ATA – Teatro de Pinhal Novo


Um grupo cada vez mais jovem 


A comemorar 27 anos de existência, o conhecido grupo de teatro ATA – Acção Teatral Artimanha recebeu-nos na sua nova sede. Nas antigas instalações dos CTT de Pinhal Novo, junto da estação de comboios, o ATA aposta agora na renovação e dinamização deste espaço, devolvendo alguma vida a esta zona da freguesia e aproximando a cultura da população.
Durante aproximadamente uma hora, o Novo Impacto conversou com Rui Guerreiro, o actual director deste grupo de teatro amador e um dos seus principais dinamizadores. Falando com grande entusiasmo, Rui Guerreiro descreveu o número crescente de jovens que todas as semanas procura o seu grupo de teatro e “sonha” com uma possível carreira na área da representação. Durante 2010, doze novas caras passaram a integrar a formação do ATA. Jovens das mais diversas faixas etárias, dos 10 aos 16 anos de idade. Todos com grande vontade de aprender, no entanto, e porque estamos em época de contenção, faltam as verbas para a contratação de novos formadores. Como nos confirmou este responsável, no âmbito de um protocolo celebrado com a Câmara Municipal de Palmela, o ATA já deveria ter recebido um novo apoio financeiro (referente a 2010), mas dificuldades várias adiaram a chegada desta preciosa ajuda. Perante este cenário, o grupo de teatro mais conhecido de Pinhal Novo será obrigado a alguma “ginástica” financeira, pelo menos até o inicio do próximo ano, data em que esperam receber o apoio da autarquia de Palmela.
Com um dos seus principais actores ausentes no estrangeiro, recorde-se que Óscar Silva está em formação no Brasil e só regressará no início do próximo ano, as metas definidas pelo ATA são baseadas no futuro próximo. A par deste actor, também Rui Guerreiro apostou na formação, com uma passagem pelo ensino superior, onde o actual director deste grupo estuda representação. O teatro é mesmo a sua grande paixão, mas não tem sido fácil coordenar todo o seu trabalho. Com o director mais ausente, Bruno Gomes assumiu algumas das principais tarefas, nomeadamente a recepção dos novos elementos do grupo e a coordenação de alguns projectos.



ATA prepara nova temporada de estreias 

Com duas peças ainda em cartaz, “Na Terra dos Pinguins” e a “Conquista de Lisboa ao Mouros”, o grupo de teatro amador ATA aposta agora, na itinerância nos seus espectáculos. Depois de uma passagem pelo Entroncamento, prometida para muito breve, “Na Terra dos Pinguins” terá como destino Vendas Novas. Quanto à peça “A Conquista de Lisboa ao Mouros”, projecto que já acompanhámos nas páginas deste jornal, depois de uma rápida passagem por Santa Maria da Feira, será a vez de Lisboa conhecer os encantos dos actores de Pinhal Novo. Prometida fica também uma participação na próxima edição do Festival de Teatro do Lavradio (Barreiro) – SFAL.
Mesmo com duas peças ainda em cena, Rui Guerreiro tem muitos projectos em carteira. Para celebrar a chegadas dos novos elementos ao grupo de teatro, os 12 jovens recém-chegados ficarão inteiramente responsáveis pelo desenvolvimento de uma nova peça. Com encenação e textos da sua autoria, os jovens deverão conseguir apresentar a peça em Dezembro. Um grande desafio, mas também um voto de confiança nas capacidades destes “futuros actores”. 
Um outro projecto passa pela reedição de uma peça apresentada pelo ATA em 1983, “Timidez”, da autoria de Cornélia Guerra e adaptada pelo português Eduardo Garrido, o grupo procura reencontrar-se com um género mais cómico. Nas palavras do director do ATA, uma peça teatral mais “leve”, com uma duração aproximada de 80 minutos e que, em Portugal, terá subido ao palco pela primeira vez no final do século XIX. Apostando num cenário minimalista e com apenas 5 actores em palco, “Timidez” permitirá uma maior mobilidade, com Rui Guerreiro a “sonhar” com novas digressões, ultrapassando os próprios limites do concelho. 

Novos desafios em 2011

Quanto a 2011, o ATA tem novos desafios em “cima da mesa”. Para já, merece destaque a participação nos dois eventos promovidos pela Federação Portuguesa de Teatro (FPTA) (antiga Associação Nacional de Teatro Amador (ANTA). Recorde-se, no âmbito do Festival Nacional de Teatro promovido por esta organização, o ATA alcançou em 2008 o prémio para melhor coreografia, tendo sido convidado para actuar no encerramento deste mesmo festival, no ano seguinte. Agora com novo nome e renovadas ambições, a Federação Portuguesa de Teatro (o ATA é membro suplente da direcção) anunciou a criação de dois novos festivais, o primeiro direccionado para o teatro infantil e o segundo pensado para género de comédia. Tal como seria de esperar, o ATA já confirmou a sua presença e levará a concurso peças destinadas a ambos os géneros teatrais. 
No pensamento do director deste grupo são muitas as peças que gostaria de conduzir, mas a ausência de tempo e alguns problemas de financiamento são os principais obstáculos. Mesmo assim, existe a possibilidade de voltar aos grandes clássicos do teatro mundial, com a representação de trabalhos de Eurípedes e Shakespeare. Outra possibilidade é o recente trabalho de Armando Rosas, “Mary of Magdala”, uma peça recentemente estreada nos Estados Unidos e que discute temas mais agnósticos.
Como metas para o futuro, Rui espera “construir” um grupo mais profissional, pese embora, mantenha a sua estrutura amadora de base, com alguns actores dedicados integralmente ao teatro. Para que tal seja possível, o ATA terá de encontrar um projecto que seja sustentável financeiramente, permitindo a entrega completa dos seus profissionais e que assegure digressões por todo o país.  

Nova sede do ATA será espaço cultural
 
Tal como já mencionamos, o antigo edifício dos CTT de Pinhal Novo passou a acolher o grupo de teatro – ATA. Um espaço histórico na freguesia, mas que necessitava de algumas intervenções. Até ao final deste mês, segundo referiu o director deste grupo de teatro, o espaço estará novamente habitável, oferecendo renovadas condições a todos os que o visitarem. Desta forma, para além dos ensaios do grupo, o espaço poderá igualmente acolher outro tipo de eventos culturais, mais orientados para a literatura e/ou música. Um dos objectivos passa por recuperar as famosas sessões de leitura de poesia, praticadas no antigo café/bar “Sol Moi o Pai!”. Em suma, um espaço dinâmico e vocacionado para outro tipo de actividades, que não apenas o teatro.

Grupo procura novos voluntários

No final desta entrevista, Rui Guerreiro quis deixar um apelo. Nas palavras do director do grupo, o ATA necessita de voluntários com capacidades especiais e com gosto pelo teatro. Com mais de 30 elementos, não existe uma grande necessidade de novos actores, até porque os pedidos são muitos, mas faltam elementos que queiram dedicar-se ao trabalho de bastidores, designadamente contacto com possíveis patrocinadores, manutenção e remodelação de todos os conteúdos online, bem como ajudar na divulgação do trabalho do ATA e de toda a sua história. Com 27 anos de história e mais de 40 peças estreadas, o ATA faz já parte da cultura do concelho.

João Agostinho

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