmar que a regionalização é cada vez mais uma necessidade para o nosso país". Para Defensor Moura, "as regiões administrativas são um passo fundamental para que Portugal se torne um país verdadeiramente desenvolvido".

Para o candidato independente da ala socialista, as Pequenas e Médias Empresas precisam de mais apoio. “Vale a pena apoiar a iniciativa dos pequenos empresários portugueses. Vale a pena criar condições para que eles se instalem e desenvolvam. Vale a pena acreditar nas iniciativas e isso é tanto mais fácil quanto maior autonomia tiverem os poderes locais e regionais”.
Defensor de Moura retomou o tema da balança comercial, defendendo que deveria ser incrementada através das exportações e da diminuição das importações, e deixou um apelo aos portugueses, para que consumam produtos nacionais. “Só estimulando pela compra é que as nossas fábricas se podem desenvolver, modernizar, automatizar para que possam ser mais competitivas a nível nacional e internacional”, disse.

A dois dias do fecho da campanha, Defensor Moura diz que é um candidato “verdadeiramente independente”, que “pensa pela sua cabeça”, mas que sabe “auscultar a população, os seus apoiantes e tira conclusões que são muito favoráveis para a actividade política em Portugal”.

“Vale a pena fazer política com nobreza. Vale a pena fazer política pensando no bem estar das comunidades e no desenvolvimento do país. Vale a pena”, sublinhou.


Garantiu ainda que não pretende desistir. “Eu acho que nunca desisti de nada, mesmo quando corria acabava sempre por chegar ao fim mesmo que chegasse em último havia de chegar”, salientou.

O candidato, que mantém as suas funções como deputado eleito pelo PS na Assembleia da República, é ainda o assessor da sua campanha e é o própria que actualiza a página oficial na Internet ou na rede social facebook, onde possui 2581 “amigos”.

O antigo presidente da câmara de Viana do Castelo pôs a circular pelo país seis viaturas de campanha, em que figura o cartaz da candidatura, cujo lema é “Contra a resignação”.

As viaturas vão transmitindo a música da campanha “É urgente o amor”, um poema de Eugénio de Andrade cantado pelo grupo Nortada, que tem feito parte de todas as campanhas de Defensor Moura. Se for eleito, promete garantir o regular funcionamento das instituições democráticas, defender os direitos, liberdades e garantias pessoais, laborais e de participação política, bem como fazer cumprir os direitos económicos, sociais e culturais dos portugueses.

Paulo Jorge Oliveira 

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