Editorial

Porque é Natal...

Opina-se hoje muito sobre a forma como a sociedade está a encarar o Natal: uma festa de consumo e de consumistas. É um facto. Mas também é verdade que a solidariedade está muito presente nesta quadra, com jovens, instituições, associações e mesmo empresas a lançarem campanhas solidárias. Com este quadro fica uma pergunta no ar. Será que as pessoas não estão a enveredar por um campo mediático em que as causas são grandes obras nacionais e internacionais, esquecendo-se do vizinho do lado?
Esta pergunta pode ter resposta negativa se tomarmos, como exemplo, os casos de necessidades básicas de famílias inteiras no concelho de Palmela, onde muitas vezes são as instituições e os amigos que tentam, nesta época, “aconchegar” os estômagos dos mais carenciados, onde o número não para de aumentar. Sendo certo que em 2011 a situação poderá piorar por tudo que já se sabe. 
Estes são casos de miséria reais, exemplo típico de famílias desintegradas que geram famílias descompensadas, passa-se praticamente à porta de muitos de nós que, provavelmente, nem nos apercebermos. Ou, pior, fazermos que não vemos. Ora, estas pessoas precisam de ajuda, de atenção e de campanhas solidárias todo o ano. Nós, tão preocupados, em ajudar países necessitados, em contribuir para a construção de lares de acolhimentos para esta ou aquela instituição temos, também o dever e o direito de ajudar aqueles que estão tão perto de nós.
A realidade é que estamos com mais um Natal à porta. Enquanto isto, assiste-se por quase todo este mundo a um abrandamento da economia: Portugal com uma da mais débil evolução do crescimento económico da União Europeia. Nação de falências em cadeia, ocasionando aumento do  desemprego, uma infinidade de pessoas no limiar da pobreza e que auferem salários mensais de menos de 400 euros. Isto tudo torna, este ano, um Natal com perspectivas amargas. Diria um Natal de “muitas luzes sem luz” para grande maioria das pessoas.
Estamos com mais um Natal à porta. Vamos a uma pastelaria engolimos o café ao balcão e a televisão, lá no alto, diz que mais de meio milhão de portugueses aguardam um posto de trabalho que se perdeu e se aguarda desesperadamente por outro – o ganha-pão para numerosas famílias carentes. Baixam subsídios do Estado, sobem impostos e o preço da vida. Há crianças que só comem... porque as Escolas fornecem comida. E cada vez há mais indiferença. Na Assembleia Municipal da última semana, os partidos [todos sem excepção] debateram durante duas horas os direitos humanos em Cuba, na China, nos Estados Unidos, no Irão. Problemas importantes, é claro, mas seria esperar muito mais de partidos com assento municipal que discutissem  e aprovassem moções ou medidas para as pessoas que no seu concelho passam fome. É esse o debate sério e inteligente que falta fazer em Palmela.
Estamos com mais um Natal à porta. É mais uma época enternecedora, um compasso de Amor numa pauta de fusas e semi-fusas caídas em catadupa, numa composição que temos a mania de complicar que se chama Vida. Seria muito mais enternecedor transformar esse compasso numa Sinfonia de 365 Natais, distribuindo Amor, repartindo Fraternidade compartilhando Felicidade, envolvendo Solidariedade, aproximando-nos mais uns dos outros, desfazendo ódios, rancores, mal-entendidos e intrigas. Enfim, o desamor em vez do Amor.
E porque é Natal, o Novo Impacto, deseja a cada leitor, a cada anunciante, a cada colaborador, a cada um de vós, um Santo Natal e um próspero Ano de 2011.

Paulo Jorge Oliveira 
Director Jornal Novo Impacto 
jornalnovoimpacto@gmail.com

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