Catarina Eufémia imortalizada em mural no Pinhal Novo

Autor da obra lembra a importância da arte mural para a humanização das cidades

Já está concluída a pintura mural do Auditório Rui Guerreiro, no Pinhal Novo. Localizada na parte detrás do edifício, virada para a estação ferroviária, “Catarina” foi realizada por Vasco Maio, que teve como inspiração os valores de Abril, as trabalhadoras rurais e o cancioneiro do Cante Alentejano. O trabalho, solicitado pelo município de Palmela à Revista FOME, constitui uma homenagem aos protagonistas da revolução dos cravos, em particular, à ceifeira Catarina Eufémia, morta aos 26 anos num protesto operário.
Obra de Vasco Maio lembra os valores de Abril 

"Visto estarmos aqui num local onde aos fins de semana existe o 'Mercado da Reforma Agrária', fez-me sentido fazer o mural com alusão a Abril e que fizesse, também, essa ligação aos trabalhadores agrícolas e à Reforma Agrária. É uma homenagem direta a Catrina Eufémia, uma figura com bastante relevância e muito respeitada pelos seus ideais", sublinhou o artista que referiu, ainda, a "coabitação da arte mural com a arquitetura e com a paisagem". 
Nascido em 1983, Vasco Maio possui ateliê e residência em Almada e desenvolve trabalho na área da pintura e desenho, bem como arte pública, nomeadamente, pintura mural. É licenciado pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa em Design de Comunicação e bacharelato em Pintura, na mesma instituição. Dedica-se, também, à disciplina de Design de Comunicação e participou em diversos projetos de arte mural bem como em exposições coletivas e oficinas artísticas.
Vasco Maio recordou, a finalizar, a importância da arte mural para a humanização das cidades. "Comecei nos anos 90 e não havia obras pintadas em empenas, em grande escala, ou seja, isso, também demostra uma maior aceitação, das entidades, das pessoas e acho que cada vez começa a ter mais relevância por ser importante para humanizar os espaços".
Para Margarida Mata, da Revista Fome, o trabalho que desenvolvem desde 2018 tem contribuído muito para uma aproximação dos artistas, dos públicos e dos territórios. "O que nós tentamos fazer é pôr as pessoas certas no sítio certo, com o projeto certo e o que acabamos por fazer é muito o acompanhamento curatorial. Sempre que recebemos um desafio como este da Câmara de Palmela, tentar acompanhar o artista, desenhar para aquele espaço, escolher o artista certo e tem sido de facto um processo muito proveitoso para nós, mas também, ver o resultado depois nos territórios".

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