Um sistema sob pressão: "Não há condições para apoiar estes alunos"
A sobrecarga de trabalho e a falta de recursos estão a levar os professores de Educação Especial do Agrupamento de Escolas do Monte de Caparica, em Almada, ao limite. Perante uma situação que consideram insustentável, 12 docentes apresentaram um pedido formal de escusa de responsabilidades à direção do agrupamento, exigindo soluções urgentes.![]() |
Chamadas ao INEM tornaram-se frequentes devido a crises |
Nas salas de apoio à aprendizagem, onde deveriam estar apenas seis alunos por turma, com dois professores e dois auxiliares, a realidade é bem diferente. No primeiro ciclo, há 11 alunos autistas que, muitas vezes, contam apenas com a presença de um docente ou de um assistente operacional.
"A falta de recursos agrava os desafios do ensino especial. Os episódios de desregulação comportamental são frequentes e, sem o acompanhamento adequado, tornam-se ainda mais complicados", explica Rui Foles, professor do agrupamento. Apesar das dificuldades, garante que nenhum aluno ficará sem apoio, mas alerta que a atual situação é insustentável.
"A falta de recursos agrava os desafios do ensino especial. Os episódios de desregulação comportamental são frequentes e, sem o acompanhamento adequado, tornam-se ainda mais complicados", explica Rui Foles, professor do agrupamento. Apesar das dificuldades, garante que nenhum aluno ficará sem apoio, mas alerta que a atual situação é insustentável.
A falta de recursos humanos tem reflexos diretos na saúde dos docentes. "Há professores que chegam ao burnout, que choram de exaustão nas reuniões e que têm de lidar com agressões diárias. Já tivemos casos de colegas com dentes partidos e em atestado prolongado", conta Rui Foles.
Além das agressões a docentes e assistentes operacionais, os episódios de violência entre os próprios alunos são frequentes. "Há crianças a morder e a arranhar colegas até sangrar. E sem pessoal suficiente, não conseguimos intervir a tempo", lamenta.
Além das agressões a docentes e assistentes operacionais, os episódios de violência entre os próprios alunos são frequentes. "Há crianças a morder e a arranhar colegas até sangrar. E sem pessoal suficiente, não conseguimos intervir a tempo", lamenta.
Chamadas de emergência tornam-se rotina
Face a situações extremas de desregulação, a escola vê-se obrigada a recorrer frequentemente ao INEM. "Nestes casos, são emergências médicas. A única opção é chamar o INEM para que os profissionais de saúde possam intervir, ajustando a medicação, se necessário", explica Rui Foles.
No primeiro ciclo, a situação agrava-se ainda mais, pois muitas crianças estão numa fase de adaptação da medicação. "Nos anos mais avançados, os alunos já têm um plano mais estabilizado, o que reduz os episódios de crise", acrescenta.
A direção do agrupamento já reuniu com os professores e está em articulação com o município de Almada para encontrar soluções. "Apesar do rácio de assistentes estar a ser cumprido, a substituição dos auxiliares ausentes por doença está a ser assegurada", garantiu o Ministério da Educação.
Entretanto, os professores reforçam que apenas medidas paliativas não são suficientes. "Atribuir horas extraordinárias é um remendo temporário. Precisamos de mais salas, mais docentes e mais assistentes operacionais", sublinha Rui Foles.
No primeiro ciclo, a situação agrava-se ainda mais, pois muitas crianças estão numa fase de adaptação da medicação. "Nos anos mais avançados, os alunos já têm um plano mais estabilizado, o que reduz os episódios de crise", acrescenta.
A direção do agrupamento já reuniu com os professores e está em articulação com o município de Almada para encontrar soluções. "Apesar do rácio de assistentes estar a ser cumprido, a substituição dos auxiliares ausentes por doença está a ser assegurada", garantiu o Ministério da Educação.
Entretanto, os professores reforçam que apenas medidas paliativas não são suficientes. "Atribuir horas extraordinárias é um remendo temporário. Precisamos de mais salas, mais docentes e mais assistentes operacionais", sublinha Rui Foles.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que garantiu que a diretora do agrupamento está "a acompanhar a situação e já reuniu com os docentes de modo a, conjuntamente, encontrar as soluções mais adequadas que possam reforçar as respostas a dar aos alunos".
O Ministério assegura ainda que a escola "está em articulação com o município de Almada para que, pese embora o rácio estivesse a ser cumprido, possa substituir as assistentes operacionais ausentes por doença".
Agência de Notícias
Fotografia: CM Almada
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