Música de todo o mundo volta a tocar em Sines e em Porto Covo

Dois anos depois, músicos de todo o mundo vão subir ao palco. São 47 concertos em nove dias

A voz da cantora portuguesa Lina entrelaçou-se com o piano, sintetizadores e "samplers" do produtor e músico catalão Raül Refree, no duo Lina_Raül_Refree, na abertura do Festival Músicas do Mundo, em Porto Covo. O disco homónimo do projeto teve lançamento global na Glitterbeat Records, valeu-lhes a vitória na primeira edição do Prémio Carlos do Carmo e está a levá-los a palcos de todo o mundo. Ambos assumem que gostam muito do Festival Músicas do Mundo por representar "uma visão muito aberta da música tradicional", a mesma visão que admitem ter. Só a partir de segunda, 25, é que o festival viaja até Sines, mas mesmo por lá, os espetáculos espalham-se por diversos locais. Primeiro, irão aterrar no Centro de Artes. Seguem-se as atuações no palco de sempre, montado no castelo, a partir de quarta, 27. Desta vez, os concertos só serão acessíveis a quem possuir bilhete, à exceção dos que têm lugar durante a tarde, no castelo.
Festival continua a juntar música do mundo inteiro

O concerto esteve previsto para 2020, mas a pandemia da covid-19 trocou-lhes as voltas. "Quando acabamos por fazer os concertos têm uma carga diferente, em consequência do momento socialmente muito negativo que o mundo viveu", assume Raül Refree em entrevista à Lusa.
"Foi um momento muito difícil para todos, não diria apenas pela cultura ou pela música, mas por tudo, por todos", afirma o músico.
Há também pessoas que perderam "muito trabalho e muito dinheiro" por causa da pandemia. Portanto, para Raül, é uma celebração poder tocar num festival o Festival Músicas do Mundo. 
Quando questionado pelo instrumento preferido nos muitos que dispõe, o produtor de artistas como Sílvia Pérez Cruz, Lee Ranaldo ou Rosalía afirma que é algo em constante mutação. Hoje poderá preferir o sampler ou o sintetizador, mas amanhã poderá gostar mais do piano. No fim de contas, "penso que sou uma pessoa diferente todos os dias".
Sobre um novo álbum de originais, Lina responde que gostaria muito e acredita que o Raül também, assumindo que as conversações estão abertas sobre o futuro.
Embora hoje estejam focados no Festival Músicas do Mundo de Sines, em cantar e falar, "que também é poesia". "Estamos muito felizes".
"Todos temos a liberdade de poder criar em volta do que é tradição, e trazer estas novas sonoridades e perceber que há um caminho a percorrer, e que pode ser bastante sensível ao ouvido e às emoções. Penso que a emoção é o que transporta a música e que nos leva a fazer algo distinto e livre", remata Lina.

Um mundo inteiro em Sines até 30 de Julho 
Lina e Raul Refree abriram palco em Porto Covo 
O Festival Músicas do Mundo regressou esta sexta-feira ao concelho de Sines, onde vai decorrer até 30 de Julho, depois de uma pausa de dois anos, com uma programação que inclui 47 concertos de artistas de quatro continentes.
Ava Rocha, Bia Ferreira, Letrux, Marina Sena (Brasil), Ana Tijoux, Pascuala Ilabaca (Chile), Queen Ifrica (Jamaica), Omara Portuondo, Daymé Arocena (Cuba), Dominique Fils-Aimé (Quebeque), Aline Frazão, Dulce Pontes e Sara Correia (Portugal) são algumas das artistas que se encontram no cartaz do 22.º Festival Músicas do Mundo, adiado para este ano devido à pandemia da covid-19.
Seun Kuti & Egypt 80, Etuk Ubong (Nigéria), James BKS (Camarões), Re:Imaginar Monte Cara (Cabo Verde), Club Makumba, Fado Bicha, Paulo Bragança, Pedro Mafama (Portugal), Albert Pla, Angélica Salvi e Baiuca (Espanha) estão também entre os artistas confirmados este ano.
À semelhança de edições anteriores, a programação reparte-se entre a aldeia de Porto Covo, entre esta sexta-feira e domingo, e a cidade de Sines, de 25 a 30 de Julho.
O que em tempos era uma pequena iniciativa de três dias é agora um acontecimento que se prolonga por nove longos dias e se estende a duas localidades. Esta edição contará com mais de quatro dezenas de concertos.
O fim de semana inicial tem lugar em Porto Covo. Será num palco montado no centro da aldeia, no Largo Marquês de Pombal, que arrancaram os concertos já esta sexta-feira. Até domingo, 24, atuarão por lá nomes como a angolana Aline Frazão, a francesa Lucie Antunes, a cubana Daymé Arocena ou a grega Marina Satti. Outra nota importante: todos estes espetáculos têm entrada livre.
Denominador comum de todo o cartaz é a presença de pelo menos 20 artistas femininas e uma diversidade geográfica e de géneros musicais de relevo. Uma volta ao mundo em nove dias, à boleia de intérpretes vindos da Ásia, África, América Latina e de muitas outras origens.
Só a partir de segunda, 25, é que o festival viaja os poucos quilómetros que levam até Sines, mas mesmo por lá, os espetáculos espalham-se por diversos locais. Primeiro, irão aterrar no Centro de Artes. Seguem-se as atuações no palco de sempre, montado no castelo, a partir de quarta, 27. Desta vez, os concertos só serão acessíveis a quem possuir bilhete, à exceção dos que têm lugar durante a tarde, no castelo.
À noite a festa muda-se novamente, aí para junto da praia, onde haverá mais um palco montado na Avenida Vasco da Gama, que tem entrada livre. Por lá passarão nomes como Kutu, Etuk Ubong, Flat Earth Society Orchestra, Club Makumba ou Guis Guiss Bou Bess.
Além dos concertos, a programação do festival inclui uma série de iniciativas paralelas, como exposições, 'workshops', visitas guiadas, animação de rua, uma feira do livro e do disco e debates.
O programa completo do 22.º Festival Músicas do Mundo pode ser consultado no 'site' oficial do festival, em www.fmmsines.pt.

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